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a partir de assentamentos realizados pelo Incra e pos-<br />

suem uma estrutura fundiária baseada na pequena<br />

propriedade); e 3) os municípios como Novo Progresso<br />

e os distritos como Moraes Almeida e Castelo dos<br />

Sonhos, nascidos do garimpo.<br />

Sobre essa nova ordenação territorial deve-se levar<br />

em conta que os municípios ribeirinhos seguiram<br />

a lógica histórica e nasceram sob a presença do Estado,<br />

enquanto os segundos foram produto da colonização<br />

pública. Mas o terceiro tipo nasceu da conjunção<br />

ilegal de grileiros de terra, madeira e minérios, que se<br />

travestiram da ordem legal ao criar municípios e distritos.<br />

Cidades como Novo Progresso nasceram e se<br />

constituíram como parte do Estado, na ilegalidade<br />

praticada contra o patrimônio público. E, agora, os<br />

que cometeram as ilegalidades contra as terras públicas<br />

se colocam como defensores da ordem pública.<br />

Inversão total. O Estado que ali se constituiu<br />

nasceu da ilegalidade das ações. Os defensores desse<br />

Estado foram os que o grilaram. A ordem é a desordem<br />

e a desordem é a ordem. Enquanto isso, o governo<br />

do Pará parece ignorar tudo, inclusive divulgando<br />

no seu site oficial uma história aparentemente ingênua<br />

de Novo Progresso:<br />

Origem Histórica – Foi de suma importância para o<br />

surgimento do Novo Progresso a construção da rodovia<br />

Cuiabá-Santarém, que em 1973 rasgou a floresta<br />

amazônica. Em 1983, já se percebia um pequeno povoado,<br />

com uma igreja e um campo de futebol. O<br />

ano de 1984 representou a mudança total na economia<br />

do lugar, com a descoberta de um rico filão de<br />

ouro, atraindo milhares de pessoas à localidade. Nessa<br />

época, o povoado chamava-se Progresso. Surfurino<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 147<br />

Ribeiro promoveu venda de lotes, sendo que o primeiro<br />

foi vendido para Antônio Reginaldo Araújo,<br />

que ergueu um bar e restaurante, atendendo ônibus e<br />

viajantes, com alimentos e camas para dormir. Dentre<br />

os pioneiros se destacam Otávio Onetta, comerciante<br />

e vereador da primeira legislatura; as professoras<br />

Nilda Araújo Prazeres e Doralina Ruato. Também<br />

marcaram época Inácio de Lima e Valmor Dagostim.<br />

A comissão Pró-emancipação foi criada em 1985, sendo<br />

presidente o sr. Laurindo Blatt. O povoado foi elevado<br />

à categoria de Município, pela lei estadual nº<br />

5.700, de 13 de dezembro de 1991, com território desmembrado<br />

de Itaituba e instalado em 1º de janeiro de<br />

1993, com denominação de Novo Progresso, que enseja<br />

vida nova e desenvolvimento econômico e cultural.<br />

(www.pa.gov.br/turismo)<br />

Em primeiro lugar, de fato o povoado nasceu da<br />

construção de uma pista de pouso para os aviões que<br />

abasteciam os garimpos; segundo, a venda das terras<br />

foi absolutamente ilegal, pois todas pertencem ao patrimônio<br />

público; e, terceiro, o crescimento econômico<br />

é conseqüência, principalmente, da exploração<br />

clandestina de madeira de terras públicas controladas<br />

pelo Incra, Funai e Ibama.<br />

O mesmo acontece nos distritos de Moraes Almeida<br />

e Castelo dos Sonhos, apenas mudam os nomes<br />

envolvidos. Por isso é necessário saber qual o interesse<br />

do Poder Legislativo do Estado do Pará em criar um<br />

município baseado na ilegalidade. Deputados e os políticos<br />

em geral certamente não desconheciam o quadro.<br />

Porém, tudo indica que a ação política da criação<br />

do município e dos distritos funciona como instrumento<br />

de pressão sobre o fato consumado – e, assim,

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