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300 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Os dois recentes projetos de assentamentos do<br />

Incra, Nova Fronteira e Santa Júlia, desde a sua origem<br />

foram relegados ao esquecimento e receberam infra-estrutura<br />

ainda menor do que os projetos mais ao<br />

norte. A pequena produção e a frágil organização<br />

como grupo expõem os colonos à pressão de grileiros<br />

e madeireiros. Ameaças, invasões e, muito comumente,<br />

o roubo de árvores dos lotes dos colonos integram<br />

o modus operandi da ostensiva coação para que abandonem<br />

ou vendam suas terras. Em relação aos projetos<br />

de assentamentos do Incra encontrados às margens<br />

da Transamazônica, “os colonos são menos organizados<br />

e, portanto, possuem mais dificuldades em<br />

permanecer em suas terras. O reduzido número de famílias,<br />

associado à desarticulação política dos pequenos<br />

produtores, torna instável a posse e a presença deles<br />

na terra”. 56<br />

MORAES DE ALMEIDA – Essa região é marcada<br />

pela presença de grandes madeireiras, geralmente<br />

oriundas de cidades do norte de Mato Grosso, como<br />

Sinop, Alta Floresta, Itaúba etc., pólos madeireiros de<br />

colonização sulista em relativo declínio devido ao esgotamento<br />

da ocorrência de madeira nas florestas locais.<br />

A necessidade legal de documentação da propriedade<br />

para obtenção de licença de manejo florestal<br />

e a instalação desses grupos madeireiros em áreas onde<br />

todas as terras são da União criaram um quadro peculiar.<br />

Madeireiras não mais se limitam à abertura de estradas<br />

para extração de madeira que permitem o acesso<br />

de grileiros. Nessa região, os próprios madeireiros<br />

se tornaram grileiros. Esse mecanismo é detalhadamente<br />

discutido no capítulo que aborda a situação<br />

fundiária local.<br />

TRAIRÃO – Atravessando o rio Aruri, indo para o<br />

norte, começa a área de assentamentos implantados<br />

há mais tempo. Encontra-se também maior número<br />

de remanescentes de populações de história bastante<br />

antiga, como descendentes de seringueiros e caçadores<br />

de peles (gateiros).<br />

Os assentados, enfraquecidos pela situação de<br />

desamparo extremo, abandonam ou vendem seus lotes<br />

a alguns poucos que vão se tornando uma nova elite<br />

local. Segundo Cícero Ferreira da Silva, presidente<br />

do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Trairão, a<br />

conivência da agência do Incra (Miritituba) permite a<br />

alguns acumularem até catorze lotes e impede o assentamento<br />

de outras famílias. O “dono” contrata laranjas<br />

para morarem nos lotes e constarem como oficialmente<br />

assentados. Nesse caso, como aquele que se<br />

apropria é também morador, a vigilância é feita pessoalmente.<br />

No projeto de assentamento Ipiranga, na<br />

divisa de Trairão com Itaituba, isso é flagrantemente<br />

perceptível.<br />

Um pouco mais ao sul, encontra-se outro tipo<br />

de personagem. Nas localidades de Santa Luzia, Vila<br />

Planalto e Três Bueiros, antigos projetos de colonização,<br />

grupos do Centro-Sul (principalmente São Paulo<br />

e Mato Grosso) apropriaram-se de imensas áreas e inviabilizam<br />

o acesso à terra a qualquer descendente dos<br />

colonos. O interesse dessas empresas é essencialmente<br />

a madeira. As terras que tomaram ficam na margem<br />

leste da rodovia e delas avançam estradas na direção<br />

do Riozinho do Anfrísio.<br />

Na divisa com o assentamento Rio Bonito há<br />

uma enorme área cercada. Uma cooperativa anunciase<br />

dona do lugar e, além de impedir qualquer possibilidade<br />

de expansão do PA, força os vizinhos a abando-

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