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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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O teatro-educação enquanto componente curricular no meio rural: uma experiência na escola comunitária Brilho do Cristal<br />

estórias coletivas construí<strong>da</strong>s pelo grupo, estórias<br />

conta<strong>da</strong>s pelos avós <strong>da</strong>s crianças, estórias<br />

cria<strong>da</strong>s pelas crianças, a<strong>da</strong>ptações de estórias<br />

<strong>da</strong> literatura infantil, assim como sugestões de<br />

temas que elas estavam trabalhando na Escola.<br />

To<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des teatrais tinham como<br />

base metodológica as brincadeiras e os processos<br />

de improvisação.<br />

A brincadeira de faz de conta, assumir papéis,<br />

personagens, tão predominante nas crianças,<br />

favorecem a criação de situações<br />

imaginárias a partir <strong>da</strong>s experiências vivi<strong>da</strong>s. A<br />

reorganização de experiências vivi<strong>da</strong>s é considera<strong>da</strong><br />

por Vigotski imprescindível no processo<br />

de desenvolvimento <strong>da</strong>s crianças, logo a cultura,<br />

o saber construído no cotidiano, a troca de<br />

experiência e a interação devem ser valoriza<strong>da</strong>s.<br />

Torna-se necessário um diálogo entre educação,<br />

socie<strong>da</strong>de e cultura se desejarmos formar<br />

seres criativos, críticos.<br />

Cabe à escola a tarefa de estimular a fruição<br />

do conhecimento que ca<strong>da</strong> criança traz <strong>da</strong><br />

sua experiência de mundo e valorizá-lo enquanto<br />

conteúdo significativo. É fun<strong>da</strong>mental que a<br />

Escola receba outros elementos <strong>da</strong> cultura, que<br />

não a escolariza<strong>da</strong> e, assim, possa beneficiar e<br />

enriquecer o repertório imaginativo <strong>da</strong> criança<br />

através de jogos. Koudela afirma “que:”... o<br />

processo de atuação no Teatro deve ser baseado<br />

na participação em jogo. Por meio do envolvimento<br />

criado pela relação do jogo, o<br />

participante desenvolve liber<strong>da</strong>de pessoal dentro<br />

do limite de regras estabeleci<strong>da</strong>s e cria técnicas<br />

e liber<strong>da</strong>des pessoais necessárias para o<br />

jogo.” (1998, p.43)<br />

A ativi<strong>da</strong>de com o brincar de fazer Teatro<br />

era oferecido às crianças que queriam participar,<br />

independentes <strong>da</strong> série que estivesse cursando.<br />

Procurava incentivar a participação <strong>da</strong>s<br />

crianças. Algumas, porém, preferiam apenas<br />

assistir. As crianças nos desafiavam constantemente<br />

a sermos um, a encontrarmos a uni<strong>da</strong>de<br />

na diversi<strong>da</strong>de.<br />

Na busca de contemplarmos as diversi<strong>da</strong>des<br />

culturais e sociais tão presentes em nosso<br />

contexto, optamos, em relação a nossa<br />

organização espacial, pela ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ro<strong>da</strong>.<br />

Além de acreditarmos na ro<strong>da</strong> enquanto sím-<br />

104<br />

bolo <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de, enquanto sistema de organização<br />

espacial, na ro<strong>da</strong> todos se vêem, não<br />

há uma distribuição hierárquica, provocadora<br />

de tensões, do tipo primeiro e último, frente<br />

e atrás, etc. A ro<strong>da</strong> tornou-se elemento<br />

constituinte de nossas práticas pe<strong>da</strong>gógicas:<br />

ro<strong>da</strong> de chega<strong>da</strong>, ro<strong>da</strong> de conversa, ro<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

comi<strong>da</strong>, ro<strong>da</strong> do agradecimento, ro<strong>da</strong> de assembléia,<br />

ro<strong>da</strong> de reunião, ro<strong>da</strong> de cadeiras,<br />

ro<strong>da</strong> de esteiras, ro<strong>da</strong> de avaliação, ro<strong>da</strong> de<br />

<strong>da</strong>nça e brincadeiras de ro<strong>da</strong>. Assim fomos<br />

nos reconhecendo e tecendo o nosso diálogo,<br />

afinal como coloca Freire:<br />

Não há diálogo, porém, se não há um profundo<br />

amor ao mundo e aos homens. Não é possível a<br />

pronúncia do mundo, que é um ato de criação e<br />

recriação, se não há amor que a infun<strong>da</strong>. Sendo<br />

fun<strong>da</strong>mento do diálogo o amor é, também, diálogo.<br />

Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos<br />

e que não possa verificar-se na relação de<br />

dominação. Nesta o que há de patologia de amor:<br />

sadismo em quem domina: masoquismo nos dominados.<br />

Amor não. Porque é um ato de coragem<br />

nunca de medo, o amor é compromisso com<br />

os homens... Este compromisso, porque é amoroso,<br />

é dialógico. (1987, p.80)<br />

Acreditávamos no compromisso amoroso,<br />

na dialogici<strong>da</strong>de. Nesses dois primeiros anos<br />

na busca de uma construção pe<strong>da</strong>gógica libertadora,<br />

experimentamos, ousamos, criamos<br />

e recriamos tendo como companheiro de<br />

to<strong>da</strong>s as horas a brincadeira, o jogo e o Teatro.<br />

Dessa forma criamos nossos textos e<br />

subtextos.<br />

Textos e Subtextos<br />

Após dois anos de experiência com o brincar<br />

de fazer Teatro, na interação com as crianças,<br />

me senti prepara<strong>da</strong> para fazer uma proposta<br />

mais ousa<strong>da</strong>. Como eu também era professora<br />

de História aproveitei para trabalhar construções<br />

cênicas a partir de algumas temáticas dessa<br />

área. Com a proposta interdisciplinar<br />

pudemos contemplar to<strong>da</strong> a turma, inclusive as<br />

crianças mais tími<strong>da</strong>s se interessaram pela proposta.<br />

Foi extremamente motivadora a idéia de<br />

montarmos as cenas de nossas pesquisas his-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 99-115, jan./jun., 2006

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