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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Uma escola de música e artes brasileiras na Bahia<br />

go. Os mestres e educadores, portanto, deveriam<br />

trabalhar com as referências musicais, poéticas,<br />

corporais e estéticas do universo juvenil,<br />

apoiado em teorias e experiências seculares <strong>da</strong><br />

música euro-brasileira, erudita e/ou popular,<br />

como também com as práticas e saberes <strong>da</strong><br />

música afro-brasileira e ameríndia.<br />

Perspectivas<br />

Quais seriam parâmetros, conteúdos e referências<br />

metodológicas para a construção de uma<br />

“Escola de Música com Cara Nordestina / Brasileira”?<br />

Somente uma resposta complexa do<br />

tamanho de um doutorado em <strong>Educação</strong> Musical<br />

e/ou Artística/Cultural/Patrimonial poderia<br />

satisfazer essa necessi<strong>da</strong>de de fun<strong>da</strong>mentar, planejar,<br />

projetar e realizar um empreendimento<br />

desta natureza o que não impede ousar realizar<br />

os primeiros passos nesta direção. Acredito na<br />

experiência e trajetória prática e teórica de educadores,<br />

músicos, produtores, antropólogos, mestres,<br />

artistas e professores <strong>da</strong>s demais linguagens<br />

artísticas que principalmente no Nordeste nos<br />

últimos anos estão buscando e construindo uma<br />

reali<strong>da</strong>de cultural original e inovadora e <strong>da</strong>ria<br />

neste momento somente algumas idéias norteadoras<br />

que podem servir como linhas de ação e<br />

reflexão a construção de um projeto educacional<br />

nesta linha:<br />

• Interdisciplinari<strong>da</strong>de - o ensino musical<br />

não deveria somente contar com<br />

músicos, compositores e educadores<br />

musicais profissionais e sim contar com<br />

a experiência e contribuição profissional<br />

<strong>da</strong> etnomusicologia, tradição e memória<br />

oral, sócio-antropologia, história, produção<br />

cultural, comunicação, literatura, arteeducação,<br />

ludici<strong>da</strong>de, e principalmente<br />

<strong>da</strong>s linguagens artísticas cênicas (<strong>da</strong>nça<br />

e teatro).<br />

• Diversi<strong>da</strong>de musical - o ensino musical<br />

deveria pesquisar, registrar, sistematizar<br />

e transmitir os diversos estilos musicais<br />

nordestinos contextualizando-os<br />

com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> equipe interdisciplinar<br />

quanto à diversi<strong>da</strong>de de gêneros (cêni-<br />

180<br />

co-) musicais e suas variações locais em<br />

termos de: ritmos, melodias, harmonias,<br />

arranjos, tonali<strong>da</strong>des, timbres vocais e<br />

instrumentais, poesias, instrumentos,<br />

materiais, técnicas etc.<br />

• Integração artística e cultural – o ensino<br />

musical deveria contemplar e estu<strong>da</strong>r<br />

as diversas expressões musicais <strong>da</strong><br />

cultura popular em combinação com as<br />

outras linguagens artísticas, sendo que as<br />

músicas de tradição oral geralmente se<br />

apresentam de forma integra<strong>da</strong> e complexa<br />

com as narrativas e corporali<strong>da</strong>des<br />

específicas <strong>da</strong>s matrizes africanas,<br />

ameríndias e luso-ibero-árabes que deveriam<br />

ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s através <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça,<br />

do teatro, <strong>da</strong> literatura oral, <strong>da</strong> estética e<br />

arte visuais.<br />

• Perspectiva profissional contemporânea<br />

– uma escola de música brasileira<br />

contemporânea deve proporcionar uma<br />

formação flexível para um mercado de<br />

trabalho na visão do séc. XXI. As novas<br />

dimensões no campo profissional devem<br />

levar ao estudo <strong>da</strong>s artes com especializações<br />

para uma prática contemporânea,<br />

formando músicos em diversos estilos de<br />

execução, educadores musicais, diretores<br />

musicais, arranjadores, compositores,<br />

técnicos de gravação e mixagem, produtores<br />

musicais, críticos, pesquisadores e<br />

radialistas e músicos/artistas interdisciplinares<br />

que buscam interface profissional<br />

com outras linguagens artísticas<br />

(<strong>da</strong>nça, teatro, cinema, poesia etc.)<br />

• Relação com a comuni<strong>da</strong>de – o ensino<br />

musical brasileiro, deveria reconhecer<br />

o privilégio de participar de uma mu<strong>da</strong>nça<br />

cultural que abre o horizonte para<br />

seus tesouros culturais e musicais locais<br />

e procurar caminhos para trocar seus<br />

privilégios intelectuais e materiais com as<br />

pessoas e regiões que produzem e preservam<br />

as riquezas culturais, mas carecem<br />

de acesso aos bens materiais e as<br />

informações e estruturas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

urbana contemporânea. Recomendo a<br />

inclusão de mestres e músicos <strong>da</strong> cultu-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 173-184, jan./jun., 2006

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