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da Amazônia, a Floresta Nacional do Tapajós, a Reserva<br />

Extrativista Tapajós-Arapiuns (onde a vegetação<br />

nativa às margens do rio foi quase totalmente suprimida)<br />

e as florestas nacionais de Itaituba I e II. Exceção<br />

feita a uma pequena faixa do recente Parque<br />

Nacional da Serra do Pardo, nenhuma unidade de<br />

conservação está estabelecida às margens do rio Xingu.<br />

Pelo contrário, fortes pressões são exercidas para<br />

a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte,<br />

que poderá implicar perdas ambientais e sociais de<br />

grande porte na região.<br />

Os ecossistemas aquáticos são ainda mais negligenciados.<br />

As políticas de proteção das espécies em<br />

geral limitam-se às portarias de “defeso”, que consistem<br />

na proibição da pesca de determinadas espécies<br />

em sua época reprodutiva. De fato, os padrões de migração<br />

dos peixes amazônicos, considerados os principais<br />

habitantes dos rios, inviabilizam a criação de unidades<br />

de conservação aquáticas em trechos de grandes<br />

rios. Contudo, vale lembrar que a pesca predatória é<br />

prática comum na região, que também sofre com a<br />

poluição causada pelos inúmeros garimpos de ouro espalhados<br />

pelos afluentes dos rios da área, notadamente<br />

o Tapajós.<br />

2) As nascentes<br />

A política de gestão de águas e a preservação de<br />

nascentes dos rios da área de influência já foram discutidas<br />

por Arnaldo CARNEIRO Filho (neste volume) e<br />

não será tema repetido neste trabalho. Cumpriria apenas<br />

acrescentar que a área da serra do Cachimbo, onde<br />

se localizam as nascentes de vários dos rios da área de<br />

influência, não conta com proteção sob unidades de<br />

conservação.<br />

MAURÍCIO TORRES E WILSEA FIGUEIREDO 341<br />

O ALIENÍGENA NATIVO E A UNIDADE DE CONSER-<br />

VAÇÃO<br />

Unidades de conservação arriscam-se, de muito perto,<br />

ao fracasso caso se ativerem apenas a critérios técnicos<br />

de localização, dimensões, formatos etc. e ignorarem a<br />

essência profundamente politizada da proteção à natureza.<br />

Decisões e medidas sobre preservação ambiental<br />

e uso do espaço fazem parte de processos sociais e<br />

políticos e devem ser avaliadas e discutidas nesse contexto.<br />

Isso, infelizmente, pouco acontece.<br />

No mais das vezes, cientistas sociais furtam-se a<br />

participar das discussões e decisões em conservação.<br />

E, mesmo quando isso ocorre, “os pressupostos teóricos<br />

e científicos utilizados [em eventos para tomadas<br />

de decisão em políticas ambientais] são, na grande<br />

maioria, provenientes da biologia da conservação. A<br />

participação dos cientistas sociais consiste, em grande<br />

parte, em assinalar os impactos, sempre considerados<br />

negativos, da presença humana nos ecossistemas e<br />

suas formas de minimizá-los” (DIEGUES, 2000, p. 13s).<br />

Menos ainda participam os principais interessados<br />

e envolvidos no tema: as populações residentes e expropriadas<br />

das unidades de conservação. Com isso se<br />

mantém intocado e fora de pauta um dos cernes da ideologia<br />

protecionista: o argumento de que a proteção à<br />

natureza é um imperativo moral em relação a outros interesses<br />

humanos. De outro modo, as populações residentes<br />

em áreas transformadas em reservas ambientais<br />

muitas vezes não têm possibilidade de sobreviver segundo<br />

seu modo de vida, como também não têm para<br />

onde ir. Cabe, nessa situação, a discussão se esse imperativo<br />

é, então, comum a todos ou se é entendido dessa<br />

forma apenas por um grupo restrito da sociedade.

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