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26 AMAZÔNIA REVELADA<br />

BRY, Theodor de (ed.). America, v. 3: Dritte Buch Americae,<br />

Darinn Brasilia durch Johnann Staden von Homberg.<br />

Müchen: Konrad Kölbe, 1970.<br />

aos ganhos obtidos com a exportação de açúcar e gêneros<br />

tropicais. Além disso, os povos nativos não poderiam<br />

continuar fornecendo mão-de-obra por muito<br />

mais tempo, após os inúmeros massacres, as mortes<br />

provocadas por pestes e doenças, as fugas para o interior<br />

do sertão e também como resultado da resistência<br />

armada.<br />

O contato entre colonizadores e indígenas deixou<br />

marcas profundas na cultura nacional, em grande parte<br />

graças à miscigenação racial. Houve numerosos casamentos<br />

ou simples acasalamentos entre lusitanos e índios,<br />

principalmente nas primeiras décadas do século<br />

16. Muitos colonizadores foram integrados à vida nas<br />

aldeias, passando, ao longo dos anos, a viver nus e a se<br />

comportar como os indígenas. Para os portugueses, tal<br />

fato tinha a vantagem de permitir a mobilização dos indígenas<br />

(agora considerados seus “parentes”) no trabalho<br />

de exploração do pau-brasil em troca de bijuterias,<br />

espelhos, facas. Um dos resultados desse processo foi o<br />

surgimento de uma sociedade fortemente miscigenada,<br />

onde a bastardia ocorreu em grande escala.<br />

Os séculos seguintes foram um tempo de esquecimento<br />

e marginalização. Em parte, a marginalização<br />

dos povos originários deu-se sob a forma de sua idealização<br />

romântica, por exemplo, na literatura nativista de<br />

José de Alencar, que representava o herói índio como<br />

uma espécie de ser obediente aos códigos de honra adequados<br />

aos cavalheiros medievais europeus (caso clássico<br />

de Peri, do romance O Guarani) ou uma donzela<br />

que poderia freqüentar a corte lisboeta (caso de Iracema).<br />

A idealização “positiva” continuava sendo uma recusa<br />

ao reconhecimento da humanidade complexa do<br />

nativo, ainda mais em um contexto instrumental que<br />

servia para ocultar a chaga da escravidão negra.

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