11.04.2013 Views

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O especial dos jogos e brincadeiras no atendimento às diferenças<br />

<strong>da</strong> brincadeira “Fitas” 2 , a nomeação e identificação<br />

de cores e de numerais. Essa brincadeira<br />

constitui-se um legado <strong>da</strong> cultura popular<br />

sendo, portanto, uma brincadeira tradicional.<br />

Durante o desenvolvimento <strong>da</strong> brincadeira,<br />

verificou-se que os alunos inicialmente rejeitaram<br />

assumir o papel de anjo mal, preferindo ser<br />

chamados de Anjo Ja e Anjo Jo (iniciais dos<br />

nomes dos alunos). Após o esclarecimento <strong>da</strong><br />

regra <strong>da</strong> brincadeira, a professora disse para<br />

os alunos que representariam as fitas quais as<br />

suas cores e, a partir de então, os anjos deveriam<br />

adivinhá-las. Porém, no decorrer <strong>da</strong> brincadeira<br />

os alunos diziam sempre a mesma cor e<br />

ain<strong>da</strong> que não tivesse nenhuma fita com aquela<br />

cor mantinham a mesma opção. Entretanto, essa<br />

opção de cor não era feita de forma aleatória,<br />

pois eles escolhiam a cor <strong>da</strong>s paredes <strong>da</strong> escola,<br />

<strong>da</strong>s nuvens (já que a brincadeira foi feita na<br />

área externa) ou <strong>da</strong> grama. Percebe-se que essa<br />

era uma estratégia utiliza<strong>da</strong> pelos alunos para<br />

lembrarem-se <strong>da</strong>s cores.<br />

152<br />

Foi possível vivenciar (...) as situações coloca<strong>da</strong>s<br />

no ato de planejar e ain<strong>da</strong> ir além nas descobertas,<br />

pois os alunos desenvolviam estratégias<br />

interessantes (...) na brincadeira (M. P. S. S./Aluna<br />

do Curso de Pe<strong>da</strong>gogia /Noturno – Autoavaliação).<br />

Como se pode ver no depoimento em destaque,<br />

a brincadeira como parte do processo de<br />

mediação pe<strong>da</strong>gógica proporciona avanços no<br />

desenvolvimento <strong>da</strong>s estratégias de aprendizagens<br />

pelos alunos.<br />

Outra situação observa<strong>da</strong> foi a repetição<br />

<strong>da</strong> cor a partir do acerto. Nesses momentos, a<br />

professora fazia mediações, solicitando que o<br />

aluno escolhesse outra cor que ain<strong>da</strong> não tivesse<br />

sido dita. Era notória nesses instantes a<br />

solicitude dos colegas, sugerindo outras possibili<strong>da</strong>des<br />

de cores. Isso demonstra o ambiente<br />

de cooperação que era estabelecido a partir<br />

<strong>da</strong> brincadeira, o que favorecia a aprendizagem<br />

dos alunos.<br />

No decorrer <strong>da</strong> brincadeira a professora também<br />

fazia intervenções do tipo: – Jo tem quantas<br />

fitas? – (Jo, contando, respondia) Um, dois,<br />

três. – E Ja? – perguntava a professora. – Uma<br />

(todos diziam). A professora então solicitava<br />

que os alunos reconhecessem o numeral três e<br />

o numeral um. Ao visualizarem o numeral três,<br />

os alunos diziam que era a letra E. A professora<br />

fazia novas mediações, mostrando a diferença<br />

entre ambos até que o grupo os pudesse<br />

diferenciar.<br />

Para Mantoan (1997), a ausência dessas<br />

mediações e interações desencadeia, nas pessoas<br />

com necessi<strong>da</strong>des educativas especiais, o<br />

chamado déficit circunstancial que se constitui<br />

a partir destes determinantes sociais e se transformam<br />

em obstáculos para aprendizagem e<br />

desenvolvimento do sujeito. Este déficit circunstancial<br />

associado ao déficit real ou orgânico<br />

potencializa as dificul<strong>da</strong>des vivencia<strong>da</strong>s por estas<br />

pessoas.<br />

Assim, é possível perceber a importância <strong>da</strong>s<br />

mediações sociais para o brincar e as possibili<strong>da</strong>des<br />

de criações de zonas de desenvolvimento<br />

proximal através do jogo, isto é, a possibili<strong>da</strong>de<br />

de resolver-se uma situação problema sob a<br />

mediação de um adulto ou colaboração de um<br />

companheiro mais capaz. Para Vygotsky (1998,<br />

p. 134), “o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento<br />

proximal <strong>da</strong> criança”, pois possibilita<br />

um comportamento para além do seu<br />

habitual.<br />

A professora também solicitou que Jo separasse<br />

três cadeiras e todos os demais vibravam<br />

com o seu acerto. À outra aluna, a<br />

professora solicitou que separasse três meninos.<br />

E outra vibração acontecia a partir do acerto.<br />

Durante a brincadeira, podia-se observar o<br />

interesse e envolvimento de todos os alunos.<br />

Outro avanço observado foi com relação à<br />

memorização do verso pelos alunos e, mesmo<br />

2 FITAS - CONTEÚDOS: CONCEITUAIS - Identificar<br />

cores. PROCEDIMENTAIS - Desenvolver a orali<strong>da</strong>de, percepção,<br />

atenção e seqüenciação. ATITUDINAIS - Desenvolver<br />

a autonomia, observação e obediência de regras.<br />

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS: O grupo escolhe três<br />

colegas para serem: Anjo Bem, Anjo Mal e o proprietário<br />

<strong>da</strong>s fitas. O proprietário <strong>da</strong>s fitas dirá no ouvido dos demais<br />

participantes do grupo suas respectivas cores. O Anjo Bem<br />

e o Anjo Mal vão, em seqüência, tentar adivinhar as cores<br />

<strong>da</strong>s fitas dizendo ao proprietário: - Tum, tum, tum. Este<br />

responde: - Quem bate? - Sou eu, Anjo Bem. - O que<br />

deseja? - Uma fita. - Que cor? – (Diz uma cor) Quando<br />

acerta, leva a fita e quando erra, o proprietário diz: - Escorrega<br />

na gameleira pra lamber sabão. Vence a brincadeira<br />

quem conseguir o maior número de fitas.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 147-156, jan./jun., 2006

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!