Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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quando houve esquecimento, os colegas foram<br />
solícitos em aju<strong>da</strong>r. Ain<strong>da</strong> como parte <strong>da</strong> ação<br />
mediadora <strong>da</strong> professora foi solicitado aos alunos<br />
que apontassem para algo que possuía a<br />
cor <strong>da</strong> fita que ele representava e todos vibravam<br />
com os acertos dos colegas. Após a conclusão<br />
<strong>da</strong> brincadeira, a professora trabalhou<br />
as quanti<strong>da</strong>des de fitas que ca<strong>da</strong> “anjo” aluno<br />
obteve e o reconhecimento dos numerais correspondentes<br />
a essa quanti<strong>da</strong>de, solicitando-lhes<br />
que dissessem o que se encontrava na sala naquela<br />
mesma quanti<strong>da</strong>de. Em segui<strong>da</strong>, ela pediu<br />
aos alunos que fizessem a contagem e<br />
representassem numericamente a quanti<strong>da</strong>de de<br />
mesas, de portas, de cadeiras existentes na sala<br />
de aula.<br />
Segundo Mantoan (1997), a pessoa com<br />
deficiência mental vivencia alguns obstáculos<br />
cognitivos que dificultam sua a<strong>da</strong>ptação ao meio,<br />
por isso, torna-se importante a realização de<br />
ativi<strong>da</strong>des que se ajustem às suas condições ao<br />
tempo em que possibilitem a conquista progressiva<br />
de sua autonomia intelectual. Nesse sentido,<br />
o jogo e a brincadeira assumem as<br />
características deste tipo de ativi<strong>da</strong>de.<br />
É importante ressaltar que todo este potencial<br />
pe<strong>da</strong>gógico do jogo torna-se mais ampliado<br />
a partir do planejamento dessas situações didáticas.<br />
Isso significa que, quanto mais intencional<br />
for a ação docente no trabalho com jogos e<br />
brincadeiras, mais potencial educativo o jogo terá<br />
entre os alunos. No entanto, no desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> disciplina Jogos e Recreação no curso de<br />
Licenciatura Plena em Pe<strong>da</strong>gogia, em São Sebastião<br />
do Passé, a idéia de planejamento de<br />
jogos foi acolhi<strong>da</strong> não sem dificul<strong>da</strong>des, pois<br />
planejar aulas para ministrar disciplinas específicas<br />
não representava problemas, tendo em<br />
vista que essa é uma ativi<strong>da</strong>de cotidiana dos<br />
professores; mas pensar em planejar jogos e<br />
brincadeiras tendo clareza do que os mesmos<br />
proporcionavam para as crianças trouxe certa<br />
inquietação inicial, porém muito crescimento.<br />
Com o planejamento <strong>da</strong>s brincadeiras pude compreender<br />
que o brincar possui funções que até<br />
então eu desconhecia. Para mim as brincadeiras<br />
não passavam de um passatempo lúdico, no entanto,<br />
descobri que todo o seu processo contri-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 147-156, jan./jun., 2006<br />
Susana Couto Pimentel<br />
bui para o desenvolvimento (...) do indivíduo (J.<br />
A. O. S./Aluna do Curso de Pe<strong>da</strong>gogia /Vespertino<br />
– Auto-avaliação).<br />
Além dos estudos de fun<strong>da</strong>mentação teórica,<br />
o desenvolvimento de uma observação<br />
do brincar espontâneo <strong>da</strong> criança proporcionou<br />
maior sensibilização do grupo com relação<br />
às possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> utilização desse<br />
recurso também em sala de aula. Com a observação,<br />
registro e análise de brincadeiras<br />
espontâneas desenvolvi<strong>da</strong>s pelas crianças foi<br />
possível para o grupo de alunas concluir que<br />
essas também proporcionam o desenvolvimento<br />
de diversos aspectos como, por exemplo,<br />
cognição (raciocínio, argumentação,<br />
atenção, memória etc); comportamento social<br />
(cooperação, conflito, integração etc);<br />
emoções/afetivi<strong>da</strong>de (interesse, motivação,<br />
satisfação, tensão); valores; psicomotrici<strong>da</strong>de;<br />
linguagem; iniciativa, criativi<strong>da</strong>de, autonomia<br />
e critici<strong>da</strong>de.<br />
Hoje tenho um novo olhar para qualquer tipo de<br />
jogo ou brincadeira infantil, espontânea ou não, e<br />
aprendi aplicar de forma significativa e prazerosa<br />
na minha prática pe<strong>da</strong>gógica (Z. F./Aluna do Curso<br />
de Pe<strong>da</strong>gogia /Vespertino – Auto-avaliação).<br />
Após esses momentos, a construção de um<br />
Arquivo de Jogos, foi assumi<strong>da</strong> pelo grupo e<br />
direciona<strong>da</strong> para a elaboração de planejamentos<br />
de jogos, brincadeiras e construção de brinquedos,<br />
de forma a deixar claro as funções<br />
lúdica e educativa na execução dessas ativi<strong>da</strong>des.<br />
Os planejamentos foram divididos em: brincadeiras<br />
tradicionais, jogos para ensino de<br />
conteúdos específicos e construção de brinquedos<br />
de sucatas. O material foi produzido pelo<br />
grupo de alunas de forma a ser utilizado como<br />
um recurso auxiliar para docentes que desejam<br />
transformar sua matéria em brinquedo, seduzindo<br />
seus alunos a brincar na certeza de que<br />
“depois de seduzido o aluno, não há quem o<br />
segure” (ALVES, 1997, p. 123)!<br />
A proposta de confecção de brinquedos de<br />
sucatas foi tão envolvente para os alunos <strong>da</strong>s<br />
séries iniciais que, de acordo com relato <strong>da</strong>s<br />
suas professoras, possibilitou inclusive mu<strong>da</strong>nça<br />
no momento do recreio escolar.<br />
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