Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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mo sem saber, ao certo, que direção seguir. O<br />
trabalho educativo junto a esses sujeitos permite-nos<br />
perceber, claramente, esta esperança e<br />
estes anseios. Olhar para a <strong>Educação</strong> de Jovens<br />
e Adultos representa um olhar sob a minha<br />
2 práxis pe<strong>da</strong>gógica; significa visualizar<br />
meus sonhos e utopias, frente à construção de<br />
uma socie<strong>da</strong>de mais justa, além de verificar as<br />
dificul<strong>da</strong>des de aprendizagem e os desafios encontrados<br />
nesse segmento de ensino. Olhar para<br />
este campo é deparar-se com as contradições<br />
existentes nos processos humanos: sonhos X<br />
reali<strong>da</strong>de e possibili<strong>da</strong>des X limitações. É deparar-se<br />
com o campo de incertezas que revelam<br />
fraquezas e conquistas na práxis pe<strong>da</strong>gógi-<br />
Com base nas respostas anuncia<strong>da</strong>s pelos<br />
30 estu<strong>da</strong>ntes, em entrevistas coletivas desta<br />
pesquisa, 63% tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>r<br />
na infância, enquanto 30% nunca tiveram<br />
contato com uma sala de aula e 6,67% preferiram<br />
não opinar sobre esta questão.<br />
Revelou-se também que 80% dos entrevistados<br />
que estu<strong>da</strong>ram na infância, afirmaram que<br />
a experiência escolar não possibilitou o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, por diversos<br />
motivos anunciados por eles. Os motivos mais<br />
freqüentes estavam relacionados ao fato de terem<br />
estu<strong>da</strong>do durante um tempo restrito na es-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 133-146, jan./jun., 2006<br />
Cilene Nascimento Can<strong>da</strong><br />
ca. É a compreensão de estar construindo um<br />
percurso que não está instituído e que está sendo<br />
trilhado permanentemente.<br />
Olhar para estes trabalhadores analfabetos é<br />
olhar para uma parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de excluí<strong>da</strong> de<br />
todo um processo oficial de acúmulo de conhecimentos<br />
historicamente construídos pela humani<strong>da</strong>de<br />
na consoli<strong>da</strong>ção permanente <strong>da</strong> cultura,<br />
conforme se verificou nesta pesquisa de Mestrado,<br />
realiza<strong>da</strong> na Escola Municipal do Pau Miúdo.<br />
Neste grupo específico, grande parte dos<br />
alunos jovens e adultos sofreu a exclusão <strong>da</strong> escola<br />
durante a infância, tanto no que concerne<br />
ao acesso, quanto à oportuni<strong>da</strong>de de permanência,<br />
como mostra o gráfico 3 abaixo:<br />
cola, seja por conta <strong>da</strong> distância entre a escola<br />
e a casa do aluno, principalmente para os <strong>da</strong>s<br />
áreas rurais do interior <strong>da</strong> Bahia; ou por conta<br />
<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de trabalhar durante a infância,<br />
dificultando as condições de freqüência a uma<br />
instituição formal de ensino e de acompanhamento<br />
do ritmo escolar. Esta situação está representa<strong>da</strong><br />
no gráfico a seguir:<br />
2 Optei, conscientemente, em utilizar as 1ª e 3ª pessoas,<br />
por reportar-me, algumas vezes, à minha pesquisa e prática<br />
pe<strong>da</strong>gógica e, outras vezes, ao contexto sócio-educacional.<br />
3 Fonte: Entrevistas realiza<strong>da</strong>s com os estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> <strong>Educação</strong><br />
de Jovens e Adultos em sala de aula.<br />
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