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374 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Milagreiro Guabiraba. “Vicente e João Guabiraba, dois escravos,<br />

durante a fuga, perdem-se na mata e morrem. Um doente<br />

encontra seus corpos, apieda-se de seus sofrimentos na mata<br />

escura e sepulta-os. Imaginando que os mortos também possam<br />

se compadecer de sua dor, promete oferecer-lhes luz em troca<br />

de sua cura. O doente se curou e, desde então, nunca falta<br />

querosene para manter acesa a lamparina no túmulo dos<br />

‘Santos’.”<br />

FOTO: Maurício Torres<br />

rente cultura indígena dos Sateré-Mawé; e, a completar<br />

essa Disneylândia tropical, em tom “democrático”<br />

fala-se, até, das familiares e acolhedoras comunidades<br />

do entorno do Parque. Porém, ao comentar a existência<br />

de populações indígenas e de algumas comunidades<br />

na área circundante ao Parque, conota-se, ostensivamente,<br />

não haver qualquer forma de ocupação humana<br />

em seu interior.<br />

Novamente, os dizeres são coerentes com a legislação:<br />

parques são reservas de proteção integral. Não<br />

comportam moradores. No entanto, o material afinase<br />

a uma gama de publicações que optam pela indefinição.<br />

Admitamos que se poderia optar pela defesa do<br />

modelo de unidade de conservação e pelo cumprimento<br />

rigoroso da lei, com a conseqüente remoção<br />

dos moradores. Ou, então, se poderia pensar em uma<br />

alternativa que viabilize a permanência deles, tirando,<br />

inclusive, proveito disso para a reserva. É despropositado,<br />

contudo, fazer de conta que não há ocupação e<br />

se limitar a cores alegres e de tom de reducionismo<br />

pictórico. Isso não convém aos interesses do Parque,<br />

nem das populações. Ao contrário, não reconhecer a<br />

existência dos moradores implica, de um lado, priválos<br />

de seus direitos a quaisquer reivindicações e, de<br />

outro, a imediata negação de conflitos decorrentes<br />

dessa ocupação, e assim predispõe-se a reserva aos prejuízos<br />

oriundos de tais conflitos e perde-se mais uma<br />

oportunidade de abertura ao diálogo com aquelas pessoas.<br />

É certo, a intenção desses materiais de divulgação<br />

não é a de levantar qualquer discussão, nem tampouco<br />

promulgar informações sobre desarranjos da<br />

área. Porém, daí a conotar uma distorção de entendimento<br />

o caminho é longo. A inclinação por essa atitude<br />

não é nada inédita. Rinaldo Arruda comenta tal

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