Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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ção pessoal. Esta tensão exige a mobilização<br />
equilibra<strong>da</strong> <strong>da</strong> energia entre razão e emoção que,<br />
de acordo com os estudos teóricos e os depoimentos<br />
dos atores sociais, recebe grande contribuição<br />
<strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de para seu desempenho.<br />
Desse modo, ampliamos nossa percepção<br />
<strong>da</strong> importância de eluci<strong>da</strong>r a dimensão lúdica<br />
no trabalho docente a partir <strong>da</strong> integração dos<br />
princípios <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de com os princípios pe<strong>da</strong>gógicos,<br />
segundo a óptica “sócio-histórica <strong>da</strong><br />
construção do conhecimento” (GASPARIM,<br />
2003). Concor<strong>da</strong>mos com Santos (2001), to<strong>da</strong>via,<br />
quando afirma que o conhecimento desta<br />
importância não é suficiente para garantir, no<br />
processo de formação, o desenvolvimento <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong>de lúdica no trabalho pe<strong>da</strong>gógico. Neste<br />
sentido, as ativi<strong>da</strong>des lúdico-corporais, utiliza<strong>da</strong>s<br />
nesta pesquisa como dispositivos de<br />
observação e análise, se mostraram férteis na<br />
compreensão de que a formação pessoal docente<br />
supõe a vivência <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de para<br />
aumentar o contato do profissional consigo<br />
mesmo e com o seu objeto de trabalho (os<br />
educandos) e para reconhecer os limites do<br />
investimento afetivo-energético na sua práxis.<br />
Sobre este assunto discutiremos no próximo<br />
item.<br />
A VIVÊNCIA LÚDICO-CORPORAL<br />
NA FORMAÇÃO DOS PROFESSO-<br />
RES<br />
A última fase <strong>da</strong> pesquisa teve como objetivo<br />
aprofun<strong>da</strong>r a discussão <strong>da</strong> formação docente em<br />
sua vertente pessoal, analisando as ativi<strong>da</strong>des<br />
lúdico-corporais como ferramentas para esta<br />
formação, tendo como caminho a abor<strong>da</strong>gem<br />
reichiana. Assim, buscamos responder à terceira<br />
e última questão norteadora desta dissertação:<br />
como as ativi<strong>da</strong>des lúdico-corporais, vivencia<strong>da</strong>s<br />
na formação docente, podem<br />
contribuir para o engajamento afetivo e para<br />
o equilíbrio emocional dos professores.<br />
A formação pessoal docente, na perspectiva<br />
que está sendo aqui apresenta<strong>da</strong>, implica<br />
uma formação que “objetiva uma melhor disponibili<strong>da</strong>de<br />
corporal do professor a partir <strong>da</strong>s<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 79-98, jan./jun., 2006<br />
Sueli Barros <strong>da</strong> Ressurreição; Bernadete de Souza Porto<br />
vivências corporais que possibilitem a conscientização<br />
<strong>da</strong>s limitações e facili<strong>da</strong>de que ca<strong>da</strong><br />
um apresenta na relação com os pares, com os<br />
objetos e consigo mesmo.” (FALKENBACH,<br />
2004, p.66). A disponibili<strong>da</strong>de corporal implica<br />
maior domínio e consciência dos movimentos<br />
,sentimentos e pensamentos a partir de experiências<br />
que abram espaço para o profissional<br />
falar de si: afetos, crenças, aspirações expectativas<br />
e opiniões.<br />
Esta proposta de formação pessoal, formula<strong>da</strong><br />
por Negrine (1998, p. 27), é integra<strong>da</strong> a<br />
outras vertentes <strong>da</strong> formação inicial e continua<strong>da</strong>:<br />
teórica e pe<strong>da</strong>gógica. O autor esclarece<br />
que, quanto mais se toma consciência <strong>da</strong>s limitações,<br />
maiores as probabili<strong>da</strong>des de nos tornarmos<br />
mais tolerantes com os outros, criando<br />
uma atitude de escuta de si e do outro, conforme<br />
discutido neste estudo, e aqui retomamos<br />
com suas palavras: “<strong>da</strong>r tempo ao outro,<br />
não esperar que siga a mesma linha de quem o<br />
interpela ou age com ela, aceitar que as pessoas<br />
possam agir de forma diferencia<strong>da</strong> na solução<br />
de problemas”. Acrescenta que a formação<br />
pessoal busca também descobrir potenciali<strong>da</strong>des<br />
que estejam adormeci<strong>da</strong>s e que contribuam<br />
para redimensionar a auto-imagem e a<br />
auto-estima dos professores. Para isto, propõe<br />
experiências lúdicas, de sensibilização corporal<br />
em relação aos objetos, consigo mesmo e com<br />
seus iguais.<br />
Indica que a âncora pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> formação<br />
pessoal do professor é o jogo, entendido<br />
como ativi<strong>da</strong>de lúdico-corporal e cujo instrumento<br />
teórico-prático é o corpo. Para o autor, o<br />
adulto, quando brinca, revela o que é, libera o<br />
corpo e, conseqüentemente, ativa o pensamento<br />
e a memória. E argumenta :<br />
To<strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica que oportuniza o adulto<br />
brincar abre canais para que o indivíduo vivencie<br />
sensações de prazer que, de certo modo,<br />
desbloqueiam resistências. Neste sentido, suas<br />
expressões são produto do inconsciente que, de<br />
alguma maneira, refletem seu estado interior.<br />
(NEGRINE, p. 1998, p.27).<br />
Na mesma direção, Falcão (2002) lembra<br />
que a ludici<strong>da</strong>de, como estado de potência do<br />
ser humano, não se situa num setor determina-<br />
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