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458 AMAZÔNIA REVELADA<br />

cas – Têm importância e valor histórico, mas<br />

também comercial imediato ou futuro, valor<br />

este de alto significado, seja pelo simples estoque<br />

físico das plantas, seja pelo ecossistema ambiental<br />

único ali existente e nem sempre reproduzível,<br />

ou, ainda, pelo capital social representado<br />

pelo conhecimento desenvolvido e acumulado<br />

pelos habitantes locais a respeito dessas plantas.<br />

Destaque-se que existe acirrada discussão relativa<br />

à propriedade e ao valor desses conhecimentos e<br />

em especial à perda desse valor pelas pessoas que<br />

os dominam.<br />

O impacto da pavimentação da rodovia BR-163<br />

sobre esses elementos (componentes do patrimônio<br />

cultural e histórico) não pode ser considerado pequeno,<br />

e muito menos irrelevante.<br />

CONCLUSÃO: O CANTO DA ESTRADA<br />

Guarde sempre na lembrança que esta estrada não é sua<br />

Sua vista pouco alcança, mas a terra continua<br />

Segue em frente, violeiro, que eu lhe dou a garantia<br />

De que alguém passou primeiro na procura da alegria<br />

Pois quem anda noite e dia sempre encontra um companheiro<br />

(Sidney Miller, “A estrada e o violeiro”)<br />

Hoje perdem todos. Perdem os que desejam uma floresta<br />

intocável e intocada, pela voracidade do desmatamento.<br />

Perdem os que desejam explorá-la à exaustão,<br />

pelo desperdício desse próprio desmatamento.<br />

Perdem os que desejam um desenvolvimento equilibrado<br />

com o meio-ambiente, pelo desequilíbrio do<br />

processo. E, sobretudo, perdem os povos da região, se-<br />

jam indígenas, caboclos, gaúchos, maranhenses, migrantes,<br />

colonos, de pouco ou de muito tempo. Perdem<br />

os brasileiros que por ali moram, e perdem os<br />

brasileiros que nem mesmo ali moram.<br />

Entre a estrada e seus passantes há um diálogo<br />

que nunca parou de existir. O diálogo dos que aprendem<br />

com a carência, dos que sofrem com a falta e não<br />

perdem a esperança. Um diálogo nunca escutado pelos<br />

surdos monólogos que há anos, há séculos, cantam<br />

soluções definitivas e salvadoras.<br />

Se esse rumo assim foi feito, sem aprumo e sem destino<br />

Saio fora desse leito, desafio e desafino<br />

Mudo a sorte do meu canto, mudo o norte dessa estrada<br />

Em meu povo não há santo, não há força, não há forte<br />

Não há morte, não há nada que me faça sofrer tanto.<br />

Vai, violeiro, me leva pra outro lugar<br />

Eu também quero um dia poder levar<br />

Toda gente que virá<br />

Caminhando, procurando<br />

Na certeza de encontrar.<br />

(Sidney Miller, “A estrada e o violeiro”)<br />

Asfaltar ou não asfaltar, não é mais a questão.<br />

Talvez nunca tenha sido! Hoje é o ponto de mutação.<br />

A oportunidade de um novo diálogo, um diálogo inclusivo<br />

que reconheça, sobretudo, o povo inteiro que<br />

vai na frente.

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