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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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todavia, a situação do modernista, procurando sobreviver e cri<strong>ar</strong> <strong>no</strong> centro do<br />

redemoinho, permaneceu substancialmente<br />

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a mesma. Tal situação produziu uma linguagem e uma cultura do diálogo, reunindo<br />

modernistas do passado, do presente e do futuro, capacitando a cultura modernista a<br />

viver e a sobreviver mesmo <strong>no</strong>s tempos mais terríveis. No curso de todo este livro,<br />

bus<strong>que</strong>i não apenas descrever a vida do diálogo modernista, mas tamb<strong>é</strong>m continuá-la.<br />

Por<strong>é</strong>m, a primazia do diálogo na vida do modernismo em curso significa <strong>que</strong> os<br />

modernistas não podem jamais romper com o passado: precisam continu<strong>ar</strong> p<strong>ar</strong>a sempre<br />

assaltados por ele, desenterrando seus fantasmas, recriando-o à medida <strong>que</strong> refazem<br />

seu mundo e a si próprios.<br />

Se conseguir um dia se livr<strong>ar</strong> de seus restos e andrajos e dos desconfortáveis vínculos<br />

<strong>que</strong> o unem ao passado, o modernismo perderá todo o seu peso e profundidade, e o<br />

turbilhão da vida moderna o alij<strong>ar</strong>á irreversivelmente. É somente mantendo vivos esses<br />

laços <strong>que</strong> o ligam às modernidades do passado — laços ao mesmo tempo estreitos e<br />

antagônicos — <strong>que</strong> o modernismo pode auxili<strong>ar</strong> os moder<strong>no</strong>s do presente e do futuro a<br />

serem livres.<br />

Essa compreensão do modernismo deve ajud<strong>ar</strong>-<strong>no</strong>s a cl<strong>ar</strong>ific<strong>ar</strong> algumas das ironias da<br />

mística “pós-moderna” contemporânea. 22 Defendi <strong>que</strong> o modernismo dos a<strong>no</strong>s 70 se<br />

distinguia por sua ânsia e poder de rememor<strong>ar</strong>, de manter aceso muito do <strong>que</strong> as<br />

sociedades modernas (independentemente de sua ideologia e de <strong>que</strong>m constitui a sua<br />

classe dominante) procuram es<strong>que</strong>cer. Mas, quando os modernistas contemporâneos<br />

perdem o contato com a sua própria modernidade e a negam, apenas fazem eco à auto-<br />

ilusão da classe dominante de ter superado os problemas e os perigos do passado e,<br />

enquanto isso, eles se sep<strong>ar</strong>am — e <strong>no</strong>s sep<strong>ar</strong>am — de uma fonte fundamental de sua<br />

própria força.<br />

Há ainda uma <strong>que</strong>stão perturbadora <strong>que</strong> precisa ser colocada sobre os modernismos<br />

dos a<strong>no</strong>s 70: considerados em seu conjunto, eles chegam a constituir alguma coisa?<br />

Tenho procurado mostr<strong>ar</strong> como diversos indivíduos e pe<strong>que</strong><strong>no</strong>s grupos defront<strong>ar</strong>am<br />

com seus próprios fantasmas e como, a p<strong>ar</strong>tir dessas lutas interiores, conseguiram<br />

cri<strong>ar</strong> sentido, dignidade e beleza p<strong>ar</strong>a si próprios. At<strong>é</strong> aí, nenhuma dúvida; mas<br />

podem essas investigações pessoais, famili<strong>ar</strong>es, locais e <strong>é</strong>tnicas ger<strong>ar</strong> algum tipo de<br />

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