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através de um simples telefonema, um telex, uma carta,<br />

“de qualquer maneira”, segundo o secretário Nelson<br />

Reu. Ele conclui: “O Estado não pode fiscalizar<br />

esse tipo de atividade. Quem tem que ficar atento e<br />

verificar todos os aspectos é o interessado, o comprador.<br />

Afinal, trambicagem não existe apenas no ramo<br />

fundiário, mas em todos os ramos. É preciso muita<br />

atenção para evitar a proliferação desse tipo de atividade<br />

ilícita”. (MATO GROSSO S/A, p. 8)<br />

Assim, são muitos os problemas com a titulação<br />

de terras envolvendo aqueles que participam da corrida<br />

pelas terras na Amazônia mato-grossense. E ainda<br />

havia o agravamento das questões fundiárias em Minas<br />

Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e<br />

Santa Catarina e a visão de que na Amazônia seria encontrada<br />

terra abundante e fácil, barata e fértil, distante,<br />

mas compensadora. Estava colocada a contradição<br />

que acabou levando os camponeses para a Amazônia.<br />

O capital recriava as condições para a reprodução<br />

camponesa em terras distantes.<br />

As grandes e tradicionais empresas de colonização,<br />

acostumadas a fazer surgir uma cidade num simples<br />

estalar de dedos, descobriram o filão que estava à<br />

disposição nas terras mato-grossenses, ao singelo<br />

preço de arrojo e pioneirismo. Verdadeiras metrópoles<br />

amazônicas já existem hoje, cerca de vinte anos<br />

depois de deflagrado definitivamente o processo<br />

ocupacional, mas a história registrada entre o ontem<br />

e o hoje traz consigo muitos traumas e poucas alegrias,<br />

marcas cravadas no desbravamento da Amazônia,<br />

essa quase mitológica parte do mundo quase<br />

desconhecida.<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 107<br />

E o mundo descobriu a Amazônia mato-grossense.<br />

Ao lado dos brasileiros mestiços, camponeses do Sul,<br />

os estrangeiros passaram a partilhar da penetração.<br />

Primeiro foram os alemães, que aplicaram muito dinheiro<br />

no norte do Estado em terras e seringais. Depois<br />

vieram os americanos, trabalhando com as riquezas<br />

minerais.<br />

É uma história violenta, semelhante à folclorizada<br />

ocupação do oeste americano, só que bem real no<br />

oeste brasileiro. Foram muitos os que descobriram<br />

que as terras em Mato Grosso não eram tão fáceis<br />

como se imaginava de início e morreram na luta por<br />

ela. Uma luta que prossegue acirrada até hoje: Mato<br />

Grosso possui muitos pontos de conflito fundiário,<br />

enquanto a Justiça local pouco pode fazer porque não<br />

acompanhou, em momento algum, o crescimento verificado<br />

ao seu redor. Nesse mosaico de disputas desiguais<br />

– porque divide em dois lados o poder do dinheiro<br />

e a força dá produção – agrupa-se um número<br />

de lavradores desterrados que já chegam a<br />

200.000, todos eles, sem exceção, carreados para a<br />

Amazônia pelas levas migratórias que se tornaram diárias<br />

após o fenômeno da colonização.<br />

A chegada dos fazendeiros sulistas incluiu as terras indígenas,<br />

por maior controle que os governos estadual<br />

e federal digam ter sobre elas, na especulação imobiliária<br />

que definitivamente se instalou em Mato Grosso<br />

há anos. E nem mesmo os projetos de infra-estrutura<br />

do governo, destinados a fornecer um mínimo de conforto<br />

aos pioneiros, respeitaram as reservas indígenas.<br />

É o caso de estradas como a BR-364, que em seu novo<br />

traçado aberto para o asfaltamento literalmente cortou<br />

ao meio as reservas dos índios Nambikuara, na região<br />

oeste do Estado. (MATO GROSSO S/A, p. 9-10)

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