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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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especialmente quando comp<strong>ar</strong>ada a seus concorrentes mais “moder<strong>no</strong>s” dos<br />

“subúrbios”, conferiu-lhe uma agudeza e radiação singul<strong>ar</strong>es aos olhos dos criadores<br />

emergentes da <strong>ar</strong>te moderna.<br />

“Sou a favor de uma <strong>ar</strong>te”, escreveu Oldenburg em 1961, “<strong>que</strong> seja político-erótico-<br />

mística, <strong>que</strong> faça algo mais <strong>que</strong> sent<strong>ar</strong> o rabo num museu. Sou por uma <strong>ar</strong>te <strong>que</strong> se<br />

confunda com a merda cotidiana e <strong>que</strong> acabe por vencê-la. Sou favorável a uma <strong>ar</strong>te<br />

<strong>que</strong> conte o clima do dia, ou onde fica essa ou a<strong>que</strong>la rua. Sou a favor de uma <strong>ar</strong>te<br />

<strong>que</strong> ajude velhas senhoras a atravess<strong>ar</strong> a rua. “ 14 Uma profecia <strong>no</strong>tável sobre as<br />

metamorfoses do modernismo <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60, quando uma soma colossal de <strong>ar</strong>te<br />

interessante em um grande número de gêneros seria ao mesmo tempo sobre a rua e,<br />

às vezes, diretamente na rua. Nas <strong>ar</strong>tes visuais, já nencionei Oldenburg, Segal,<br />

Grooms e outros; Robert Crumb viria a lhes fazer companhia por volta do final da<br />

d<strong>é</strong>cada.<br />

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Enquanto isso, Jean-Luc God<strong>ar</strong>d, em Acossado, Viver a Vida, Uma Mulher <strong>é</strong> uma<br />

Mulher, transformou a rua p<strong>ar</strong>isiense em personagem ativa e central, capturando sua<br />

luz cambiante e seus ritmos recortados ou fluidos em formas <strong>que</strong> est<strong>ar</strong>receram a todos<br />

e inaugur<strong>ar</strong>am toda uma <strong>no</strong>va dimensão cinematográfica. Poetas tão diversos, como<br />

Robert Lowell, Adrienne Rich, Paul Blackburn, John Hollander, James Merrill, Galway<br />

Kinnell, situ<strong>ar</strong>am a rua da cidade (especial mas não exclusivamente as ruas de Nova<br />

Ior<strong>que</strong>) <strong>no</strong> centro de suas paisagens criativas: na verdade, pode-se dizer <strong>que</strong> as ruas<br />

irromperam na poesia <strong>no</strong>rte-americana num momento crucial, pouco antes de<br />

irromperem em <strong>no</strong>ssa atividade política.<br />

As ruas desempenh<strong>ar</strong>am pap<strong>é</strong>is dramáticos e simbólicos de importância decisiva na<br />

música popul<strong>ar</strong> cada vez mais s<strong>é</strong>ria e sofisticada dos a<strong>no</strong>s 60; em Bob Dylan (a 42th<br />

Street após uma guerra nucle<strong>ar</strong> em “Talkin’ World W<strong>ar</strong> Threes Blues”, “Desolation<br />

Row”), Paul Simon, Leon<strong>ar</strong>d Cohen (“Stories of the Street”), Peter Townshend, Ray<br />

Da-vies, Jim Morrison, Lou Reed, Laura Nyro, muitos dos autores da Motown, Sly Stone<br />

e vários outros.<br />

Enquanto isso, uma multidão de <strong>ar</strong>tistas ex<strong>é</strong>cutantes surgiu nas ruas tocando<br />

instrumentos ou cantando músicas de todos os tipos, dançando, desempenhando ou<br />

improvisando peças, criando happenings, ambientes e murais, saturando as ruas com<br />

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