11.04.2013 Views

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

car a diferença nos dois gêneros literários trabalhados,<br />

trabalhar ativi<strong>da</strong>des corporais e exercitar<br />

processos criativos teatrais a partir de<br />

releituras e improvisações.<br />

Os grupos eram orientados por mim no sentido<br />

de organização prática e técnica: chave <strong>da</strong><br />

sala, cui<strong>da</strong>do com as roupas de teatro <strong>da</strong> Escola,<br />

manter a ordem <strong>da</strong>s coisas, assumir compromisso<br />

com o grupo, organização de um cronograma<br />

de encontros para o desenvolvimento do processo,<br />

contemplando leitura de texto, brincadeiras,<br />

exercícios de voz, aquecimento, improvisações<br />

e ensaios. As crianças se encontravam em horário<br />

extra, à tarde. Desses encontros eu não<br />

participava, eram executados somente por elas.<br />

No horário de aula as crianças relatavam como<br />

estava se <strong>da</strong>ndo o processo e, na medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de,<br />

eu procurava ajudá-las.<br />

To<strong>da</strong>s as segun<strong>da</strong>s-feiras crianças <strong>da</strong> terceira<br />

e quarta série se dividiam em grupos e ca<strong>da</strong><br />

grupo escolhia uma estória <strong>da</strong> literatura infantil<br />

para encenar. A partir <strong>da</strong>í os grupos passavam<br />

to<strong>da</strong> a semana elaborando a construção cênica.<br />

Liam o texto, contavam as estórias identificavam<br />

o lugar, as ações, os personagens, separavam<br />

as cenas e escreviam. O texto era a<strong>da</strong>ptado,<br />

às vezes aumentado ou diminuído, dependendo<br />

<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de. Quando precisava de ator ou<br />

atriz para complementar o elenco, elas mesmas<br />

convi<strong>da</strong>vam outras crianças de outras turmas e<br />

assim tínhamos também atriz convi<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Na sexta-feira, no horário do intervalo, a secretaria<br />

virava camarim. De vez em quando se<br />

via uma criança correndo, procurando algo, outras<br />

chegando com caixas, um outro grupo arrumando<br />

o cenário. Antes de começar, o apresentador,<br />

uma <strong>da</strong>s crianças do grupo, fazia a chama<strong>da</strong><br />

ao público, apresentava o trabalho, o tema, a estória<br />

que foi a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> e pedia silêncio.<br />

Um aspecto interessante desse projeto era<br />

sua proposta de autonomia, uma vez que as crianças<br />

faziam tudo sozinhas: marcavam os ensaios<br />

em horários extras na escola, escolhiam o<br />

texto, escreviam o texto teatral, dirigiam, vestiam<br />

seus personagens, maquiavam-se e montavam<br />

o cenário.<br />

Um fato curioso é que na Escola havia um<br />

grande buraco, largo e não muito profundo, de<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 99-115, jan./jun., 2006<br />

Rilmar Lopes <strong>da</strong> Silva<br />

onde tinha sido tira<strong>da</strong> a terra para fazermos os<br />

adobes 10 para construir as paredes. Um dia,<br />

um grupo de crianças resolveu apresentar sua<br />

cena no buraco. A platéia foi forma<strong>da</strong> ao redor<br />

do buraco. O sucesso foi grande, pois tínhamos<br />

uma excelente visão <strong>da</strong> cena. A partir desse<br />

dia, o projeto Um minuto de Teatro passou a<br />

ser apresentado no buraco, que se tornou nosso<br />

Teatro de Arena e Areia.<br />

O projeto um minuto de Teatro conseguiu<br />

mobilizar a Brilho do Cristal tanto no fazer teatral<br />

quanto na construção de platéia e de apreciadores.<br />

A platéia vibrava. Os pequenos tinham<br />

os olhos arregalados. Às sextas-feiras, as crianças<br />

falavam uma para a outra: hoje é dia de<br />

Teatro! O estímulo provocado pelas apresentações<br />

era grande. O rodízio de artistas convi<strong>da</strong>dos<br />

aumentava e assim to<strong>da</strong>s as crianças<br />

participaram ativamente desse projeto. Passou<br />

a ser comum encontrar pela Escola grupos de<br />

crianças, sob ou sobre as árvores, organizando<br />

peças para apresentar na hora do intervalo, nas<br />

casas <strong>da</strong>s colegas ou em festas de aniversários.<br />

- Bolo <strong>da</strong>s mães<br />

Os anos se passavam, as crianças, algumas<br />

já pré-adolescendo, cheias de iniciativas, tinham<br />

se apropriado dos principais elementos constituintes<br />

do Teatro. O exercício <strong>da</strong> sua criativi<strong>da</strong>de<br />

era ação permanente nas rotinas <strong>da</strong>s<br />

crianças. Dessa forma, as palavras, os textos,<br />

as idéias, Tudo no Brilho vira Teatro, a exemplo<br />

do bolo do dia <strong>da</strong>s mães que também virou<br />

Teatro.<br />

Estávamos preparando a festa para o Dia<br />

<strong>da</strong>s Mães, escrevendo poesias que iríamos encenar<br />

no dia <strong>da</strong> festa, quando, de repente, uma<br />

criança falou de uma idéia que se estabeleceu<br />

no seguinte diálogo:<br />

– Vamos fazer um bolo para a festa do Dia <strong>da</strong>s<br />

Mães?<br />

– Lá em casa tem ovos<br />

– Mas Rilmar não come açúcar branco e ela é<br />

mãe... tem comer do bolo.<br />

10 Adobe é o tijolo de barro feito à mão, secado no sol,<br />

típico <strong>da</strong> região.<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!