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44 AMAZÔNIA REVELADA<br />

balho; 6. uso da violência; 7. simbiose com o Esta-<br />

do; 8. mercadorias ilícitas; 9. planejamento empre-<br />

sarial; 10. uso da intimidação; 11. venda de serviços<br />

ilícitos; 12. relações clientelistas; 13. presença da lei<br />

do silêncio; 14. monopólio da violência; 15. contro-<br />

le territorial.<br />

Chama-me a atenção de que em todas as características<br />

apontadas, a não ser as enumeradas pela Academia<br />

Nacional de Polícia Federal do Brasil, a relação<br />

entre Estado e crime organizado está presente.<br />

Portanto, uma das características do crime organizado<br />

é buscar apoio para a sua atuação no âmbito institucional<br />

– instituições do Estado. Um outro ponto<br />

importante é que as ações do crime organizado<br />

têm como engrenagem o sistema capitalista. Por<br />

meio dos benefícios do capitalismo, como, por<br />

exemplo, a interação dos mercados financeiros, é<br />

possível tornar as atividades das organizações criminosas<br />

bastante lucrativas. A interação dos mercados<br />

financeiros proporciona, é importante ressaltar, a lavagem<br />

de dinheiro. 14<br />

O Brasil não está aparelhado juridicamente para<br />

enfrentar o crime organizado, segundo opinião de juristas<br />

e estudiosos das leis brasileiras. Não há na legislação<br />

do país uma tipificação adequada do que seja o<br />

crime organizado, e isso faz com que o Estado não esteja<br />

suficientemente aparelhado para combatê-lo.<br />

Acrescente-se o fato de que muitas vezes é difícil saber<br />

se determinado bando atua apenas localmente, sem<br />

vínculos com uma estrutura maior, ou se está direta<br />

ou indiretamente vinculado a máfias internacionais e<br />

ao aparelho de Estado. Por outro lado, a prática de<br />

“pequenos crimes”, que aparentemente só têm cone-<br />

xão com grupos locais, pode indicar a presença de<br />

uma estrutura organizada muito maior.<br />

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Giovanni<br />

Quaglia, responsável pelo Escritório da ONU<br />

contra Drogas e Crime (Unodc) no Brasil e Cone Sul,<br />

afirma que, não raro, os diversos grupos do crime organizado,<br />

ou mesmo os distintos “braços” de uma<br />

mesma organização, fazem as suas transações sem recorrer<br />

ao dinheiro:<br />

O grupo que trata de drogas freqüentemente está<br />

vinculado a tráfico de armas, sobretudo porque é<br />

um negócio que não envolve dinheiro, só mercadorias.<br />

Eu te dou 20 kg de cocaína em troca de uma<br />

metralhadora. Isso acontece na fronteira entre Argentina,<br />

Bolívia, Brasil e Paraguai, sobretudo com o<br />

produto do roubo de carga, carros e caminhões.<br />

Muitas vezes não tem dinheiro no meio. Por isso, o<br />

crime organizado funciona mais como holding do<br />

que como negócio setorializado. No caso da prostituição,<br />

freqüentemente as pessoas são usadas para<br />

distribuir droga a seus clientes. É assim no mundo<br />

inteiro. Quem de alguma forma revolucionou tudo<br />

isso foi a máfia russa, que começou a traficar de<br />

tudo sistematicamente. 15<br />

Por outro lado, as características tecnológicas do<br />

crime organizado contemporâneo abolem a idéia de<br />

“região geograficamente distante”, pois ele se integrou<br />

a todas as atividades do circuito financeiro internacional.<br />

Assim, no dia 17 de agosto de 2004, o<br />

Estado do Pará foi abalado pela notícia de que a Polícia<br />

Federal prendera oito importantes empresários<br />

de Belém, no âmbito da Operação Farol da Colina,

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