Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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A concepção de conhecimento profissional e sua aquisição por professores do ensino médio<br />
Os professores que têm uma opinião mais<br />
ampla sobre os tipos de conhecimento são professores<br />
com mais tempo de dedicação ao<br />
Magistério, ao passo que os professores que<br />
têm uma visão um pouco mais restrita sobre o<br />
conhecimento são professores em estágio inicial<br />
e intermediário <strong>da</strong> carreira que, possivelmente,<br />
ain<strong>da</strong> estão tentando conseguir li<strong>da</strong>r com<br />
questões relativas ao domínio <strong>da</strong> turma e aspectos<br />
inerentes à administração <strong>da</strong> sala de aula<br />
e o repasse puro e simples do conteúdo.<br />
Um outro aspecto muito interessante a ser<br />
observado é a questão de como os professores<br />
participantes deste estudo adquirem o conhecimento.<br />
A aquisição do conhecimento<br />
Quando perguntamos aos professores como<br />
eles adquirem o conhecimento para exercer a<br />
profissão docente, as respostas variaram: por<br />
meio de cursos por iniciativa própria e por meio<br />
de cursos ofertados pela Secretaria de <strong>Educação</strong>,<br />
leitura de livros na área específica e na<br />
experiência do dia-a-dia.<br />
234<br />
Tenho feito cursos. O curso de especialização<br />
que eu fiz foi muito bom. Tenho lido muitos livros,<br />
tenho visto outras reali<strong>da</strong>des. Eu trabalhei<br />
um tempo na Prefeitura de Curitiba. Vai <strong>da</strong> busca<br />
e do objetivo. (Professora de Português/Inglês,<br />
oito anos de Magistério).<br />
Eventualmente. Eu leio revistas como a Nova<br />
Escola, jornais, etc. Cursos eu faço eventualmente,<br />
quando a Secretaria nos oferece um curso,<br />
principalmente quando está dentro do<br />
nosso horário de trabalho. É interessante porque<br />
a gente considera esses cursos como trabalho,<br />
então é muito bom. Mesmo assim, por<br />
exemplo, esse ano eu fiz um curso de informática<br />
(internet e PowerPoint) para entender<br />
como eu posso preparar as minhas aulas com<br />
uma linguagem mais interessante para os alunos<br />
e foi super divertido, foi assim dois meses<br />
de aula e foi no meu horário de trabalho, duas<br />
manhãs e foi aqui na escola, pois temos um<br />
excelente laboratório e temos a Internet à vontade.<br />
Então, duas manhãs eu não trabalhava e<br />
ficava no laboratório. (Professora de Biologia,<br />
doze anos de Magistério).<br />
Eu fui atrás. O próprio governo ofertou vários<br />
cursos de “Tapeação” e não “Capacitação”. O<br />
governo seleciona profissionais “teóricos” para<br />
ministrar as aulas a professores “práticos” que<br />
querem aperfeiçoar suas práticas em sala de aula.<br />
Dois cursos que eu participei não corresponderam<br />
as minhas expectativas e frustração. A maioria<br />
dos profissionais falou dos vários fatores que<br />
causam a surdez, tipos de surdez, aparelhos, exames<br />
e outros. Mas não conhecem a cultura do<br />
surdo, e as limitações educacionais dos mesmos.<br />
Então resolvi procurar um curso que me proporcionasse<br />
resultados. Concluí o curso de <strong>Educação</strong><br />
Especial e faço LIBRAS. Língua dos Sinais. Infelizmente<br />
a secretaria de educação não pensa em<br />
suprir as necessi<strong>da</strong>des educacionais, limitam despesa<br />
com xerox, laboratório práticos, recursos didáticos<br />
e mescla a capacitação profissional,<br />
teorizando os problemas e as soluções. Essa atitude<br />
é automaticamente passa<strong>da</strong> as escolas que<br />
pouco conseguem fazer, sem apoio. (Professora<br />
de História, dez anos de Magistério).<br />
Para aprofun<strong>da</strong>r um pouco mais essa questão,<br />
perguntamos aos professores de onde vinha<br />
o interesse em buscar o conhecimento. Todos os<br />
professores participantes do estudo responderam<br />
que o interesse era impulsionado pela própria<br />
vontade. A seguir, apresentamos as opiniões mais<br />
representativas dessa questão:<br />
Vem <strong>da</strong> minha vontade. O aluno me desafia muito<br />
pouco na sala de aula. Eu vou buscar mais conhecimentos<br />
para poder contextualizar mais as aulas<br />
e trazer temas que agradem mais a i<strong>da</strong>de deles e<br />
neste sentido, a química é privilegia<strong>da</strong> (Professora<br />
de Química, cinco anos de Magistério).<br />
Da minha vontade. Eu não consigo me imaginar<br />
sem buscar o conhecimento. Por parte do aluno<br />
só se for indiretamente. Quando eu percebo que<br />
uma maneira de agir em sala faz com que o aluno<br />
tenha uma produtivi<strong>da</strong>de melhor ai eu sinto estímulo<br />
e vou buscar mais para aprofun<strong>da</strong>r os meus<br />
conhecimentos, mas não é o aluno conscientemente<br />
que me estimula a fazer isso. (Professor<br />
de Física, oito anos de Magistério).<br />
Acho que depende <strong>da</strong> gente mesmo. Veja bem,<br />
os alunos estão ca<strong>da</strong> vez mais acomo<strong>da</strong>dos, não<br />
procuram se esforçar e infelizmente é a grande<br />
maioria. Então o professor deve correr atrás, pesquisar<br />
e se municiar de materiais para <strong>da</strong>r conta<br />
do conteúdo, tentar mu<strong>da</strong>r seu jeito de <strong>da</strong>r aula.<br />
Não é fácil porque como eu disse, a gente quase<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 227-238, jan./jun., 2006