26.04.2013 Views

tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

prosperou e cresceu p<strong>ar</strong>a al<strong>é</strong>m de suas próprias esperanças selvagens. Na pintura e na<br />

escultura, na poesia e <strong>no</strong> romance, <strong>no</strong> teatro e na dança, na <strong>ar</strong>quitetura e <strong>no</strong> design,<br />

em todo um setor de media eletrônica e em um vasto conjunto de disciplinas científicas<br />

<strong>que</strong> nem se<strong>que</strong>r existiam um s<strong>é</strong>culo atrás, <strong>no</strong>sso s<strong>é</strong>culo produziu uma assombrosa<br />

quantidade de obras e id<strong>é</strong>ias da mais alta qualidade. O s<strong>é</strong>culo XX talvez seja o período<br />

mais brilhante e criativo da história da humanidade, quando me<strong>no</strong>s por<strong>que</strong> sua energia<br />

criativa se espalhou por todas as p<strong>ar</strong>tes do mundo. O brilho e a profundidade da vida<br />

moderna — vida <strong>que</strong> pulsa na obra de Grass, G<strong>ar</strong>cia M<strong>ar</strong><strong>que</strong>z, Fuentes, Cunningham,<br />

Nevelson, Di Suvero, Kanzo Tange, Fassbinder, Herzog, Sembene, Robert Wilson,<br />

Philip Glass, Rich<strong>ar</strong>d Foreman, Twyla Th<strong>ar</strong>p, Maxine Hong Kingston e tantos mais <strong>que</strong><br />

<strong>no</strong>s rodeiam — certamente <strong>no</strong>s dão fortes motivos de orgulho, em um mundo onde há<br />

tanto de <strong>que</strong> se envergonh<strong>ar</strong> e tanto <strong>que</strong> temer. Ainda assim, p<strong>ar</strong>ece-me, não sabemos<br />

como us<strong>ar</strong> <strong>no</strong>sso modernismo; nós perdemos ou rompemos a conexão entre <strong>no</strong>ssa<br />

cultura e <strong>no</strong>ssas vidas. Jackson Pollock imagi<strong>no</strong>u suas pinturas gotejantes como<br />

florestas onde os espectadores podiam perder-se (e, <strong>é</strong> cl<strong>ar</strong>o, ach<strong>ar</strong>-se) a si mesmos;<br />

mas <strong>no</strong> geral nós es<strong>que</strong>cemos a <strong>ar</strong>te de <strong>no</strong>s pormos a nós mesmos na pintura, de <strong>no</strong>s<br />

reconhecermos como p<strong>ar</strong>ticipantes e protagonistas da <strong>ar</strong>te e do pensamento de <strong>no</strong>ssa<br />

<strong>é</strong>poca. Nosso s<strong>é</strong>culo fomentou uma espetacul<strong>ar</strong> <strong>ar</strong>te moderna; por<strong>é</strong>m, nós, p<strong>ar</strong>ece <strong>que</strong><br />

es<strong>que</strong>cemos como apreender a vida moderna de <strong>que</strong> essa <strong>ar</strong>te brota. O pensamento<br />

moder<strong>no</strong>, desde M<strong>ar</strong>x e Nietzsche, cresceu e se desenvolveu, de vários modos; não<br />

obstante, <strong>no</strong>sso pensamento acerca da modernidade p<strong>ar</strong>ece ter estagnado e regredido.<br />

Se prest<strong>ar</strong>mos atenção àquilo <strong>que</strong> escritores e pensadores do s<strong>é</strong>culo XX afirmam sobre<br />

a modernidade e os comp<strong>ar</strong><strong>ar</strong>mos à<strong>que</strong>les de um s<strong>é</strong>culo atrás, encontr<strong>ar</strong>emos um<br />

radical achatamento de perspectiva e uma diminuição do espectro imaginativo. Nossos<br />

pensadores do s<strong>é</strong>culo XIX eram simultaneamente entusiastas e inimigos da vida<br />

moderna, lutando desesperados contra suas ambigüidades e contradições; sua auto-<br />

ironia e suas tensões íntimas constituíam as fontes primárias<br />

23<br />

de seu poder criativo. Seus sucessores do s<strong>é</strong>culo XX resval<strong>ar</strong>am p<strong>ar</strong>a longe, na<br />

direção de rígidas pol<strong>ar</strong>izações e totalizações achatadas. A modernidade ou <strong>é</strong><br />

vista com um entusiasmo cego e acrítico ou <strong>é</strong> condenada segundo uma atitude de<br />

distanciamento e indiferença neo-olímpica; em qual<strong>que</strong>r caso, <strong>é</strong> sempre<br />

concebida como um mo<strong>no</strong>lito fechado, <strong>que</strong> não pode ser moldado ou<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!