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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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emergente Terceiro Mundo do s<strong>é</strong>culo XX. 1<br />

Um dos traços mais <strong>no</strong>táveis da era do subdesenvolvimento russo <strong>é</strong> <strong>que</strong> produziu, <strong>no</strong><br />

espaço de apenas duas gerações, uma das maiores literaturas do mundo. Al<strong>é</strong>m disso,<br />

produziu alguns dos mitos e símbolos mais poderosos e duradouros da modernidade: o<br />

Homem Comum, o Homem Sup<strong>é</strong>rfluo, o Subterrâneo, a Vangu<strong>ar</strong>da, o Palácio de Cristal<br />

e, finalmente, os Conselhos de Trabalhadores ou Sovietes. Ao longo de todo o s<strong>é</strong>culo<br />

XIX, a mais cl<strong>ar</strong>a expressão de modernidade <strong>no</strong> solo da Rússia foi a capital imperial de<br />

São Petersburgo. Quero aqui examin<strong>ar</strong> as formas pelas quais esta cidade, este<br />

ambiente, Petersburgo, inspirou uma s<strong>é</strong>rie de brilhantes investigações sobre a vida<br />

moderna. Trabalh<strong>ar</strong>ei cro<strong>no</strong>lógica e historicamente, p<strong>ar</strong>tindo da <strong>é</strong>poca em <strong>que</strong><br />

Petersburgo desenvolveu uma forma distinta de literatura p<strong>ar</strong>a a <strong>é</strong>poca em <strong>que</strong><br />

desenvolveu uma forma distinta de revolução.<br />

Devo confess<strong>ar</strong>, logo <strong>no</strong> início, alguns dos caminhos relevantes e significativos <strong>que</strong> este<br />

ensaio não percorre. Primeiro, ele não discute a zona rural russa, embora a grande<br />

maioria dos russos lá vivessem e embora essa região tenha passado por<br />

transformações peculi<strong>ar</strong>es <strong>no</strong> s<strong>é</strong>culo XIX. Segundo, não discute, exceto de passagem,<br />

o simbolismo rico e interminável <strong>que</strong> se desenvolveu ao redor da pol<strong>ar</strong>idade entre<br />

Petersburgo e Moscou: Petersburgo representando todas as forças estrangeiras e<br />

cosmopolitas <strong>que</strong> fluíram na vida russa, Moscou significando todo o acúmulo de<br />

tradições nativas e insul<strong>ar</strong>es do N<strong>ar</strong>od russo; Petersburgo como o Iluminismo e Moscou<br />

como o anti-Iluminismo; Moscou como pureza de sangue e solo, Petersburgo como<br />

poluição e miscigenação; Moscou como o sagrado, Petersburgo como o secul<strong>ar</strong> (ou<br />

talvez o ateu); Petersburgo como a cabeça da Rússia, Moscou como o seu coração.<br />

Esse dualismo, um dos eixos centrais da moderna história e cultura russa, já foi<br />

discutido em grandes detalhes e com profundidade. 2 Ao inv<strong>é</strong>s de reexamin<strong>ar</strong> as<br />

contradições entre Petersburgo e Moscou, ou entre Petersburgo e o campo, escolhi<br />

explor<strong>ar</strong> as contradições internas <strong>que</strong> permeavam a vida da própria Petersburgo.<br />

Retrat<strong>ar</strong>ei Petersburgo de duas maneiras: como a mais cl<strong>ar</strong>a realização do<br />

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modo russo de modernização e, simultaneamente, como a “cidade irreal” <strong>ar</strong><strong>que</strong>típica<br />

do mundo moder<strong>no</strong>. *<br />

* Não conheço a língua russa, embora tenha lido história e literatura russa por muitos a<strong>no</strong>s. Esta seção deve<br />

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