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ponsabiliza por organizar e controlar o trabalho dos<br />

peões e fazer os pagamentos. Alimento e instrumentos<br />

de trabalho são vendidos aos trabalhadores nas cantinas<br />

que ficam nas próprias fazendas. A empreita é feita<br />

por alqueire de área desmatada ou de área de pasto<br />

limpo, no caso da juquira. Os peões trabalham em<br />

grupos de aproximadamente cinco a oito pessoas (um<br />

“time”), coordenados por um trabalhador (“chefe de<br />

time”), e são encarregados de realizar o trabalho em<br />

um número determinado de alqueires.<br />

Terminada a empreita, esses trabalhadores são<br />

descartados, uma vez que o manejo do gado nas fazendas<br />

de pecuária requer um número bastante reduzido<br />

de funcionários permanentes.<br />

QUEM SÃO OS TRABALHADORES ESCRAVIZADOS<br />

Na busca por uma vida melhor, muitos encontram no<br />

serviço temporário das fazendas a única possibilidade<br />

para a obtenção de renda. Quase sempre analfabetos,<br />

trazem apenas o histórico de trabalho na lavoura. A<br />

não ser a força do próprio corpo, esses trabalhadores<br />

não contam com qualquer outra qualificação. A falta<br />

de empregos regulares, tanto no campo como na cidade,<br />

tanto na região de destino como em seus locais de<br />

origem (no caso dos trabalhadores que vêm de outros<br />

Estados), vulnerabiliza esses homens, obrigando-os a<br />

aceitar condições extremamente precárias de trabalho.<br />

Essa vulnerabilidade é uma das principais condições a<br />

propiciar a prática do trabalho escravo.<br />

De acordo com informações colhidas nas operações<br />

de fiscalização de 1999 a 2002, mais de 95% da<br />

mão-de-obra das fazendas é composta por peões. Geralmente<br />

jovens, com idade variando entre 18 e 40<br />

JAN ROCHA 251<br />

anos, os peões combinam resistência e força física exigidas<br />

para as árduas atividades de desmatamento, preparo<br />

e manutenção de pastagens. Menos de 4% do<br />

quadro é composto por mulheres, que geralmente trabalham<br />

como cozinheiras e são esposas de trabalhadores<br />

ou do empreiteiro. É comum a essas mulheres se fazerem<br />

acompanhar de filhos menores, que as auxiliam<br />

nas tarefas de preparação e distribuição das refeições.<br />

A proporção de menores nos trabalhos temporários é<br />

mínima, não chegando a 1% 8 .<br />

A migração é um componente nuclear da vida<br />

desses trabalhadores temporários, ainda que se faça<br />

presente de diferentes formas. Embora 34,7% dos trabalhadores<br />

resgatados residam atualmente no Pará,<br />

apenas 8,5% nasceram no Estado.<br />

Distribuição dos trabalhadores resgatados<br />

por local de procedência (1997-2002)<br />

PROCEDÊNCIA Nº %<br />

Município da fazenda 51 6,7<br />

Pará Municípios vizinhos da fazenda 78 10,2<br />

Outros municípios do Pará 136 17,8<br />

TOTAL (Pará) 265 34,7<br />

Maranhão 168 22,0<br />

Outros Estados Tocantins 101 13,2<br />

Piauí 104 13,6<br />

Outros* 22 2,9<br />

TOTAL (outros Estados) 395 51,8<br />

Em trânsito (trecho) 103 13,5<br />

TOTAL 763 100,0<br />

*Outros: Goiás, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco e Rondônia.<br />

Fonte: Relatórios dos grupos móveis – Gertraf.<br />

Tomando a procedência dos resgatados como<br />

parâmetro de comparação, seria possível caracterizar<br />

os trabalhadores em três grupos distintos:

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