Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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A concepção de conhecimento profissional e sua aquisição por professores do ensino médio<br />
mobilizados na prática, ou seja, os saberes <strong>da</strong><br />
experiência. Ele considerou que a plurali<strong>da</strong>de<br />
de saberes (curriculares, disciplinares, e de formação<br />
profissional) que envolve os saberes <strong>da</strong><br />
experiência é ti<strong>da</strong> como central na competência<br />
profissional e é oriun<strong>da</strong> do trabalho cotidiano<br />
do professor.<br />
Borges (1996) conduziu um estudo com professores<br />
de <strong>Educação</strong> Física para analisar como<br />
eles construíam os seus saberes docentes. Concentrou<br />
a investigação na trajetória profissional<br />
de dois professores a partir <strong>da</strong> análise de sua<br />
formação e prática pe<strong>da</strong>gógica. Concluiu que<br />
tanto as experiências esportivas, acadêmicas e<br />
profissionais contribuem na gênese dos saberes<br />
que os professores de <strong>Educação</strong> Física<br />
mobilizam no cotidiano escolar.<br />
Caldeira (1995) buscou investigar os saberes<br />
implícitos construídos e apropriados pelo<br />
professor em sua prática durante sua trajetória<br />
profissional e pessoal. Partindo <strong>da</strong> suposição de<br />
que o docente se apropria e produz saberes na<br />
ativi<strong>da</strong>de escolar, procurou descrever e analisar<br />
a prática docente de uma professora do<br />
Ensino Fun<strong>da</strong>mental e a reconstrução do processo<br />
de constituição do seu saber. A autora,<br />
basea<strong>da</strong> no estudo de Tardif et al. (1991), considera<br />
os diversos tipos de saberes (<strong>da</strong>s disciplinas,<br />
curriculares, profissionais e <strong>da</strong> experiência)<br />
como integrantes <strong>da</strong> prática docente,<br />
sendo que a diferença estaria na relação do<br />
professor com ca<strong>da</strong> um deles.<br />
Todos esses estudos procuram, de certa<br />
maneira, enfatizar o conhecimento <strong>da</strong> experiência<br />
do professor, mas usar o rótulo “conhecimento<br />
do professor” ou “conhecimento prático<br />
do professor” ou “conhecimento <strong>da</strong> experiência”<br />
como um conceito abrangente para as cognições<br />
do professor significa incluir formas<br />
tácitas de conhecimento.<br />
Muito embora o conhecimento <strong>da</strong> experiência<br />
esteja recebendo mais e mais atenção na<br />
literatura recente e alguns autores dão boas vin<strong>da</strong>s<br />
a essa progressiva atenção como uma possível<br />
resposta a dúvi<strong>da</strong>s sobre o profissionalismo<br />
do professor, é muito importante basear os julgamentos<br />
sobre os estudos do conhecimento do<br />
professor no exame preciso do que é o estudo<br />
230<br />
e não nos rótulos usados. Isso não altera o fato<br />
de que parece ser muito difícil compreender os<br />
componentes tácitos e intuitivos <strong>da</strong>s cognições<br />
do professor na pesquisa sobre o seu conhecimento,<br />
o que torna as iniciativas de desenvolvimento<br />
de teorias e de pesquisas nessa área<br />
muito importante.<br />
O conhecimento do professor, derivado <strong>da</strong><br />
experiência pessoal significa que o conhecimento<br />
não é alguma coisa objetiva e independente<br />
para ser aprendido e transmitido, mas ao contrário,<br />
é a soma total <strong>da</strong>s suas experiências.<br />
Eraut (1994) enfatizou que é necessário<br />
muito mais pesquisas nessa área para entender<br />
melhor o processo pelo qual os professores adquirem<br />
e integram os conhecimentos de diferentes<br />
fontes no modelo conceitual que orienta<br />
suas ações na prática. E, é claro, os professores<br />
podem diferir enormemente no grau pelo<br />
qual utilizam o conhecimento teórico em seu<br />
conhecimento prático.<br />
No entanto, ao investigar o conhecimento<br />
do professor, o principal foco de atenção deverá<br />
ser na complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s cognições,<br />
nas maneiras como isso se desenvolve<br />
e na maneira como isso interage com o comportamento<br />
do professor na sala de aula. O<br />
conhecimento e as crenças são vistos como inseparáveis,<br />
embora as crenças sejam vistas, de<br />
modo geral, como se referindo a valores pessoais,<br />
atitudes e ideologias e o conhecimento às<br />
proposições mais factuais do professor (VER-<br />
LOOP; VAN DRIEL; MEIJER, 2001).<br />
É importante observar que o repertório de<br />
conhecimentos que o professor detém afeta<br />
ca<strong>da</strong> aspecto do ato de ensinar. Ele afeta a relação<br />
professor/aluno, a interpretação do professor<br />
<strong>da</strong> sua disciplina e a sua importância na<br />
vi<strong>da</strong> dos alunos; como os professores trabalham<br />
com os livros textos recomen<strong>da</strong>dos; o planejamento<br />
curricular, a avaliação dos alunos e assim<br />
por diante.<br />
Quando se fala de “conhecimento do professor”,<br />
o conceito de “conhecimento” deve<br />
ser usado como um conceito abrangente e inclusivo,<br />
resumindo uma ampla varie<strong>da</strong>de de<br />
cognições, desde opiniões conscientes e bem<br />
equilibra<strong>da</strong>s a intuições inconscientes e irre-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 227-238, jan./jun., 2006