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tudo que é sólido desmancha no ar - Comunicação, Esporte e Cultura

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Muitos <strong>ar</strong>tistas e trabalhadores intelectuais imergiram <strong>no</strong> mundo do estruturalismo, um<br />

mundo <strong>que</strong> simplesmente risca do mapa a <strong>que</strong>stão da modernidade e todas as outras<br />

<strong>que</strong>stões a respeito da auto-identidade e da história. Outros adot<strong>ar</strong>am a mística do<br />

pós-modernismo, <strong>que</strong> se esforça p<strong>ar</strong>a cultiv<strong>ar</strong> a ig<strong>no</strong>rância da história e da cultura<br />

modernas e se manifesta como se todos os sentimentos huma<strong>no</strong>s, toda a<br />

expressividade, atividade, sexualidade e senso de comunidade acabassem de ser<br />

inventados — pelos pós-modernistas — e fossem desconhecidos, ou mesmo<br />

inconcebíveis, at<strong>é</strong> a semana passada. 24 Enquanto isso, cientistas sociais, constrangidos<br />

pelos ata<strong>que</strong>s a seus modelos tec<strong>no</strong>pastorais, abdic<strong>ar</strong>am de sua tentativa de construir<br />

um modelo eventualmente mais verdadeiro p<strong>ar</strong>a a vida moderna. Em vez disso,<br />

retalh<strong>ar</strong>am a modernidade em uma s<strong>é</strong>rie de componentes isolados — industrialização,<br />

construção, urbanização, desenvolvimento de mercados, formação de elites — e<br />

resistem a qual<strong>que</strong>r tentativa de integrá-los em um todo. Isso libertou-os de<br />

generalizações extravagantes e vagas totalidades — mas tamb<strong>é</strong>m do pensamento <strong>que</strong><br />

poderia conduzir ao engajamento de seu trabalho e suas vidas e à determinação do<br />

seu lug<strong>ar</strong> na história. 25 O eclipse do problema da modernidade <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 70 significou a<br />

destruição de uma forma vital de espaço público. Acelerou a desintegração<br />

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do <strong>no</strong>sso mundo em um aglomerado de grupos de interesse privado, material e<br />

espiritual, vivendo em mônadas sem janelas, ainda mais isolados do <strong>que</strong> precisamos<br />

ser.<br />

O único escritor da d<strong>é</strong>cada passada <strong>que</strong> tinha realmente algo a dizer sobre a<br />

modernidade foi Michel Foucault. E o <strong>que</strong> ele tem a dizer <strong>é</strong> uma interminável, torturante<br />

s<strong>é</strong>rie de v<strong>ar</strong>iações em tor<strong>no</strong> dos temas weberia<strong>no</strong>s do cárcere de ferro e das inutilidades<br />

humanas, cujas almas foram moldadas p<strong>ar</strong>a se adapt<strong>ar</strong> às b<strong>ar</strong>ras. Foucault <strong>é</strong><br />

obcecado por prisões, hospitais, asilos, por aquilo <strong>que</strong> Erving Goffman chamou de<br />

“instituições totais”. Ao contrário de Goffman, por<strong>é</strong>m, Foucault nega qual<strong>que</strong>r<br />

possibilidade de liberdade, <strong>que</strong>r dentro, <strong>que</strong>r fora dessas instituições. As totalidades de<br />

Foucault absorvem todas as facetas da vida moderna. Ele desenvolve esses temas com<br />

obsessiva inflexibilidade e, at<strong>é</strong> mesmo, com filigranas de sadismo, ros<strong>que</strong>ando suas<br />

id<strong>é</strong>ias <strong>no</strong>s leitores como b<strong>ar</strong>ras de ferro, apertando em <strong>no</strong>ssa c<strong>ar</strong>ne cada torneio<br />

dial<strong>é</strong>tico como mais uma volta do p<strong>ar</strong>afuso.<br />

Foucault reserva seu mais selvagem desrespeito às pessoas <strong>que</strong> imaginam ser possível<br />

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