08.06.2013 Views

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No entanto, apesar desses progressos, a atuação<br />

do poder público está muito longe de ser funcional,<br />

abrangente e apropriada para combater o trabalho<br />

escravo na região, que não só continua existindo,<br />

como vem aumentando, principalmente nas áreas de<br />

expansão.<br />

LIMITES DA ATUAÇÃO: FISCALIZAÇÃO DAS<br />

EQUIPES MÓVEIS, IMPUNIDADE E REINCIDÊNCIA<br />

– ATUAÇÃO DAS EQUIPES MÓVEIS<br />

Apesar de terem ampliado sua atuação, as equipes móveis<br />

estão muito aquém das necessidades colocadas<br />

pela realidade, o que pode ser percebido através de alguns<br />

indicadores.<br />

O primeiro diz respeito à incapacidade de atendimento<br />

da demanda. Existe uma grande defasagem entre<br />

as denúncias apresentadas e as fiscalizações realizadas.<br />

Segundo dados da CPT, em 2002, apenas 31% das<br />

denúncias se transformaram em fiscalizações efetivas.<br />

Em segundo lugar, mesmo nas denúncias atendidas,<br />

observa-se falta de agilidade no atendimento.<br />

Segundo a CPT, o tempo entre uma denúncia e a operação<br />

de resgate é, em média, de 75 dias. Esse problema<br />

se torna mais sério quando se considera a necessidade<br />

de sigilo nas operações. Sabendo ou suspeitando<br />

da denúncia, o proprietário da fazenda e o empreiteiro<br />

podem começar a perseguir e ameaçar os supostos<br />

denunciantes, e rapidamente eliminar os vestígios do<br />

trabalho escravo. Uma das estratégias adotadas pelos<br />

fazendeiros é a de retirar os trabalhadores da fazenda<br />

antes da chegada da equipe móvel.<br />

Terceiro: ainda existem dificuldades relacionadas<br />

à falta de infra-estrutura e recursos humanos. Quanto<br />

JAN ROCHA 259<br />

à infra-estrutura, se destaca a necessidade de veículos<br />

apropriados, helicópteros etc. Em relação aos recursos<br />

humanos, nem sempre a equipe é composta com todos<br />

os representantes dos órgãos envolvidos. Por outro<br />

lado, nem sempre todos os membros da equipe estão<br />

suficientemente preparados para atuar na questão<br />

do trabalho escravo, às vezes por ausência de compreensão<br />

do problema, outras, porque não dominam os<br />

mecanismos disponíveis para lidar com essas situações.<br />

Esses fatores costumam redundar na dificuldade de<br />

entrosamento dos representantes dos diferentes órgãos,<br />

essencial para uma ação eficaz.<br />

Segundo a CPT, “no sul do Pará, o Grupo Móvel<br />

teve, de fato, em 1996 e 1997, uma atuação muito positiva<br />

e fez várias operações bem articuladas, rápidas e<br />

eficientes nas grandes fazendas”. No entanto, a partir<br />

da sua atuação, começaram a surgir entraves com a<br />

Polícia Federal e as Delegacias Regionais do Trabalho<br />

nos Estados, e pressões de grupos econômicos e políticos,<br />

persistindo a impunidade dos fazendeiros infratores.<br />

Nesse processo constatou-se uma política das<br />

autoridades federais e estaduais, pressionadas por poderosos<br />

grupos do Estado, para inviabilizar a atuação<br />

do Grupo Móvel, desencadeando um processo de recuo<br />

do governo no enfrentamento da problemática do<br />

trabalho escravo.<br />

Outros fatores que evidenciaram essa postura do<br />

governo foram os seguintes: um acordo firmado em<br />

abril de 2001 entre o Ministério do Trabalho e Emprego<br />

e três grandes latifundiários do sul do Pará, e o parecer<br />

desse Ministério aprovando a redução do valor<br />

das multas aplicadas a fazendeiros que contratarem<br />

empregados rurais irregularmente, sem registro em<br />

carteira (Folha de S. Paulo, 16 jul. 2001).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!