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344 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Das 32 Unidades de Conservação na área de in-<br />

fluência da BR-163, 25 são de uso sustentável, admitin-<br />

do a presença de moradores em seu interior. Sete são<br />

de uso indireto. A discussão sobre o modelo de proteção<br />

a ser adotado é acalorada. Em frontal antagonismo,<br />

de um lado os entusiastas pela implantação de<br />

áreas de proteção integral definem: para haver preservação,<br />

há que afastar a interferência humana. De outro,<br />

alega-se que isolar o homem do ambiente é muitas<br />

vezes danoso, tanto no aspecto social quanto no<br />

ambiental. Mais do que a ocupação, ou não, das reservas,<br />

essa pauta põe em jogo enormes interesses econômicos,<br />

pressões internacionais e políticas de expansão<br />

– e resistência – de uma ideologia hegemônica sobre<br />

outros modos de vida.<br />

Debate-se qual o modelo, mas, em uníssono,<br />

aceita-se: unidades de conservação são a mais profícua<br />

forma de deter os processos de devastação ambiental.<br />

Se observarmos a evolução histórica do desmatamento,<br />

notaremos a eficácia das reservas ambientais.<br />

Com o uso de imagens de satélite, BRUNER et al.<br />

(2001) fundamentam uma análise sobre unidades de<br />

conservação espalhadas pelo mundo e constatam que<br />

parques nacionais são freios fundamentais aos processos<br />

de devastação ambiental. Tais resultados ratificam<br />

o caráter vital e imprescindível das áreas de proteção<br />

estrita. Infelizmente, a onisciência do Landsat (ou seja<br />

lá qual o satélite) omite os conflitos sociais nesses parques<br />

e, mesmo, os danos ambientais gerados pelas populações,<br />

deles expropriadas, em seu novo destino.<br />

Cega-se, também, às conseqüências futuras dessa situação.<br />

Ainda que de um bem equipado laboratório,<br />

essa ausência de estudos in loco pode gerar impressões<br />

falsas a respeito da capacidade de proteção ambiental<br />

de reservas de uso indireto. O caráter generalista do estudo<br />

ignora a grande variação da intensidade das altercações<br />

com as populações tradicionais e, também, da<br />

eficiência dessas reservas em proteger a biodiversidade.<br />

DIEGUES atenta a casos nos quais, com a supressão das<br />

populações humanas, reduziu-se a biodiversidade.<br />

Nos parques do Serengeti e Ngorongoro, na Tanzânia<br />

e no Quênia, respectivamente, as tribos de pastores<br />

com atividades de pastoreio e queima de pasto permitiram<br />

que os rebanhos e os animais selvagens coexistissem,<br />

criando uma paisagem que até hoje é valorizada<br />

pelos conservacionistas. A constituição de parques<br />

nacionais e a exclusão dessas tribos levaram à conversão<br />

de pastos em arbustos, com impactos negativos<br />

sobre os animais herbívoros, que desempenham um<br />

papel fundamental para a biodiversidade da região<br />

(Colchester). (2000, p. 35)<br />

ARARAJUBAS, CIENTISTAS, TURISTAS E... MAIS<br />

NINGUÉM<br />

A idéia de estabelecer parques nacionais surgiu nos Estados<br />

Unidos, em meados do século 19, durante as<br />

guerras que se sucediam no período de colonização do<br />

Oeste americano. O primeiro parque nacional do mundo,<br />

Yellowstone, foi criado nas terras dos índios Crow,<br />

Blakfeet e Shoshone-Bannock, depois de duras batalhas<br />

que culminaram com a retirada dos indígenas de suas<br />

terras. O processo de retirada dos índios durou décadas<br />

e gerou conflitos históricos (muitos ainda não resolvidos)<br />

entre as populações indígenas e todos os outros envolvidos<br />

no uso e gerenciamento do parque (WORLD<br />

RAINFOREST MOVEMENT, 2004; DIEGUES, 2000).

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