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456 AMAZÔNIA REVELADA<br />

A expectativa de valorização da terra é traduzida<br />

em geral por uma frase quase uníssona: “Pelo menos<br />

o dobro!”<br />

Dois extratos do texto de Bertha Becker sobre a<br />

Área de Influência da BR-163 ilustram o potencial de<br />

valorização decorrente da pavimentação:<br />

Na área paraense da BR-163, que se estende da divisa<br />

de Mato Grosso até as proximidades de Itaituba, predominam<br />

pecuaristas com estabelecimentos médios<br />

(2.000 ha) localizados no eixo da estrada, e é muito<br />

pequeno o número de projetos de assentamentos. Caracteriza-se,<br />

ela hoje, pela forte expansão da grilagem<br />

de terras públicas acompanhadas por estradas madeireiras<br />

e desflorestamento nas áreas situadas para além<br />

do eixo rodoviário, e por violentos conflitos de terra.<br />

[...] O comando da área é realizado pelos fazendeiros<br />

e madeireiros sediados em Novo Progresso e Castelo<br />

dos Sonhos, e por madeireiras localizadas em Morais<br />

de Almeida.<br />

[...]<br />

Situada na divisa de Mato Grosso com Pará, em área<br />

de transição ecológica entre o cerrado e a floresta já<br />

bastante devastada, essa área é também herdeira do<br />

processo de colonização privada característica de<br />

Mato Grosso, mas da colonização realizada por empresas<br />

menos poderosas que as do centro do Estado,<br />

que não conseguiram assegurar aos colonos os títulos<br />

de suas terras, nem a extensão do asfaltamento até<br />

essa área.<br />

[...]<br />

Em termos de sua economia, a área apresenta uma<br />

dinâmica baseada na produção familiar de produtos<br />

agrícolas e na pecuária. Arroz e milho são os culti-<br />

vos com maior área plantada, quantidade produzida<br />

e produtividade. A soja, presente na área, é cultivada<br />

em menor escala e é mais expressiva nos municípios<br />

mais próximos da faixa da rodovia. Os estabelecimentos<br />

apresentam um percentual variável de<br />

áreas de pastagens plantadas, mas os percentuais de<br />

20% até 36% são os dominantes, revelando a importância<br />

assumida pela pecuária nessa subárea em que<br />

o rebanho bovino apresenta um número expressivo<br />

de cabeças.<br />

É significativa a presença de estradas estaduais não asfaltadas,<br />

assim como a BR, o que prejudica muito a<br />

comercialização, razão pela qual a pavimentação é<br />

fundamental. (BECKER, s/d. 1 )<br />

Entender de como se processará a apropriação<br />

dessa valorização é complexo e depende de um vasto<br />

conjunto de variáveis. Em princípio, deverá ser feito<br />

pelos “proprietários”, elevando o valor das terras,<br />

como resultado de melhor acessibilidade. É preciso<br />

considerar que, num cenário de pavimentação da BR e<br />

de ausência de ação do Estado na área para, dentre outras<br />

coisas, coibir a grilagem de terras públicas, é de<br />

esperar a incorporação de um grande contingente de<br />

terras ao “mercado” atual, com reflexos no seu preço.<br />

Um importante cálculo é obrigatório:<br />

• Em quanto se estima a valorização fundiária<br />

decorrente da pavimentação da rodovia?<br />

• Como tal valorização se processará em termos<br />

geográficos e sociais, ao longo da via e do seu<br />

entorno?<br />

Outras questões daí naturalmente decorrem:

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