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A esse processo estrutural da agricultura capita-<br />

lista juntaram-se as políticas territoriais do Estado.<br />

Os vários programas de apoio ao desenvolvimento<br />

agrícola foram implantados pelo governo federal por<br />

meio da Sudeco e da Sudam (Mato Grosso faz parte<br />

das duas), com recursos altamente subsidiados à disposição<br />

dos produtores. Programas ou projetos governamentais<br />

como Polocentro, Proterra, Pronazem,<br />

Procal, Probor, Prodecer, Polonoroeste e Prodeagro,<br />

de uma forma ou de outra, garantiram aos colonos<br />

interessados em ocupar Mato Grosso recursos e dispositivos<br />

técnicos inexistentes em outras regiões.<br />

Um exemplo: durante a vigência desses programas,<br />

de fins da década de 1960 até fins dos anos 1970, os<br />

juros bancários mantiveram-se na casa dos 25% ao<br />

ano, em circunstâncias normais. Pelos programas<br />

aplicados em Mato Grosso, os juros não ultrapassavam<br />

os 10%, além da oferta de todo um conjunto de<br />

facilidades estimulantes.<br />

Os programas eram desenvolvidos com recursos<br />

obtidos pelo governo federal junto ao Banco Interamericano<br />

de Desenvolvimento – BID – ou ao Banco<br />

Mundial. Na década de 1970, o Estado de Mato Grosso<br />

foi o que mais cresceu em termos de população: o<br />

Censo de 1980 registrou um acréscimo populacional<br />

de 90% na área que sobrou para Mato Grosso depois<br />

da divisão do Estado em 1977. Ela foi rapidamente<br />

ocupada pelos sulistas e pelos estrangeiros, em função<br />

das riquezas minerais e principalmente das incríveis<br />

facilidades na obtenção de terra e crédito para a produção.<br />

Evidentemente, isso gerou um contexto de<br />

“terra de ninguém”, também proporcionando o surgimento<br />

de problemas fundiários, muitos deles ainda<br />

insolúveis, e que criaram violentos conflitos. Isso tudo<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 99<br />

contribuiu para disseminar e reforçar a imagem de violência<br />

na Amazônia brasileira. Os povos indígenas<br />

foram as maiores vítimas desse processo.<br />

Em termos gerais, a colonização de Mato Grosso<br />

pode ser dividida pelas regiões que foram se configurando<br />

naquela fração do território capitalista. No<br />

sul, mais perto dos centros desenvolvidos do país, surgiram<br />

as colonizações gaúchas, na região de Rondonópolis.<br />

No leste, de novo os gaúchos, trazidos por cooperativas<br />

e grupos colonizadores. Com eles, mais de<br />

dez cidades foram assentadas sobre os cerrados. No<br />

nordeste foi onde a colonização assumiu seus contornos<br />

mais violentos, pois é a área onde grandes grupos<br />

econômicos nacionais e estrangeiros instalaram seus<br />

projetos agropecuários, expulsando, em muitos casos,<br />

índios e posseiros.<br />

No centro ficaram as colonizações mais antigas,<br />

quase todas seculares e com origem nas riquezas minerais.<br />

No oeste, também uma região ocupada por<br />

grandes grupos agropecuários, a colonização ocorreu e<br />

ainda ocorre em função de estradas como a que liga<br />

Cuiabá a Porto Velho. É uma das áreas menos povoadas,<br />

situação que começou a se inverter rapidamente<br />

com o asfaltamento da BR-364 (MT-RO), com recursos<br />

do Polonoroeste financiados pelo BID e, atualmente,<br />

com a expansão da soja.<br />

Finalmente, nos extremos norte e noroeste, já<br />

se vêem as matas fechadas da floresta amazônica sendo<br />

ocupadas rapidamente pelos colonos do sul brasileiro,<br />

em uma corrida em busca da expansão da fronteira<br />

agrícola nacional que guarda em si fascinantes<br />

histórias de pioneirismo, com traumas, vitórias e violência.<br />

É, por excelência, a região onde hoje a ocupação<br />

se faz.

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