08.06.2013 Views

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

vernos militares pós-64, começou pela transforma-<br />

ção da SPVEA – Superintendência do Plano de Valo-<br />

rização Econômica da Amazônia – em Sudam, e isso<br />

originou uma nova lógica de valorização da região.<br />

Toda a consolidação da ideologia da segurança nacional<br />

criada na Escola Superior de Guerra estava assentada<br />

nos acordos militares assinados entre o Brasil<br />

e os Estados Unidos durante e após a Segunda<br />

Guerra Mundial. Dessa forma, sobretudo nos vinte<br />

anos de governos militares, a economia brasileira foi<br />

alimentada por e para essa ideologia, com destaque<br />

para a geopolítica da integração nacional, em que o<br />

desenvolvimento das três grandes regiões geoeconômicas<br />

brasileiras – Centro-Sul, Nordeste e Amazônia<br />

– previa diversas estratégias. O Centro-Sul deveria<br />

solidificar os processos de industrialização e agricultura<br />

modernizada, além de participar do esforço nacional<br />

de “desenvolvimento do Nordeste”, via industrialização,<br />

e da ocupação, via “Operação Amazônia”,<br />

da região amazônica.<br />

Os militares entendiam que o desenvolvimento<br />

regional só seria possível pela reestruturação dos órgãos<br />

de planejamento regional, o que aconteceu com<br />

a Sudene e com a Sudam, sucessora da SPVEA. As justificativas<br />

partiram de uma concepção da Amazônia<br />

como um “vazio” a ser “rapidamente” ocupado. E assim<br />

se justificou a lei 5.173, de 27/10/66:<br />

Os problemas com que se defronta o Nordeste emanam<br />

de fatores próprios, tais como as pressões sociais<br />

geradas em uma região de solo e clima adversos, onde<br />

se agita uma população de cerca de 25 milhões de habitantes.<br />

Já na Amazônia, os traços dominantes do<br />

seu meio físico estão contidos na exuberante cobertu-<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 69<br />

ra florestal e no emaranhado de grandes rios que a<br />

cortam; excluído o Estado do Maranhão, a região é,<br />

quanto às dimensões geográficas, quase quatro vezes<br />

maior que o Nordeste, e seus escassos 3 milhões de<br />

habitantes não alcançam sequer a densidade demográfica<br />

de um por km2 .<br />

Além dessas características regionais, a Amazônia<br />

apresenta os seguintes aspectos que a tornam inconfundível<br />

no quadro geral do país:<br />

- um imenso vazio demográfico que se oferece à atenção<br />

mundial como possível área de reserva, à medida<br />

que aumentam as justas preocupações com o fenômeno<br />

da explosão populacional;<br />

- uma extensa área de fronteira, virtualmente desabitada,<br />

confinando com cinco países estrangeiros e dois<br />

territórios coloniais;<br />

- o extrativismo vegetal, como forma ainda predominante<br />

de atividades econômicas.<br />

Como se vê, as justificativas baseavam-se no<br />

princípio de que a solução para os problemas sociais<br />

do Nordeste estava na migração para a Amazônia. A<br />

estratégia do desenvolvimento passava a ser concebida<br />

como necessariamente concentrada, polarizada, sendo<br />

que a tarefa geopolítica da ocupação das fronteiras do<br />

país ficaria por conta das populações regionais. À iniciativa<br />

privada coube um papel singular: deveria atuar<br />

em todos os setores rentáveis das atividades econômicas,<br />

ficando para o Estado as atividades deficitárias,<br />

porém necessárias à política de desenvolvimento.<br />

Definida a estratégia, a ação começou pela<br />

Operação Amazônia, consubstanciada na ideologia<br />

que serviu de lema ao Projeto Rondon, “integrar<br />

para não entregar”. “Integrar” significava abrir cami-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!