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ITAITUBA – Itaituba também acolhe esse “peque-<br />

no” grileiro: sempre alguém instalado na região que,<br />

capitalizado no garimpo, comércio, ou até nos próprios<br />

assentamentos, passa a investir na compra de<br />

terras. Lotes nos entornos da área urbana são as áreas<br />

mais procuradas. A violência é método habitual para<br />

coagir os colonos a vender suas terras. Além do artifício<br />

da dissimulação para encobrir, frente à conivência<br />

de funcionários do Incra de Miritituba, o processo de<br />

concentração de terras. Nos assentamentos nos arredores<br />

da Flona Tapajós, por exemplo, pode-se notar<br />

grandes e autênticos simulacros: as famílias que se encontram<br />

instaladas nos lotes são, na realidade, prepostos<br />

desses grileiros.<br />

À semelhança de Castelo dos Sonhos, Novo<br />

Progresso, Trairão etc., políticos locais, intrinsecamente<br />

ligados à indústria madeireira, concentram<br />

imensas áreas que hoje se encontram em franco processo<br />

de crescimento, avançando sobre terras de pequenos<br />

colonos.<br />

Na divisa entre Itaituba e Trairão pode-se encontrar<br />

alguma atividade agrícola mecanizada realizada em<br />

platôs relativamente pequenos e desligados entre si. O<br />

cultivo do arroz é, de longe, predominante e os agricultores<br />

se dizem satisfeitos com os resultados. Alguns<br />

realizaram plantios experimentais de soja e o relato da<br />

experiência é extremamente contraditório. A colheita<br />

foi, em média, oito vezes menor que a expectativa baseada<br />

na produção mato-grossense. No mais bem-sucedido<br />

dos casos, cinco vezes menor. Ainda assim, esses<br />

agricultores dizem-se entusiasmados com o cultivo<br />

e garantem que já aumentaram a área plantada com<br />

soja, diminuindo a do arroz. Apuram-se em campo,<br />

porém, o aumento do plantio de arroz e a inexistência<br />

MAURÍCIO TORRES 303<br />

de plantações de soja que não se limitem a pequenos<br />

“canteiros” experimentais de 5 a 10 hectares.<br />

Existe entre tais agricultores a convicção absoluta<br />

de que, se houver da parte deles um comprometimento<br />

com o plantio de soja, haverá liberação de financiamentos<br />

pelo governo federal, e, principalmente,<br />

liberação da documentação da terra.<br />

Esses agricultores, sem exceção, acumularam riqueza<br />

na atividade madeireira. Não raro, foram colonos<br />

vindos do Paraná que se iniciaram com um lote<br />

de 100 hectares e a compra da terra de vizinhos, acumulando<br />

hoje áreas que chegam a 20.000 hectares, a<br />

maioria em torno de 4.000 hectares.<br />

Ainda nas cercanias de Itaituba há outro cenário<br />

de conflito. Grandes empresas de mineração disputam<br />

entre si e com o governo a propriedade de extensas<br />

áreas de jazidas minerais. Nesses casos, sempre se apresentam<br />

títulos de propriedade que se sobrepõem uns<br />

aos outros. Porém, em inúmeras dessas áreas existem<br />

comunidades bastante antigas e populosas, que vivem<br />

aterrorizadas com a iminência de um despejo. Algumas,<br />

mesmo instaladas dentro do Parque Nacional da<br />

Amazônia (Parna) – muitas, pelo próprio Incra –, permanecem<br />

inseguras sobre uma terra que é disputada<br />

entre a União e as mineradoras.<br />

No interior da área do Parque Nacional da<br />

Amazônia são muitas as pressões, geralmente de<br />

grandes grileiros.<br />

Segundo o procurador Nilo Marcelo, há grupos econômicos<br />

e políticos fortes dando apoio às quadrilhas<br />

especializadas na grilagem. [...] O procurador exemplifica<br />

que em Itaituba a recente luta de agricultores<br />

pela não demarcação do Parque Nacional da Amazô-

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