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no Brasil. As especificações, diferenças e semelhanças<br />

das comunidades garimpeiras que se distribuem em<br />

mais de uma centena de aglomerados humanos e à<br />

volta das pistas de pouso fazem do Tapajós um exemplo<br />

sem paralelo. Não temos dúvidas de que é lá que<br />

devemos buscar as bases para um modelo mais adequado,<br />

tanto para avançar na produção como nas relações<br />

sociais das comunidades garimpeiras.<br />

(CONAGE, 1984, p. 101ss.)<br />

As atividades garimpeiras deixaram raízes da estruturação<br />

do espaço do sudoeste do Pará na década<br />

de 1980. A crise no mercado mundial do ouro no início<br />

dos anos 1990 levou a atividade ao declínio, mas<br />

não ao fim. Ao contrário, o garimpo ainda existia em<br />

muitas áreas. Das pistas de pouso dos aviões que abasteciam<br />

os garimpos, muitos povoados nasceram. Alguns<br />

chegaram a distrito e um a município.<br />

Mas a década de 1990 também assistiu a outro<br />

processo no sudoeste do Pará: a expansão da pecuária<br />

e da atividade madeireira. A significativa expansão da<br />

pecuária no oeste e sudoeste do Pará também é revelada<br />

pelos números: em 1970, o rebanho bovino era de<br />

253.010 cabeças nas microrregiões do Médio Amazonas<br />

Paraense (Santarém); de 50.719 cabeças do Baixo<br />

Amazonas; de 3.363 cabeças do Xingu (Altamira); e de<br />

5.837 cabeças na então denominada microrregião do<br />

Tapajós (Itaituba, 751, e Aveiro, 5.086).<br />

Em 1985 havia 395.038 cabeças na então denominada<br />

microrregião do Médio Amazonas Paraense;<br />

108.459 cabeças na microrregião do Baixo Amazonas;<br />

91.169 cabeças na microrregião do Xingu e 46.666 na<br />

então denominada microrregião do Tapajós (Itaituba,<br />

33.524, e Aveiro, 13.142).<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 145<br />

Em 2003, essas microrregiões já estavam com<br />

923.406 cabeças no Baixo e Médio Amazonas;<br />

1.961.026 cabeças na mesorregião Sudoeste: a microrregião<br />

de Altamira com 1.422.148 cabeças e a de Itaituba<br />

com 538.878 (Itaituba, 168.641, Jacareacanga,<br />

30.187, Aveiro, 19.957, Rurópolis, 59.599, Trairão,<br />

28.753, e Novo Progresso, 231.741).<br />

Esse crescimento está diretamente relacionado à<br />

grilagem das terras públicas no processo da crise no<br />

garimpo. Ou seja, as terras foram cercadas por grileiros<br />

vindos, na maioria, do norte de Mato Grosso. Assim,<br />

os colonizadores que tiveram acesso à terra via<br />

projetos de colonização contraditoriamente gestaram<br />

uma geração de grileiros para ocupar o Pará e o Amazonas.<br />

Muitos controlaram garimpos ou o comércio<br />

de ouro, quase sempre clandestino. Eles se põem na<br />

região como os novos civilizadores do sertão.<br />

Na onda da grilagem vieram aventureiros, fazendeiros,<br />

madeireiros, comerciantes, camponeses sem<br />

terra etc., formando uma sociedade atravessada pelas<br />

contradições do mundo moderno. Sua articulação<br />

com o garimpo decadente e com a extração da madeira<br />

em expansão formou o tripé que constitui a base<br />

social da região.<br />

Embora o Pará concentre o maior número de<br />

pólos madeireiros (24), com a presença de mais de<br />

1.200 empresas que em 1998 exploraram 11.280.000 de<br />

m3 de madeira, poucos se destacam no sudoeste – apenas<br />

os pólos de Santarém, Itaituba, Novo Progresso e<br />

Altamira.<br />

O contrário ocorre em Mato Grosso, pois quinze<br />

dos 23 pólos madeireiros que concentram mais de<br />

setecentas empresas – que em 1998 exploraram<br />

3<br />

10.070.000 m de madeira – estão no norte do Esta-

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