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34 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Amazônia, dentro da sua política de integração e articulação<br />

das regiões, fundamentou-se, a partir da ótica<br />

das “vocações regionais”, no estabelecimento de<br />

uma vocação extrativista para a Amazônia. A partir<br />

disso, as metas para o desenvolvimento da região foram<br />

elencadas: navegação e transportes, colônias agrícolas<br />

e “batalha da borracha”. 10<br />

As maiores realizações de Vargas no setor industrial<br />

– a criação da Companhia Siderúrgica Nacional<br />

(1941), da Vale do Rio Doce (1942) e da Petrobrás<br />

(1953) – simbolizavam, a um só tempo, o desenvolvimento<br />

econômico doméstico e a afirmação da soberania<br />

nacional, tendo como pressuposto uma política<br />

agressiva de exploração dos recursos naturais<br />

da Amazônia. O objetivo era tirar o Brasil do estágio<br />

incipiente de sua indústria, que obrigava o país a<br />

“exportar minério de ferro para importar trilhos para<br />

as ferrovias”. Essa estratégia também determinou a<br />

criação das colônias nacionais em Dourados (MS),<br />

Ceres (GO) e a do Parque do Xingu, depois da expedição<br />

Roncador-Xingu, organizada pelos irmãos Vilas-Boas.<br />

Mas o primeiro governo Vargas, cujo fim<br />

coincidiu com o da Segunda Guerra Mundial, embora<br />

deixasse como legado um Estado moderno centralizado<br />

e o início de um parque industrial poderoso,<br />

não conseguiu transformar fundamentalmente a<br />

paisagem amazônica. O Estado pós-Vargas manteve<br />

no horizonte a perspectiva de explorar e povoar a região,<br />

como demonstra a criação, pela Constituição<br />

de 1946, de um mecanismo destinado a garantir o investimento<br />

de 3% da receita tributária federal, durante<br />

vinte anos, em programas de desenvolvimento<br />

regional na Amazônia Legal.<br />

O governo do presidente Juscelino Kubitschek<br />

(1956-1960) construiu Brasília e as rodovias Belém-<br />

Brasília e Cuiabá-Porto Velho, que se constituiriam<br />

nos dois principais eixos de ocupação da Região Norte<br />

nas décadas seguintes. A história da construção de<br />

Brasília, aliás, é repleta de motivações que dialogam intensamente<br />

com idéia de “desbravamento” da Amazônia<br />

e da Ilha Brasil. JK gostava de se imaginar como um<br />

moderno bandeirante, encarregado de levar a civilização<br />

para as áreas mais incultas e longínquas do país.<br />

Um de seus autores de cabeceira foi o professor gaúcho<br />

Viana Moog, cujo livro Bandeirantes e pioneiros enaltece<br />

o esforço “civilizatório” dos bandeirantes paulistas.<br />

Para Moog, o “espírito bandeirante” poderia<br />

“curar” o povo brasileiro de seus males tradicionais,<br />

entre eles o “desamor ao trabalho” e o cultivo de um<br />

“espírito lúdico” acima de todas as preocupações. O<br />

Estado, portanto, poderia e deveria reinventar a nação.<br />

Foi, precisamente, o que JK ambicionou fazer no<br />

plano ideológico. A forma pela qual ele próprio descreve<br />

a missa inaugural de Brasília lembra muito as<br />

crônicas sobre a primeira missa celebrada pela expedição<br />

de Pedro Álvares Cabral, em 1500. JK dizia que, na<br />

missa inaugural, “carajás vestidos de penas” se misturavam<br />

às “elegantes da sociedade carioca, exibindo as<br />

últimas criações dos costureiros de Paris”.<br />

Com a construção de Brasília, JK dava impulso<br />

à “Marcha rumo ao oeste” enunciada por Getúlio<br />

Vargas nos anos 40. Vargas queria estimular o fluxo<br />

migratório do campo para os centros urbanos em formação,<br />

arregimentando mão-de-obra para a indústria.<br />

JK queria levar a indústria para o campo. Brasília<br />

atrairia para o Centro-Oeste um conjunto de investimentos<br />

em infra-estrutura (rodovias, ferrovias, cons-

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