11.04.2013 Views

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Um percurso de escutar por todos os lados, sem sentir ou sentindo o seu próprio lado: reflexões sobre o fazer artístico e ...<br />

mento aqui se constrói sobre quatro pontuações,<br />

que se seguem logo abaixo, no próximo parágrafo.<br />

A partir delas, dialogo com algumas outras<br />

questões, como as formas diversas de<br />

transmissão, a formação do sujeito como artista<br />

e ci<strong>da</strong>dão e o mercado de trabalho para as<br />

artes dentro <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

O meu campo não é o <strong>da</strong> História <strong>da</strong> <strong>Educação</strong>,<br />

nem o <strong>da</strong> Pe<strong>da</strong>gogia formal. No entanto,<br />

a questão <strong>da</strong> transmissão dos saberes,<br />

formais e informais, em ambientes diversos,<br />

em especial naqueles ambientes <strong>da</strong> cena, ocorrendo<br />

num espaço teatral ou na rua, é central<br />

no meu percurso acadêmico. Como me é cara<br />

também a questão <strong>da</strong> formação do artista <strong>da</strong>s<br />

artes cênicas baianas e a transmissão desse<br />

saber artístico. Seja este artista bailarino, músico,<br />

dramaturgo ou ator. A terceira coisa que<br />

me interessa, e com ela labuto desde os 19 anos<br />

de i<strong>da</strong>de, é a do treinamento e criação artísticos<br />

ligados à arte popular e à educação não<br />

formal, com pessoas liga<strong>da</strong>s às comuni<strong>da</strong>des e<br />

às manifestações culturais baianas. A quarta<br />

ponta é construí<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s três primeiras; é<br />

um desejo e um caminho, como to<strong>da</strong>s as perguntas<br />

são. Como construir um percurso artístico<br />

e de transmissão para os artistas<br />

locais que os torne artífices e gerenciadores<br />

<strong>da</strong>s suas próprias características culturais,<br />

<strong>da</strong>s suas festas e do seu cotidiano<br />

especial?<br />

A linha básica <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> profissional está<br />

liga<strong>da</strong> à <strong>Educação</strong> e às Artes, tendo sempre<br />

trabalhado nessas áreas de diversas formas.<br />

Tive, desde os cinco anos, uma formação artística<br />

que incluiu música, <strong>da</strong>nça e artes plásticas.<br />

A partir dos 19 anos me envolvi em teatro popular<br />

amador e de rua, quando também me iniciei<br />

como orientadora de trabalhos corporais e<br />

teatrais em associações e paróquias. Atuei<br />

como atriz, desde então. Desta época são os<br />

trabalhos feitos nos D.As e nos bairros populares,<br />

nunca mais abandonados. Esse tipo de ativi<strong>da</strong>de<br />

me deu duas dimensões até hoje váli<strong>da</strong>s:<br />

o compromisso com uma arte volta<strong>da</strong> para o<br />

povo e o popular, e um tipo de urgência e intensi<strong>da</strong>de<br />

tanto na cena quanto no dia a dia, que<br />

busco manter como princípio de vi<strong>da</strong>. Priorita-<br />

202<br />

riamente atuando em instituições, pessoas e<br />

grupos ligados ao teatro para a comuni<strong>da</strong>de ou<br />

de fora dos muros <strong>da</strong> Escola de Teatro, trabalhei<br />

ao lado de Antonio Gody e Geraldo Aragão,<br />

sob a indicação de Sergio Farias, como<br />

coordenadora de Teatro no CECUP (Centro de<br />

Estudos e Cultura Popular), como coordenadora<br />

de pesquisa e atriz no projeto Teatro (Márcio<br />

Meirelles, Ma. Eugenia Millet e Ângela<br />

Fialho) e como atriz e assessora de peças e<br />

festivais <strong>da</strong> Casa Via Magia, dentre muitos outros<br />

projetos.<br />

Analisando minha trajetória, vejo que minha<br />

principal motivação no trabalho artístico<br />

tem sido a compreensão dos seus processos,<br />

com vistas à valorização do sujeito.<br />

Muitas outras iniciativas alimentaram, desde<br />

então, meu pensamento em ação sobre o fazer<br />

artístico enquanto baiana, um fazer artístico<br />

conectado ao fazer cultural já existente na minha<br />

terra. Essa motivação define minha atuação<br />

como pesquisadora, educadora e autora.<br />

Define também um olhar e um caminho metodológico<br />

como pesquisadora, o que justifica<br />

minha narrativa de trajeto pessoal. A pesquisa<br />

em artes, feita a partir do artista-pesquisador,<br />

não pode prescindir do corpo e do olhar deste,<br />

criando seus próprios métodos e estratégias a<br />

partir desse lugar.<br />

Nos últimos anos, tenho pensado no que seria<br />

um curso, ou melhor, um percurso de artes<br />

dentro <strong>da</strong> UNEB. Parto do referencial teórico<br />

dos estudos sobre o corpo, sobre a corporei<strong>da</strong>de<br />

e os modos de uso do corpo (Marcel Mauss,<br />

Andrée Grau, Paulo Freire). Dos estudos sobre<br />

voz e gesto vocal de Sara Lopes, dos instrumentos<br />

de Walter Smetack, <strong>da</strong> música para<br />

a cena e dos sons dessa minha terra. Tenho<br />

também acompanhado as discussões sobre o<br />

campo <strong>da</strong> Etnocenologia, criado a 10 anos, do<br />

qual me interessam principalmente as noções<br />

de espetacular e cotidiano e de estados psicofísicos<br />

como metodologia de trabalho do artista<br />

<strong>da</strong> cena, abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s em especial os trabalhos<br />

de Armindo Bião, Jean-Marie Pradier e Rafael<br />

Mandressi.<br />

Voltando à UNEB, em 1995 pensei em criar<br />

um curso de artes cênicas, ou de cinema. Isso<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 201-207, jan./jun., 2006

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!