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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Se der a gente brinca: crenças <strong>da</strong>s professoras sobre ludici<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>des lúdicas<br />

ludici<strong>da</strong>de. Essa comprovação <strong>da</strong>s professoras<br />

Margari<strong>da</strong> e Cândi<strong>da</strong> constitui uma crença que<br />

denominei Eu não sei ensinar brincando! Essa<br />

crença não se refere somente às ativi<strong>da</strong>des lúdicas,<br />

mas também a um trabalho que tenha os<br />

pressupostos <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de. Essa deficiência<br />

é origina<strong>da</strong> nos cursos de formação que elas<br />

fizeram. Vejamos como Margari<strong>da</strong> se expressa<br />

sobre esse assunto:<br />

68<br />

Eu acho que na minha formação de magistério,<br />

eu não tive aquele negócio de trabalhar, ensinar<br />

brincando, eu não tive.<br />

A dificul<strong>da</strong>de que o/a professor/a tem em<br />

organizar sua práxis pe<strong>da</strong>gógica pela via <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de<br />

ocorre também porque a sua formação<br />

– incluindo todo o processo e não somente<br />

os cursos de formação de professor – não lhe<br />

confere o ensejo de vivenciar ativi<strong>da</strong>des que<br />

tenham esse caráter. Geralmente, entretanto,<br />

esses cursos ensinam e solicitam que esse profissional<br />

estabeleça a sua práxis pauta<strong>da</strong> nas<br />

teorias de conhecimento que defendem o educando<br />

como ser ativo e, também, que utilize as<br />

manifestações lúdicas no processo de ensinoaprendizagem.<br />

Assim como a criança precisa<br />

do adulto para ter acesso ao acervo lúdico disponível<br />

na cultura, os futuros professores, que<br />

se encontram em formação, também necessitam<br />

vivenciar a importância dessas ativi<strong>da</strong>des<br />

na condição de alunos.<br />

Acredito que a presença <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de na<br />

práxis do professor é muito mais do que a adoção<br />

de uma nova técnica de ensino. É, especialmente,<br />

a adoção de uma nova atitude em<br />

relação ao seu trabalho, aos sujeitos que dele<br />

participam. A escolha de uma posição que privilegia<br />

a visão mecânica, fecha<strong>da</strong>, postula<strong>da</strong> na<br />

racionali<strong>da</strong>de técnica ou em dimensões mais<br />

prazerosas, mais fluí<strong>da</strong>s e expressivas do seu<br />

fazer pe<strong>da</strong>gógico são escolhas que, embora não<br />

sendo somente uma opção racional, dependem<br />

muito do próprio sujeito.<br />

É importante mencionar, também, que, ao<br />

brincar com as crianças o professor não está<br />

somente contribuindo para a formação <strong>da</strong> criança,<br />

mas também proporcionando a si próprio<br />

entrar em contato, através <strong>da</strong> memória, com as<br />

suas experiências culturais, positivas e negativas,<br />

as quais têm sua fonte no pessoal e no social.<br />

Essa possibili<strong>da</strong>de não tem em si um caráter<br />

compensatório, pois acredito que a forma de<br />

vivenciar a ludici<strong>da</strong>de na infância não é a<br />

mesma no indivíduo adulto, haja vista que os<br />

referenciais que os dois trazem em si são diferenciados,<br />

mas talvez ajudem o adulto, ao conectar<br />

o passado e o presente, a estabelecer<br />

uma relação mais prazerosa com as crianças e<br />

consigo próprio.<br />

2.4 Trabalho docente e vivência<br />

lúdica na escola: que crenças<br />

permeiam o que fazer pe<strong>da</strong>gógico<br />

<strong>da</strong>s professoras?<br />

Neste tópico objetivo analisar as crenças <strong>da</strong>s<br />

professoras sobre a sua função docente, em<br />

especial, nas séries iniciais, compreendendo a<br />

discussão sobre o trabalho educativo, a especifici<strong>da</strong>de<br />

desse profissional e o seu papel frente<br />

à ludici<strong>da</strong>de e às ativi<strong>da</strong>des lúdicas. Procuro,<br />

ain<strong>da</strong>, demonstrar que uma atitude lúdica do<br />

professor contribui para a realização de um trabalho<br />

de quali<strong>da</strong>de na busca <strong>da</strong> formação humana.<br />

Um aspecto relevante em relação ao processo<br />

formativo e às crenças foi apresentado<br />

pela Professora Margari<strong>da</strong>, quando questionei<br />

a relação entre o seu fazer pe<strong>da</strong>gógico e o curso<br />

de magistério que fez. Sobre isso ela relata:<br />

Tudo que eu faço hoje, eu aprendi ensinando,<br />

perguntando aos colegas, por mim mesma, não<br />

o que eu aprendi no magistério.<br />

Essa constatação de Margari<strong>da</strong> é de grande<br />

importância para o estudo <strong>da</strong>s crenças, pois<br />

como já mostrei ao enumerar algumas características<br />

<strong>da</strong>s convicções, a escola é um espaço<br />

formativo de grande importância para o/a professor/a,<br />

inclusive se tornando mais decisivo nas<br />

atitudes assumi<strong>da</strong>s por eles/as em salas de aulas<br />

do que nos cursos de formação, como constatam<br />

Ana Maria Sa<strong>da</strong>lla (1998), Rita de C. Silva<br />

(2000), Maurice Tardif (2002) e Philippe Perrenoud<br />

(2001,) dentre outros. Assim, as esco-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006

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