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Grosso, voltado para o mercado internacional e associado<br />

à permanente necessidade de redução de custos<br />

num mercado cada vez mais competitivo, surgiu um<br />

novo grupo de interesse e pressão pela pavimentação<br />

da BR-163 – o grupo dos produtores de grãos, dos<br />

quais a soja é a mais importante.<br />

O projeto abarca ainda interesses extra-regionais,<br />

como a necessidade de reduzir os custos de transporte<br />

dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus,<br />

atualmente levados em balsas até Belém e que<br />

poderiam ter um escoamento mais rápido via BR-163.<br />

Não há dúvida de que o asfaltamento trará benefícios<br />

e problemas, desde alguns até então desconhecidos<br />

na região, como outros já bastante anunciados.<br />

Nas últimas décadas, assistimos a sucessivos erros na<br />

gestão da ocupação dirigida na Amazônia, quando estratégias<br />

planejadas se converteram em processos de<br />

migração em massa, com controle parcial do aparelho<br />

do Estado e enormes estragos ambientais. Assim foi<br />

no caso exemplar da Transamazônica, BR-174, Polonoroeste<br />

em Rondônia e outros tantos projetos de assentamento<br />

do Incra que serviram de estopim para<br />

intensos processos desordenados de ocupação e desmatamento.<br />

A questão fundamental por trás do asfaltamento<br />

diz respeito às dimensões sociais e ambientais conseqüentes<br />

do contexto local de extrema ausência e/ou<br />

fragilidade das instituições públicas, sejam elas de ordenamento,<br />

repressão, gestão e monitoramento do<br />

território e seus recursos.<br />

O histórico indesejável de outras obras desse<br />

porte na Amazônia alimenta grande desconfiança sobre<br />

a capacidade dos órgãos públicos em gerir um empreendimento<br />

dessa dimensão. Cabe, portanto, inter-<br />

ARNALDO CARNEIRO FILHO 187<br />

rogar que sinais tem dado o governo atual, capazes de<br />

desfazer tal desconfiança.<br />

CUIABÁ-SANTARÉM, UMA ESTRADA A MÚLTIPLAS<br />

PAISAGENS<br />

Nas análises que seguem vamos considerar uma divisão<br />

baseada num critério apenas simplificador e estruturante<br />

das paisagens vistas no trecho entre Cuiabá e<br />

Itaituba (figura 2).<br />

A divisão maior das paisagens confunde-se com<br />

os limites políticos. Na verdade, esses limites interestaduais<br />

(Mato Grosso e Pará) foram construídos segundo<br />

barreiras geográficas estruturais, no caso, a serra do<br />

Cachimbo. A crista da serra no seu lado sul serviu de<br />

base para o traçado do limite estadual entre Mato<br />

Grosso e Pará. Além disso, a serra delimita os grandes<br />

conjuntos paisagísticos da região, que da mesma forma<br />

condicionaram distintos padrões de uso da terra:<br />

1. A REGIÃO AO SUL DA SERRA DO CACHIMBO, inteiramente<br />

no Estado de Mato Grosso, composta de<br />

68 municípios, por onde se esparrama uma fronteira<br />

agrícola em vias de consolidação, e com dinâmica própria<br />

de transformação das paisagens de cerrado, floresta<br />

seca e pasto em campos de soja e culturas consorciadas.<br />

Dotada de um relevo suavemente ondulado, com<br />

solos e estrutura favorável, a região se presta perfeitamente<br />

aos moldes de exploração agrícola altamente<br />

tecnificada, como é o caso da soja e culturas associadas,<br />

em franca expansão na região, que tem como epicentros<br />

as cidades de Sinop, Lucas do Rio Verde e Sorriso.<br />

Predominam sistemas agrícolas com alto nível<br />

tecnológico, infra-estrutura viária, cidades razoavel-

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