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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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<strong>Educação</strong>, entramos em contato com ele e ele<br />

prontamente aceitou. Disse: “se é para subverter<br />

essa escola que está aí eu vou a qualquer<br />

lugar, onde é?” Ele usava muito esta metáfora,<br />

ele dizia assim, o grande lance <strong>da</strong> educação e<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é a gente buscar se compreender jogante,<br />

antes do <strong>da</strong>do marcar os pontos, naquele<br />

momento que você sacode e joga os <strong>da</strong>dos;<br />

antes dele marcar os pontos, aquele momento<br />

é um momento de muito sentido possibili<strong>da</strong>de<br />

de construir a trilha. (RELATÓRIO FORMA-<br />

ÇÃO, 2003)<br />

Observei que o Movimento usou nesse momento<br />

de formação artístico-pe<strong>da</strong>gógica duas<br />

imagens que sugeriam e instigavam a participação.<br />

Ao invés de assumir o lugar de alguém<br />

que recebe a informação, ou de quem espera<br />

por um direito, próprio <strong>da</strong> perspectiva <strong>da</strong> “bancária<br />

de educação”, o sujeito assume o lugar<br />

de “ator/autor” de todo o processo, reconhecendo<br />

que o segredo <strong>da</strong> conquista de ca<strong>da</strong> direito<br />

está na participação de ca<strong>da</strong> um que, no<br />

caso do MIAC, completa com suas vivências,<br />

significados e desejos a mobilização em prol <strong>da</strong><br />

educação. Sobre o parangolé diz Silva (2002,<br />

p.167):<br />

Ele é pura proposição à participação ativa do<br />

“espectador” – termo que se torna inadequado,<br />

obsoleto. Trata-se de participação sensório-corporal<br />

e semântica e não de participação mecânica.<br />

Oiticica quer a intervenção física na obra de<br />

arte e não apenas a contemplação imaginal, separa<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> proposição. O fruidor <strong>da</strong> arte é solicitado<br />

à “completação” dos significados propostos<br />

no parangolé. E as proposições são abertas, o<br />

que significa convite à co-criação <strong>da</strong> obra. Assim<br />

a obra requer “completação” e não simplesmente<br />

contemplação. Segundo o próprio Oiticica,<br />

“o participador lhe empresta os significados correspondentes<br />

– algo é previsto pelo artista, mas<br />

as significações empresta<strong>da</strong>s são possibili<strong>da</strong>des<br />

suscita<strong>da</strong>s pela obra não previstas, incluindo a<br />

não-participação nas suas inúmeras possibili<strong>da</strong>des<br />

também. (SILVA, 2002, p.167)<br />

Com a força destas imagens, a discussão<br />

foi intensa, com vários depoimentos, histórias e<br />

reflexões críticas sobre a temática. Para concluir<br />

o trabalho, foi construído o “parangolé itinerante”<br />

que, no início de 2004, deveria começar<br />

Izabel Dantas de Menezes<br />

a sua itinerância pela Escola Renan Baleeiro 7 .<br />

Destaco a fala que segue como uma referência<br />

deste sentido de co-autoria e de jogadorjogante<br />

defendido pelo MIAC:<br />

Acho importante confirmar o que já foi dito a<br />

respeito <strong>da</strong> lógica e atuação do governo em relação<br />

à educação no nosso estado; vende-se a imagem<br />

do sucesso, <strong>da</strong> educação de quali<strong>da</strong>de e o<br />

que acontece de fato, quando estamos trabalhando<br />

nas escolas e projetos educacionais promovidos<br />

pelo governo, é nos depararmos com<br />

uma outra reali<strong>da</strong>de, que é extremamente contraditória.<br />

Existe uma política social oficializa<strong>da</strong> e<br />

publiciza<strong>da</strong> que, na ver<strong>da</strong>de, é meramente de facha<strong>da</strong>,<br />

não acontece efetivamente. As mu<strong>da</strong>nças<br />

necessárias não acontecem, e o nosso desafio<br />

é, acima de tudo, resgatar a esperança e crença<br />

na educação e, sobretudo, na escola. (Educadora<br />

B – ANA CLÁUDIA, na ro<strong>da</strong> de discussão em<br />

24/04/04).<br />

A crença de que é possível a existência de<br />

outro mundo encontra-se também em Milton<br />

Santos (2004, p. 18), quando ele nos convoca a<br />

refletir sobre a existência de três mundos em<br />

um só: o mundo como nos fazem crer, o mundo<br />

como é e o mundo como pode ser. Com isto,<br />

ele afirma a “pertinência <strong>da</strong> utopia” (2004, p.160)<br />

e nos convi<strong>da</strong> a completar a lista com as questões<br />

que ain<strong>da</strong> não foram mapea<strong>da</strong>s pela “globalização<br />

perversa” e que nos interessam<br />

enquanto ser humano. Sem perder de vista este<br />

contexto o MIAC sinaliza com:<br />

• necessi<strong>da</strong>de de uma educação de quali<strong>da</strong>de<br />

social em condições de construir<br />

ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia;<br />

• reais condições de justiça sociocultural;<br />

• democratização <strong>da</strong> gestão escolar, através<br />

<strong>da</strong> participação de todos os segmentos<br />

<strong>da</strong> escola;<br />

• acabar com a exclusão sócio-cultural, democratizando<br />

o conhecimento, as vagas,<br />

o acesso e a permanência na escola;<br />

• ampliar e garantir os espaços <strong>da</strong> participação<br />

dos jovens;<br />

• incluir a arte e a cultura popular e o diálogo<br />

permanente nas práticas pe<strong>da</strong>gógicas;<br />

7 O parangolé esteve na escola no dia 24/04/04 como parte<br />

<strong>da</strong> programação <strong>da</strong> “ro<strong>da</strong> de discussão”.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 185-200, jan./jun., 2006 193

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