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68 AMAZÔNIA REVELADA<br />

imensa região. A extração da borracha, em fins do século<br />

19 e início do século 20, é apenas um exemplo<br />

desse processo; depois, em versão moderna, vieram os<br />

projetos Jari, Carajás e Sivam, a exploração madeireira<br />

e, sua entrada na rota da soja.<br />

Não vamos contar a longa história de expropriação<br />

a que a região vem sendo submetida, mas apenas<br />

tratar de sua chamada etapa moderna, marcada pela<br />

ação do Estado, em parte durante os governos militares,<br />

em parte pelos governos civis que vieram com a<br />

redemocratização, e o processo de aprofundamento da<br />

inserção econômica do país no interior da economia<br />

capitalista mundializada.<br />

O processo de ocupação da Amazônia apresenta<br />

vários níveis. O primeiro refere-se aos caminhos do<br />

acesso à titulação da terra, o comércio desses títulos e<br />

o conseqüente envolvimento dos segmentos sociais<br />

que ocupavam o poder no Estado. Assim foram desenhados<br />

os mecanismos de grilagem e corrupção que<br />

envolvem as diferentes rotas de acesso à terra. Em seguida,<br />

os projetos agropecuários e agroindustriais incentivados<br />

pela Sudam, que, em grande parte, se<br />

constituíram em golpes contra o erário público. Depois,<br />

a contra-reforma agrária com a implantação dos<br />

projetos de colonização privados e públicos, e, ironicamente,<br />

o processo de implantação da reforma agrária<br />

do I PNRA – Plano Nacional de Reforma Agrária –<br />

de 1985. E, finalmente, a grande expansão madeireira<br />

e a chegada da agricultura dos grãos do agronegócio.<br />

Por esse processo todo passa a violência contra os povos<br />

indígenas, posseiros, garimpeiros, colonos, peões<br />

e, sobretudo, contra a natureza.<br />

Assim, a história da região também passa pelo<br />

diagnóstico da atual situação das diferentes formas de<br />

assentamentos humanos na Amazônia brasileira, de<br />

um lado ditado pela lógica capitalista de apropriação<br />

privada da terra e dos recursos naturais; e de outro<br />

pela utopia camponesa da conquista da terra liberta.<br />

A concepção teórica assumida é de caráter geográfico<br />

e baseia-se nos dois processos de “corrida” pelo<br />

controle da Amazônia: o monopólio da propriedade<br />

privada do solo, e o monopólio sobre os recursos minerais<br />

do subsolo. Embora obedeçam à mesma lógica,<br />

eles têm características, temporalidade e territorialidade<br />

distintas.<br />

E esses dois mecanismos estão relacionados, por<br />

um lado, à articulação entre as políticas territoriais do<br />

Estado (abertura de eixos rodoviários, incentivos fiscais<br />

etc.) e à implantação dos grandes projetos agropecuários,<br />

e, de outro, ao acesso dos grupos econômicos<br />

nacionais e ou internacionais aos recursos minerais<br />

da região.<br />

Parte-se, portanto, do princípio de que a abertura<br />

das novas frentes de ocupação na Amazônia traz<br />

consigo o caráter contraditório da formação da estrutura<br />

fundiária brasileira. Ou seja, o processo que leva<br />

os grandes capitalistas a investir na fronteira obriga a<br />

sua abertura aos trabalhadores do campo. Igual, simultânea<br />

e contraditoriamente, o processo que abre<br />

acesso aos recursos minerais da região aos grupos econômicos<br />

abre-se também aos garimpeiros. Não vamos<br />

tratar as questões que envolvem a corrida pelo subsolo,<br />

pois, ainda que áreas garimpeiras decadentes estejam<br />

na origem de ocupação de vários pontos na área<br />

de influência da BR-163, os minérios hoje não movimentam<br />

capitais significativos.<br />

Assim, a análise das políticas públicas implantadas<br />

na Amazônia, particularmente a partir dos go-

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