11.04.2013 Views

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

posição e obrigatorie<strong>da</strong>de do jogo torna-se contraditório<br />

com o sentido de ludici<strong>da</strong>de que se<br />

está trabalhando nessa pesquisa.<br />

• A flexibili<strong>da</strong>de - é a capaci<strong>da</strong>de de o<br />

ser humano reestruturar a ativi<strong>da</strong>de que estiver<br />

desenvolvendo, ou seja, as regras podem ser<br />

modifica<strong>da</strong>s mediante o acordo prévio com o<br />

grupo participante <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de lúdica.<br />

• A relevância do processo de brincar<br />

- não há uma preocupação com o produto, resultados<br />

ou objetivos previamente estabelecidos.<br />

O objetivo <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de se encerra nela<br />

mesma, importando apenas o momento presente<br />

de plenitude. Não se brinca buscando a produtivi<strong>da</strong>de,<br />

pois a única função <strong>da</strong> brincadeira é a<br />

vivência do próprio processo lúdico.<br />

• A incerteza dos resultados - referese<br />

à impossibili<strong>da</strong>de do sujeito saber, antecipa<strong>da</strong>mente,<br />

o término <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e o que será<br />

produzido por meio desta, pois o que importa é<br />

a ação do presente; o seu final deve ser sempre<br />

imprevisível, com a possibili<strong>da</strong>de de (re)<br />

construção pelo próprio sujeito <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de.<br />

• Controle interno - A ação de brincar é<br />

guia<strong>da</strong> pelo envolvimento na ativi<strong>da</strong>de, portanto,<br />

quem controla a ação são sujeitos que participam<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e não o educador que estiver<br />

trabalhando com a turma.<br />

• Intencionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele que brinca<br />

- todos os envolvidos devem estar com a intenção<br />

de brincar naquele momento; a ativi<strong>da</strong>de<br />

lúdica não deve ser imposta, e sim trabalha<strong>da</strong><br />

em forma de acordos coletivos. Esta é a característica<br />

principal que distingue se o brincar é<br />

lúdico ou não.<br />

Tais características <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de lúdica devem<br />

ser observa<strong>da</strong>s de forma bastante cui<strong>da</strong>dosa<br />

no âmbito <strong>da</strong> alfabetização de jovens e<br />

adultos, no sentido de considerar as individuali<strong>da</strong>des<br />

presentes na turma, a intencionali<strong>da</strong>de e<br />

a liber<strong>da</strong>de de escolha <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de, já que, de<br />

modo geral, os adultos não estão habituados a<br />

participar de vivências que envolvem o corpo,<br />

a imaginação e a criativi<strong>da</strong>de. Por esta razão,<br />

ao se propor a vivência em uma ativi<strong>da</strong>de lúdica,<br />

deve-se começar com ativi<strong>da</strong>des mais leves<br />

que não exijam muito esforço e movimento;<br />

os trabalhos com música, poesias, ou jogo com<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 133-146, jan./jun., 2006<br />

Cilene Nascimento Can<strong>da</strong><br />

palavras e poemas, por exemplo, apresentam<br />

bastantes resultados e possibilitam a abertura<br />

para a proposição de ativi<strong>da</strong>des com graus ca<strong>da</strong><br />

vez mais complexos e interativos. Assim, o processo<br />

de inserção <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de lúdica na sala<br />

de aula deve ocorrer de forma gradual e progressiva<br />

porque, em geral, os estu<strong>da</strong>ntes não<br />

estão acostumados a participar deste tipo de<br />

ativi<strong>da</strong>de e isto pode contribuir para uma grande<br />

resistência dos educandos em relação à ludici<strong>da</strong>de.<br />

Além disso, o envolvimento prazeroso vivenciado<br />

por esses aprendizes está muito voltado<br />

para um prazer externalizado, como, por exemplo,<br />

a recepção passiva dos programas humorísticos<br />

veiculados pela televisão. É nesse<br />

sentido que se torna necessário distinguir os<br />

termos como entretenimento, diversão e recreação<br />

<strong>da</strong> questão <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de. A recreação, a<br />

diversão e o entretenimento, que também têm<br />

uma importância na socie<strong>da</strong>de, apresentam-se<br />

como estruturas externas do sujeito, ou seja, é<br />

algo que é lançado de fora para dentro, já que o<br />

sujeito se apresenta de forma passiva e receptiva.<br />

Não há liber<strong>da</strong>de de escolha e a flexibili<strong>da</strong>de<br />

na ludici<strong>da</strong>de e sim uma alegria externa,<br />

previsível e programa<strong>da</strong>. Já a ludici<strong>da</strong>de se relaciona<br />

ao campo do fazer, sentir e pensar humano<br />

de uma forma mais ampla e conjunta. Ela<br />

não está vincula<strong>da</strong> somente à presença em jogos<br />

e brincadeiras, mas também à “atitude do<br />

sujeito envolvido na ação, que se refere a um<br />

prazer de celebração em função do envolvimento<br />

genuíno com a ativi<strong>da</strong>de, a sensação de plenitude<br />

que acompanha as coisas significativas<br />

e ver<strong>da</strong>deiras” (RAMOS, 2000, p.52).<br />

Isto só é possível quando os sujeitos encontram-se<br />

plenos na ativi<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong>, com<br />

envolvimento e presença integral, para absorver<br />

o seu real valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de que se destina<br />

realizar, de forma que “este envolvimento faz<br />

com que a ludici<strong>da</strong>de permeie qualquer ativi<strong>da</strong>de<br />

humana, quer sejam jogos, brincadeiras, ou<br />

o ‘fazer cotidiano’ que não se constituem como<br />

brincares e, até mesmo, o campo do trabalho”.<br />

(RAMOS, 2000, p.52).<br />

Assim, constitui-se como objetivo <strong>da</strong> escola<br />

proporcionar o espaço para que os sujeitos pos-<br />

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!