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172 AMAZÔNIA REVELADA<br />
vamente para o aumento das exportações, numa indicação<br />
de que o excepcional desempenho exportador<br />
do agronegócio em 2004 foi generalizado. Quanto à<br />
composição por grupos de produtos, verifica-se que<br />
os setores que mais contribuíram para o incremento<br />
das exportações foram: o complexo soja; carnes; açúcar<br />
e álcool; e madeiras e suas obras. Juntos, esses setores<br />
explicam 71% do incremento das exportações<br />
do agronegócio. (BRASIL, 2004)<br />
Dessa forma, a moderna agricultura brasileira<br />
continua fazendo o que sempre fez: produz matériasprimas<br />
e alimentos para exportação. Por isso, o agronegócio<br />
é a reprodução ampliada e atualizada do passado<br />
histórico do país. Agronegócio é, pois, sinônimo<br />
de produção para o mundo. Mas, assim como exportar<br />
em larga escala, o Brasil precisa importar trigo,<br />
borracha, arroz, feijão, milho, leite, soja em grãos, farelo<br />
e óleo de soja, algodão em pluma etc., todos matérias-primas<br />
com larga possibilidade de produção no<br />
próprio país. Mas o mercado é implacável, cada vez<br />
mais não se regula pelo nacional. Mundializado, ele<br />
destrói qualquer possibilidade de constituir bases nacionais<br />
e lança o país nas teias da rede de produção capitalista<br />
mundial.<br />
A distribuição territorial do agronegócio se dá<br />
praticamente em todo o país, mas, entre todas as regiões,<br />
destaca-se o Centro-Oeste a ser cortado pela BR-<br />
163, que cada vez mais se torna uma área de expansão<br />
do Sul e Sudeste. Em 2004, entre os cem principais<br />
produtos, a região exportou 79 do agronegócio: soja,<br />
carne bovina, algodão, carne de frango, milho, madeira,<br />
carne suína, açúcar, couros, sorgo, sementes forrageiras,<br />
café, milho verde, derivados do tomate, giras-<br />
sol, queijo, leite em pó etc. E importou carne bovina,<br />
batata-inglesa, alho, trigo, azeitona, ervilha, azeite de<br />
oliva, feijão, peixe etc.<br />
A Região Norte, que também será cortada no sudoeste<br />
paraense pela BR-163, teve em sua pauta de exportação<br />
madeira, pasta de celulose, soja, pimenta seca,<br />
carne bovina, camarão, castanha-do-pará, palmito, sucos<br />
de frutas, óleo de dendê, pescado, lagosta, couros,<br />
peixes ornamentais etc. Importou trigo, papel etc.<br />
O Sudeste exportou café, pasta de celulose, açúcar<br />
e álcool, carne bovina, suco concentrado de laranja,<br />
soja, carne de aves, couros e calçados etc. E importou<br />
trigo, borracha, papel-jornal, pasta de celulose, arroz<br />
etc. O Sul, que é o grande paraíso do agronegócio,<br />
entre os vinte primeiros produtos exportados, teve catorze<br />
oriundos do agronegócio: soja, carne de frango,<br />
fumo, couro e calçados, madeira, milho, carne suína,<br />
trigo, açúcar, café, carne bovina, pasta de celulose etc.<br />
Importou trigo, soja, pasta de celulose, couro e derivados,<br />
arroz, milho, borracha, cebola, azeitona, papel<br />
etc. O Nordeste também exportou. Da região saíram<br />
açúcar e álcool, soja, castanha de caju, pasta de celulose,<br />
camarão, couro natural e calçados, cacau, lagosta,<br />
melão, manga, uva, café, algodão, sisal, ceras vegetais,<br />
suco de laranja, banana, sucos de frutas, cravoda-índia<br />
etc. Enquanto isso importou trigo, cacau, algodão,<br />
óleo de soja, papel, bacalhau, arroz, álcool,<br />
óleo de dendê, carne bovina etc.<br />
Esse é, pois, o quadro territorial do agronegócio<br />
no país. O mercado mundial tem sido sua meta e seu<br />
limite. Assim, cria-se no Brasil uma nova burguesia<br />
internacionalizada que deseja o ingresso do país na<br />
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas. Quanto<br />
mais inserção internacional, maiores as possibilida-