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266 AMAZÔNIA REVELADA<br />

como documentos pessoais e carteira de trabalho;<br />

• a falta de informações sobre direitos trabalhistas<br />

e a ausência de formas de organização desses<br />

trabalhadores.<br />

Por não haver outras possibilidades de garantir a<br />

sobrevivência, a maioria dos trabalhadores volta a buscar<br />

emprego nas mesmas fazendas de onde foram resgatados<br />

pelas equipes móveis. Esse fato alerta para a<br />

necessidade de ações que não se atenham simplesmente<br />

à repressão do trabalho escravo, mas que ofereçam<br />

alternativas aos trabalhadores, por exemplo:<br />

• desenvolvimento e implementação de políticas<br />

públicas de geração de renda e emprego, saúde e<br />

educação que permitam criar um modelo de desenvolvimento<br />

sustentável nos Estados do Maranhão,<br />

Piauí, Tocantins e nas regiões do Pará de<br />

onde partem os trabalhadores escravos; é essencial<br />

que os diferentes órgãos e programas envolvidos<br />

trabalhem de forma coordenada e articulada;<br />

• desenvolvimento e fortalecimento de iniciativas<br />

de informação, sensibilização, conscientização<br />

e organização dos trabalhadores para estimular<br />

o seu protagonismo na conquista dos seus direitos<br />

e da cidadania.<br />

TRABALHO TEMPORÁRIO<br />

Pessoas submetidas ao trabalho escravo vivem em situações<br />

extremas e merecem atenção especial. No entanto,<br />

trabalhadores temporários/peões vivem em situações<br />

de superexploração bastante próximas e, por<br />

não se enquadrarem na definição de trabalho escravo,<br />

podem ficar sem atendimento, sem previsão de fiscalização<br />

e de assistência jurídica.<br />

É importante pensar em propostas de atuação<br />

para o conjunto dos trabalhadores temporários/peões.<br />

Pouco tem sido feito nesse sentido tanto pelos órgãos<br />

públicos como pelas organizações de trabalhadores11 .<br />

Há várias questões a discutir em relação ao trabalho<br />

temporário: regularização das relações de trabalho, fiscalização,<br />

legislação, assistência jurídica. Cabe destacar<br />

a importância da criação de varas fixas do trabalho<br />

na região e de uma sensibilização dos trabalhadores<br />

sobre legislação trabalhista e cidadania que os envolva<br />

como protagonistas na luta por seus direitos. Caso<br />

contrário, estes podem se opor às medidas de fiscalização,<br />

como já assistimos, por exemplo, no Piauí,<br />

onde protestaram quando os ônibus que os transportavam<br />

irregularmente foram apreendidos.<br />

FORMAÇÃO ESCOLAR E PROFISSIONAL<br />

Vários dos trabalhadores possuem um espectro muito<br />

limitado de possibilidades de trabalho, pois são analfabetos<br />

e não têm nenhum tipo de formação profissional.<br />

Como disse um dos entrevistados, “eu não tenho<br />

outro apelo, não tenho outra profissão, nem ler eu<br />

não sei, nem assinar meu nome eu não sei, eu vivo é<br />

dos meus braços”.<br />

Esse problema é ainda mais sério quando se considera<br />

a situação dos jovens12 que não são preparados<br />

para os trabalhos urbanos nem para um trabalho agrícola<br />

mais qualificado, seja para funções especializadas,<br />

seja para a pequena produção voltada para a comercialização.<br />

Essa situação coloca a necessidade de<br />

uma formação profissional que os capacite a assumir

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