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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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tóricas: Invasão dos Portugueses, A semana<br />

Santa Antigamente, entre outras.<br />

Nossas aulas de Teatro envolviam o trabalho<br />

com os principais elementos constituintes<br />

do Teatro: corpo, espaço e tempo. O trabalho<br />

com as temáticas de História não impediu que<br />

trabalhássemos também com outras temáticas,<br />

como a<strong>da</strong>ptações de pequenas estórias e construções<br />

coletivas. Por uma necessi<strong>da</strong>de do grupo,<br />

nossa ênfase foi <strong>da</strong><strong>da</strong> ao trabalho corporal,<br />

porém procurávamos seguir um roteiro em nossos<br />

encontros: exercícios corporais, respiratórios,<br />

espaciais, brincadeiras, jogos teatrais,<br />

improvisações, avaliação. To<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des<br />

eram desenvolvi<strong>da</strong>s de maneira lúdica, tendo o<br />

jogo como uma <strong>da</strong>s principais ferramentas metodológicas.<br />

Para Spolin:<br />

O jogo é uma forma natural de grupo que propicia<br />

o envolvimento e a liber<strong>da</strong>de pessoal necessários<br />

para a experiência. Os jogos desenvolvem<br />

as técnicas e habili<strong>da</strong>des pessoais necessárias<br />

para o jogo em si, através do próprio ato de jogar.<br />

As habili<strong>da</strong>des são desenvolvi<strong>da</strong>s no próprio<br />

momento em que pessoa está jogando,<br />

divertindo-se ao máximo e recebendo a estimulação<br />

que o jogo tem para oferecer. (SPOLIN;<br />

1992, p.4)<br />

Jogamos com o corpo, jogamos nas improvisações,<br />

jogamos em cena e assim fomos nos<br />

assumindo enquanto jogadores. Desafiávamosnos<br />

diante <strong>da</strong>s regras que nos traziam limites.<br />

Num exercício dialógico e problematizador criávamos<br />

e recriávamos as regras.<br />

Durante o processo de construção cênica<br />

não trabalhamos com texto escrito e sim com<br />

texto oral e com texto corporal, ou seja, expressão<br />

corporal. Procurava evitar ao máximo a<br />

supervalorização do texto escrito. Quando recontávamos,<br />

procurávamos improvisar, não ficarmos<br />

presos ao texto original. Contávamos e<br />

recontávamos o texto várias vezes, de várias<br />

maneiras: diferenciando-lhes a voz dos personagens,<br />

diferenciando-lhes a postura corporal<br />

dos personagens, com adereços, mu<strong>da</strong>ndo o final,<br />

explorávamos, enfim, várias possibili<strong>da</strong>des<br />

de contar a estória. Esse processo acontecia<br />

de maneira participativa. O texto tornava-se<br />

pretexto para a construção de um novo texto.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 99-115, jan./jun., 2006<br />

Rilmar Lopes <strong>da</strong> Silva<br />

Quando esse novo texto começava a tomar forma,<br />

as crianças construíam um roteiro e em<br />

segui<strong>da</strong>, dependendo do processo de alfabetização<br />

de ca<strong>da</strong> criança, escreviam a cena, o<br />

esquete. No caso <strong>da</strong>s crianças menores ,essas<br />

a<strong>da</strong>ptações se <strong>da</strong>vam apenas na orali<strong>da</strong>de.<br />

Nossas construções cênicas eram permea<strong>da</strong>s<br />

por brincadeiras. Era um grande exercício<br />

de imaginação. Um dia recebemos uma doação<br />

de alguns livros de contos infantis. As crianças<br />

nativas, por nunca terem tido acesso aos<br />

contos, estavam encanta<strong>da</strong>s com o mundo encantado.<br />

Não se cansavam de escutar a mesma<br />

estória repeti<strong>da</strong>s vezes. Naturalmente<br />

tiveram a grande idéia de encenar um desses<br />

contos, que foi Rapunzel.<br />

O processo de construção cênica de Rapunzel<br />

foi cheio de fantasias. Como a estória de<br />

Rapunzel é bem simples, rapi<strong>da</strong>mente foi construído<br />

o seu roteiro cênico, a a<strong>da</strong>ptação. Várias<br />

crianças queriam fazer o príncipe, outras tantas<br />

queriam fazer Rapunzel. Fizemos, então, um<br />

rodízio de personagens. O contrário ocorreu com<br />

a Bruxa, pois ninguém queria fazer a bruxa. Elas<br />

ficavam assusta<strong>da</strong>s com a risa<strong>da</strong> <strong>da</strong> bruxa e a<br />

achavam muito feia. No dia <strong>da</strong> estréia de Rapunzel<br />

entrei em cena fazendo a bruxa. Estar<br />

em cena com as crianças foi extremamente<br />

prazeroso e divertido. Confirmávamos uma<br />

relação de companheirismo, e de cumplici<strong>da</strong>de.<br />

Juntos esquecíamos o texto e juntos improvisávamos.<br />

Claro, que na segun<strong>da</strong> apresentação<br />

de Rapunzel já tínhamos nossa bruxinha <strong>da</strong>ndo<br />

belíssimas gargalha<strong>da</strong>s. Depois <strong>da</strong> primeira bruxa<br />

assumi<strong>da</strong> por uma criança, muitas outras<br />

crianças também quiseram subir na vassoura e<br />

soltar a gargalha<strong>da</strong>. Não é difícil de constatar<br />

em tal atitude o quanto aprendemos com o outro,<br />

com a coragem do outro, <strong>da</strong>í a importância<br />

do fazer coletivo, <strong>da</strong> interação.<br />

A ca<strong>da</strong> apresentação, percebia que o diálogo<br />

estético ia crescendo. Assim que uma apresentação<br />

terminava já chegavam duas ou três<br />

crianças falando que queriam fazer Teatro. Fizemos<br />

várias montagens de Rapunzel, apresenta<strong>da</strong>s<br />

por vários grupos. Houve uma montagem<br />

de Rapunzel em que as crianças fizeram o castelo<br />

<strong>da</strong> bruxa em cima <strong>da</strong> árvore e a cor<strong>da</strong> de<br />

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