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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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Introdução<br />

MODERNIDADE ONTEM, HOJE E AMANHÃ<br />

Existe um tipo de experiência vital — experiência de tempo e espaço, de si<br />

mesmo e dos outros, das possibilidades e perigos da vida — <strong>que</strong> <strong>é</strong><br />

comp<strong>ar</strong>tilhada por homens e mulheres em todo o mundo, hoje. Design<strong>ar</strong>ei esse<br />

conjunto de experiências como “modernidade”. Ser moder<strong>no</strong> <strong>é</strong> encontr<strong>ar</strong>-se em<br />

um ambiente <strong>que</strong> promete aventura, poder, alegria, crescimento,<br />

autotransformação e transformação das coisas em redor — mas ao mesmo<br />

tempo ameaça destruir <strong>tudo</strong> o <strong>que</strong> temos, <strong>tudo</strong> o <strong>que</strong> sabemos, <strong>tudo</strong> o <strong>que</strong> somos.<br />

A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e<br />

raciais, de classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se<br />

dizer <strong>que</strong> a modernidade une a esp<strong>é</strong>cie humana. Por<strong>é</strong>m, <strong>é</strong> uma unidade<br />

p<strong>ar</strong>adoxal, uma unidade de desunidade: ela <strong>no</strong>s despeja a todos num turbilhão de<br />

permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e<br />

angústia. Ser moder<strong>no</strong> <strong>é</strong> fazer p<strong>ar</strong>te de um universo <strong>no</strong> qual, como disse M<strong>ar</strong>x,<br />

“<strong>tudo</strong> o <strong>que</strong> <strong>é</strong> <strong>sólido</strong> <strong>desmancha</strong> <strong>no</strong> <strong>ar</strong>”.<br />

As pessoas <strong>que</strong> se encontram em meio a esse turbilhão estão aptas a sentir-se<br />

como as primeiras, e talvez as últimas, a pass<strong>ar</strong> por isso; tal sentimento<br />

engendrou inúmeros mitos <strong>no</strong>stálgicos de um pr<strong>é</strong>-moder<strong>no</strong> P<strong>ar</strong>aíso Perdido. Na<br />

verdade, con<strong>tudo</strong>, um grande e sempre crescente número de pessoas vem<br />

caminhando atrav<strong>é</strong>s desse turbilhão há cerca de quinhentos a<strong>no</strong>s. Embora muitas<br />

delas tenham provavelmente experimentado a modernidade como uma ameaça<br />

radical a toda sua história e tradições, a modernidade, <strong>no</strong> curso de cinco s<strong>é</strong>culos,<br />

desenvolveu uma rica história e uma v<strong>ar</strong>iedade de tradições próprias. Minha<br />

intenção <strong>é</strong> explor<strong>ar</strong> e mape<strong>ar</strong> essas tradições, a fim de compreender de <strong>que</strong><br />

modo elas podem nutrir e enri<strong>que</strong>cer <strong>no</strong>ssa própria modernidade e como podem<br />

empobrecer ou obscurecer o <strong>no</strong>sso senso do <strong>que</strong> seja ou possa ser a<br />

modernidade.<br />

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