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desencadeada em todo o Brasil com o objetivo de<br />

desbaratar um esquema de remessa ilegal de divisas e<br />

sonegação fiscal, o chamado “escândalo Banestado”,<br />

responsável pela evasão de pelo menos 30 bilhões de<br />

dólares, entre 1997 e 2002. A operação mobilizou oitocentos<br />

policiais, auditores fiscais e outros servidores<br />

públicos em oito Estados.<br />

Nenhuma das quatro pessoas visadas no Paraná,<br />

centro das operações, foi presa; dos 54 mandados de<br />

prisão expedidos para São Paulo, apenas 22 foram<br />

cumpridos; no Rio de Janeiro, foram presas nove das<br />

28 pessoas procuradas. No total, foram presas 63 pessoas.<br />

E ficou claro que grupos paraenses faziam parte<br />

de uma mesma rede criminosa, integrada por alguns<br />

dos mais importantes empresários brasileiros.<br />

A novidade foi a prisão do empresário Fernando Yamada,<br />

vice-presidente do grupo Y. Yamada, o maior<br />

do mercado varejista da Amazônia e o principal empregador<br />

privado do Pará. Não só Fernando foi preso,<br />

como seu apartamento foi revirado pelos policiais<br />

federais, que levaram dinheiro, jóias e papéis.<br />

Não chegaria a ser original descobrir que um empresário<br />

acumula muitos dólares e os envia clandestinamente<br />

para o exterior. Milhares fazem isso. Mas agora as autoridades<br />

não só estão comprovando o delito, que antes<br />

era motivo apenas de conversas, chegando aos que<br />

o praticam e dimensionando o tamanho da rapinagem<br />

praticada contra o país, como estão puxando fios até<br />

então invisíveis desse imenso novelo de ilicitudes.<br />

[...] Utilizando suas empresas regulares do segmento,<br />

que se orgulham de manter 800.000 cartões de crédito<br />

no cadastro, Fernando Yamada teria ingressado no<br />

circuito financeiro clandestino para escoar dinheiro<br />

JOSÉ ARBEX JR. 45<br />

de origem incerta dos seus clientes? Só dos clientes?<br />

Não haveria dinheiro do próprio empresário? Ele teria<br />

recebido em suas contas, monitoradas pela polícia,<br />

R$ 250 milhões entre 1999 e 2002 e transferido, no<br />

mesmo período, R$ 130 milhões.<br />

Se a inclusão do nome de Fernando Yamada nos mandados<br />

de prisão expedidos pelo juiz federal de Curitiba<br />

foi uma surpresa, não menos surpreendente foi a<br />

exclusão do empresário Marcos Marcelino, apontado<br />

nos inquéritos da PF como o maior aplicador do Pará<br />

em Foz do Iguaçu. Empresas de Marcos Marcelino foram<br />

vasculhadas no dia 17, mas seu dono, que estava<br />

viajando e ainda se mantém em local ignorado, não<br />

foi incomodado. Ao menos por enquanto. 16<br />

Haverá outras ramificações, ainda não reveladas<br />

ou descobertas, envolvendo esses poderosos grupos de<br />

Belém? Impossível afirmar, mas razoável supor. Aliás,<br />

a operação de “abafamento” das notícias referentes ao<br />

caso, denunciada acima pelo jornalista Lúcio Flávio<br />

Pinto, sugere a existência de outras pessoas e/ou grupos<br />

envolvidos e não interessados no aprofundamento<br />

das investigações. Casualmente, a eclosão de outro<br />

escândalo evidenciou a existência, em pelo menos um<br />

caso concreto, de vínculos entre os doleiros do “esquema<br />

Banestado” e a exploração ilegal de pedras preciosas<br />

em Minas Gerais e na Amazônia, como mostra a<br />

seguinte reportagem da revista IstoÉ:<br />

Na salada que mistura lavagem de dinheiro via Banestado,<br />

o banco americano MTB e investigação policial<br />

daqui e dos EUA, o ingrediente mais nobre é a venda<br />

de um diamante rosa de 80 quilates, no valor de US$12<br />

milhões em estado bruto, para um comerciante de

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