A FUNÇÃO SOCIAL DO DIREITO DE SUPERFÍCIE - Fadisp
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Neste sentido, assim como nos ensina o Flávio Tartuce é possível que um<br />
determinado sujeito possa ter a posse de um determinado bem – sendo assim somente<br />
mero detentor – e tirar algum proveito deste 285 .<br />
Ademais temos artigos 1.238, parágrafo único 286 , e 1.242, parágrafo único 287 , do<br />
Código Civil de 2.002 que enfatizam a função social da posse pela diminuição dos<br />
prazos da usucapião, bem como, a previsão dos parágrafos 4º e 5º do artigo 1.228 288<br />
que inova trazendo a Desapropriação Judicial por Posse-Trabalho 289 .<br />
Neste diapasão, Flavio Tartuce pontua:<br />
“Mesmo a posse recebe uma função social, já que o Código prevê a diminuição dos<br />
prazos de usucapião quando estiver configurada a “posse-trabalho”, situação fática em<br />
que o possuidor despendeu tempo e labor na ocupação de determinado imóvel. A nova<br />
codificação valoriza aquele que “planta e colhe”, o trabalho da pessoa natural, do cidadão<br />
comum. Tais regras podem ser captadas pela leitura dos arts. 1.238, parágrafo único, e<br />
1.242, parágrafo único, do Código Civil de 2.002.”<br />
285 Introdução Crítica ao Código Civil., p. 366. “...na verdade , mesmo sendo exteriorização da<br />
propriedade, o que também comprova sua função social a posse com ela não se confunde. É cediço que<br />
determinada pessoa pode ter a posse sem ser proprietária do bem, já que ser proprietário é ter o domínio<br />
da coisa. A posse significa apenas ter a disposição do da coisa, utilizando-se dela e tirando-lhe os frutos<br />
com fins socioeconômicos”<br />
286 Art. 1.238. – “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um<br />
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que<br />
assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.<br />
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver<br />
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.”<br />
287 Art. 1.242. - “Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente,<br />
com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto<br />
neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do<br />
respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua<br />
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.”<br />
288 Art. 1.228. – “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do<br />
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 4o O proprietário também pode ser privado<br />
da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais<br />
de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou<br />
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o<br />
No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,<br />
valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.”<br />
289 Expressão defendida por Miguel Reale, Maria Helena Diniz e Flavio Tartuce, e por nós compartilhada.<br />
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