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de certa forma, precede o campo, ainda que a propaganda<br />

indique que o campo possa estar sendo vendido<br />

primeiro. São as cidades que se impõem nessa<br />

porção da Amazônia atravessada pela BR-163, em<br />

Mato Grosso primeiro, e agora no Pará. É a lógica<br />

dos monopólios privados, que se instauram e determinam<br />

a lógica do campo. Portanto, a história é outra<br />

e, como ela, a geografia desenhada na ordenação<br />

territorial produzida também é outra. Isso acontece<br />

porque a economia brasileira ingressou na era dos<br />

monopólios, internacionalizou-se, mundializou-se.<br />

E a economia brasileira mundializada requeria a elevação<br />

das taxas de produtividade da agricultura e o<br />

aumento do poder de competitividade. Como a<br />

fronteira não reunia condições para isso, a chamada<br />

modernização do campo começou pelo Sudeste e<br />

Sul. Nessas regiões é que ocorreram as transformações<br />

nas relações de produção e de trabalho. O trabalho<br />

assalariado (bóia-fria) expandiu-se pelo país<br />

todo, ao mesmo tempo em que aumentou a produtividade<br />

do trabalho familiar decorrente do avanço<br />

tecnológico.<br />

Contraditoriamente, no final dos anos 1950 e<br />

início dos 1960 o campo brasileiro começava a conhecer<br />

os movimentos populares de luta pelo acesso à terra<br />

das Ligas Camponesas, do Master (Movimento dos<br />

Agricultores Sem Terra) no Rio Grande do Sul, entre<br />

outros. Assim, do Nordeste ao Sul, os trabalhadores<br />

rurais faziam da luta seu instrumento pela conquista<br />

da terra que a história lhes tinha negado.<br />

Os governos militares pós-64 reprimiram os movimentos<br />

populares e deram todo o apoio aos investimentos<br />

privados, transformando capitalistas nacionais<br />

e internacionais em grandes latifundiários, por meio<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 73<br />

do programa de incentivos fiscais da Sudam para projetos<br />

agropecuários na Amazônia. É por isso que a<br />

Amazônia abriga os maiores latifúndios da história da<br />

humanidade.<br />

A DÉCADA DE 1970<br />

Assim, para dar apoio a esse processo, foram implantadas<br />

políticas territoriais como o Programa de Integração<br />

Nacional (com a construção das rodovias Transamazônica<br />

e Cuiabá-Santarém), o Proterra, o Polamazônia,<br />

o Polocentro, o Polonoroeste, entre outros.<br />

O território capitalista na Amazônia foi estabelecido<br />

sob a lógica dos monopólios, produzindo frações territoriais,<br />

regiões distintas na Amazônia brasileira. O<br />

norte mato-grossense é exemplo dessa diferença histórica.<br />

Cada parte daquela imensa região teve ou ainda<br />

tem “dono”: Sinop é de Ênio Pipino; Alta Floresta, de<br />

Ariosto da Riva; Matupá, dos Ometto; Juara, de Zé<br />

Paraná etc.<br />

O centro-norte de Mato Grosso formou-se<br />

como região caracterizada pela presença de grandes<br />

projetos agropecuários, por áreas de posseiros regularizadas<br />

ou não pelo Incra, por projetos privados de colonização<br />

e pelas terras indígenas. A região é área de<br />

influência da rodovia Cuiabá-Santarém. Nela se impuseram,<br />

de um lado, a lógica da articulação entre as<br />

empresas de colonização particulares e os colonos e,<br />

do outro, a expansão das empresas agropecuárias. Na<br />

transversal, a expansão da atividade madeireira. Mas<br />

vingou a lógica da colonização como determinante<br />

histórico. A expansão recente da cultura da soja trouxe<br />

novo componente para a parte sul da região, mas<br />

não alterou a lógica anterior.

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