[WIERSBE] 1 - Comentario Biblico Expositivo do Antigo Testamento - Pentateuco

446 N Ú M ERO S 15-17
A segunda co n fron tação (16:41 -
17:13). A morte de mais de duzentas e cinqüenta
pessoas deveria ter inspirado um temor
reverente no coração dos israelitas, mas
não havia "temor de Deus diante de seus
olhos" (Rm 3:18). O movimento que havia
começado com algumas centenas de rebeldes
tinha se transformado numa insurreição
nacional! Em vez de caírem de joelhos e de
clamarem a Deus suplicando seu perdão e
misericórdia, os israelitas se rebelaram contra
Moisés e Arão exatamente como Corá
havia feito! Pessoas de disposição carnal não
conseguem perceber o significado espiritual
daquilo que Deus faz, pois lhes falta o
discernimento espiritual (1 Co 2). A nação
contemplava os atos de Deus, mas Moisés
conhecia os caminhos do Senhor (SI 103:7).
Mais uma vez, a glória do Senhor apareceu,
e o julgamento do Senhor começou a
consumir os israelitas. Pela segunda vez em
dois dias, Moisés e Arão prostraram-se com
o rosto em terra e intercederam pelo povo.
Arão tomou um incensário, correu para o
meio da multidão que já havia começado a
ser afligida pela praga e "Pôs-se em pé entre
os mortos e os vivos; e cessou a praga" (Nm
16:48). Quando contaram os corpos dos
mortos, descobriram que quatorze mil e
setecentas pessoas haviam morrido por
causa de sua rebelião insensata contra o
Senhor. "O salário do pecado é a morte"
(Rm 6:23).
O que há no coração humano que torna
tão fácil seguir a multidão e desobedecer ao
Senhor? "Mas o que a experiência e a história
nos ensinam é isto: que os povos e governos
jamais aprenderam coisa alguma com a
história nem agiram com base em princípios
deduzidos dela." Assim escreveu o filósofo
alemão Hegel na introdução de sua obra A
Filosofia na História, e estava certo. A única
coisa que aprendemos com a história é que
não aprendemos com a história, e isso inclui
a história da Igreja.
1. Uma segunda lembrança (17:1-13).
Deus provaria, de uma vez por todas, que
ele havia escolhido Arão e seus filhos para
servirem como sacerdotes e que qualquer
tentativa da parte de qualquer outra tribo
de assumir o sacerdócio seria confrontada
pela ira de Deus.
A prova era simples. O príncipe de cada
tribo deu a Moisés uma vara com o nome da
tribo, e as doze varas, mais a vara de Arão,
foram colocadas diante do Senhor no Santo
dos Santos. O fato de todas as tribos terem
sido incluídas na prova dá a entender que
representantes de todas elas haviam participado
da insurreição. Aquele cuja vara florescesse
seria o escolhido de Deus para ser o
sacerdote do povo. Quando, no dia seguinte,
Moisés levou para fora as varas, todos
puderam ver que somente a de Arão havia
germinado. Sua vara "brotara, e, tendo inchado
os gornos, produzira flores, e dava
amêndoas" (Nm 17:8). Que outra prova os
israelitas poderiam desejar?
Tendo em vista que Moisés colocou a
vara de Arão de volta no Santo dos Santos,
como ela poderia servir de lembrança para a
nação de que a tribo de Levi era a tribo sacerdotal?
Em primeiro lugar, os príncipes de
cada tribo e muitos do povo viram as varas e
podiam testemunhar que a de Arão era a
única que havia florescido. A cada dia, quando
os príncipes das tribos tomassem suas
varas, seriam lembrados de que Deus havia
escolhido os filhos de Arão para servir no
altar. Além disso, o sumo sacerdote sempre
poderia apresentar a vara de Levi como prova
irrefutável de que a família de Arão havia
sido escolhida para o sacerdócio.
Como sempre, quando os israelitas ficaram
sabendo o que havia ocorrido, sua
reação foi exagerada e concluíram que qualquer
um que se aproximasse do tabernáculo
morreria (vv. 12, 13; ver 14:40-45). Tinham
medo do juízo, mas não tinham no coração
o verdadeiro temor de Deus. A presença do
tabernáculo no meio do acampamento deveria
ter sido uma fonte de segurança para
os israelitas, pois significava que Jeová estava
com eles. Iria guiá-los pelo deserto, derrotar
seus inimigos, receber seus sacrifícios e
conceder-lhes o perdão. Para acalmar a apreensão
do povo, vemos nos dois capítulos
seguintes que Moisés lhes explicou o ministério
dos sacerdotes e a importância do
tabernáculo no acampamento.