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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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subúrbios e regiões fora dos limites urba<strong>no</strong>s — apenas um ideal na d<strong>é</strong>cada de 1860 —<br />

em <strong>no</strong>me da modernidade da cidade. Em outras palavras: ele está afirmando a<br />

modernização como uma aventura<br />

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urbana — uma aventura aterrorizadora e perigosa, como qual<strong>que</strong>r experiência real —<br />

contra a modernização de rotinas livres de problemas por<strong>é</strong>m letais.<br />

Há mais um pós-escrito irônico na história do palácio de Cristal. Joseph Paxton foi um<br />

dos maiores urbanistas do s<strong>é</strong>culo XIX: projetou p<strong>ar</strong><strong>que</strong>s urba<strong>no</strong>s vastos e exuberantes<br />

<strong>que</strong> prefigur<strong>ar</strong>am e inspir<strong>ar</strong>am o trabalho de Olmsted <strong>no</strong>s EUA; concebeu e planejou um<br />

projeto abrangente de trânsito de massa p<strong>ar</strong>a Londres, incluindo uma rede de metrô,<br />

qu<strong>ar</strong>enta a<strong>no</strong>s antes <strong>que</strong> algu<strong>é</strong>m ousasse construir um metrô em qual<strong>que</strong>r lug<strong>ar</strong>. Seu<br />

palácio de Cristal — principalmente em sua enc<strong>ar</strong>nação pós-Exposição, em Sydenham<br />

Hill — tamb<strong>é</strong>m visava enri<strong>que</strong>cer as possibilidades da vida urbana: seria um <strong>no</strong>vo tipo<br />

de espaço social, uma ambiente moder<strong>no</strong> <strong>ar</strong><strong>que</strong>típico <strong>que</strong> poderia unir todos os<br />

estratos sociais opostos e fragmentados de Londres. Poderia ser visto como um<br />

equivalente brilhante dos bulev<strong>ar</strong>es p<strong>ar</strong>isienses ou das perspectivas de Petersburgo <strong>que</strong><br />

não existiam em Londres. Paxton, pois, teria feito oposição veemente a qual<strong>que</strong>r uso de<br />

seu grande edifício contra a cidade.<br />

Bem <strong>no</strong> final do s<strong>é</strong>culo XIX, entretanto, Ebenezer How<strong>ar</strong>d apreendeu as<br />

potencialidades antiurbanas do tipo de estrutura do palácio de Cristal e as explorou<br />

bem mais eficazmente <strong>que</strong> Chernyshevski. A obra imensamente influente de How<strong>ar</strong>d,<br />

G<strong>ar</strong>den Cities of To-Morrow (1898, revista em 1902), desenvolveu, poderosa e<br />

convincentemente, a id<strong>é</strong>ia, já implícita em Chernyshevski e <strong>no</strong>s utópicos franceses <strong>que</strong><br />

tinha lido, de <strong>que</strong> a cidade moderna não era apenas espiritualmente degradada, mas<br />

tamb<strong>é</strong>m econômica e espiritualmente obsoleta. How<strong>ar</strong>d repetidamente comp<strong>ar</strong>ou a<br />

metrópole <strong>no</strong> s<strong>é</strong>culo XX à diligência <strong>no</strong> s<strong>é</strong>culo XIX e usou o <strong>ar</strong>gumento de <strong>que</strong> o<br />

desenvolvimento suburba<strong>no</strong> era a chave tanto p<strong>ar</strong>a a prosperidade material, quanto<br />

p<strong>ar</strong>a a h<strong>ar</strong>monia espiritual do homem moder<strong>no</strong>. How<strong>ar</strong>d apreendeu as potencialidades<br />

formais de o palácio de Cristal ser uma estufa humana — seu modelo inicial foram as<br />

estufas <strong>que</strong> Paxton construíra na juventude —, um ambiente supercontrolado; ele fez<br />

uso de seu <strong>no</strong>me e forma numa vasta <strong>ar</strong>cada de lojas envidraçadas e num centro<br />

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