08.06.2013 Views

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ganda do agronegócio dos últimos anos está chegando<br />

ao fim. A bolha do crescimento originada no vácuo da<br />

crise conjuntural das duas últimas safras acabou. Agora,<br />

a produção de grãos, particularmente de soja, terá<br />

de enfrentar a realidade do mercado mundial. Por<br />

isso, o quadro desenhado pela mídia especializada<br />

para a safra 2004/2005 é realista:<br />

O país deverá perder, em 2005, parte da força do<br />

motor da agricultura, responsável por uma boa fatia<br />

do crescimento econômico que se alastrou pelo interior<br />

do Brasil nos dois últimos anos e gerou investimento,<br />

produção e empregos num ritmo mais acelerado<br />

do que nas grandes capitais. A safra de grãos,<br />

que já começa a ser colhida no Centro-Sul, promete<br />

bater mais um recorde de volume, puxada pela<br />

produção da soja, que deve dar um salto de 25%: vai<br />

sair de 49,2 milhões de t em 2004 para 61,5 milhões<br />

neste ano.<br />

A receita e a rentabilidade total dos grãos, no entanto,<br />

vão despencar, arrastadas ladeira abaixo pelos preços<br />

em queda das principais commodities agrícolas, diante<br />

da maior oferta mundial. E, também, pela elevação<br />

dos custos de produção. Para piorar a situação, a<br />

valorização do real em relação ao dólar agravou o efeito<br />

dos preços baixos, especialmente da soja, a principal<br />

lavoura de exportação. Isso faz com que o agricultor<br />

embolse neste ano menos reais pelo grão e o consumo<br />

no interior se retraia. Tanto é, que várias cidades<br />

cuja atividade principal é a agricultura já começaram<br />

a sentir a desaceleração do campo.<br />

Entre algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo e outros<br />

grãos, a safra de 2005 poderá superar a casa de<br />

130 milhões de t, ante 120 milhões em 2004, segun-<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 163<br />

do cálculos da consultoria MB Associados. A renda<br />

estimada com base nos preços de mercado deve atingir<br />

R$ 59,7 bilhões ou US$ 21,5 bilhões, com recuo<br />

de 16% e de 12%, respectivamente, ante 2004, depois<br />

de seis anos consecutivos de alta. Se a previsão<br />

se confirmar, a receita deste ano em reais será a menor<br />

desde 2002, observa o economista da MB Associados,<br />

Glauco Carvalho. Em dólar, a renda volta ao<br />

nível de 2003. “Saímos de um céu de brigadeiro para<br />

uma situação extremamente desfavorável.” Essa avaliação<br />

é compartilhada pelo presidente da Cooperativa<br />

Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudeste<br />

de Goiás – Comigo –, Antonio Chavaglia, Estado<br />

que responde por 13% da produção de soja. “Pela<br />

primeira vez neste ano”, diz Chavaglia, “os agricultores<br />

não contaram com os recursos da indústria,<br />

que até 2004 comprava cerca de 30% da produção<br />

antecipadamente. Como houve agricultores que<br />

romperam os contratos de 'soja verde' na safra passada,<br />

quando o preço do grão explodiu, a indústria<br />

não quis arriscar”.<br />

Para o economista da MS Consult, Fábio Silveira, é<br />

ilusório adotar mecanismos de desvalorização do<br />

real para elevar a receita do campo. “Se o real for<br />

desvalorizado, o efeito será de bumerangue”. Num<br />

primeiro momento, pode até resultar numa renda<br />

maior. Mas, como o país é um dos formadores dos<br />

preços da soja, a maior oferta derruba as cotações.<br />

(CHIARA, 2005, p. B1)<br />

O artigo escrito por Raymond Colitt para o Financial<br />

Times e publicado por O Estado de S. Paulo em<br />

10/2/2005 traz o quadro vivido pelos produtores de soja<br />

de Mato Grosso em 2005, com um título provocativo:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!