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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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pletamente dissocia<strong>da</strong> do mundo e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>; a<br />

deman<strong>da</strong> educacional não sai qualifica<strong>da</strong> dos<br />

bancos escolares. E denuncia: a presença de<br />

uma política educacional fragmenta<strong>da</strong>, desarticula<strong>da</strong>,<br />

descontínua e compartimenta<strong>da</strong> colabora<br />

para o prevalecimento <strong>da</strong>s atuais taxas de<br />

analfabetismo, evasão, repetência, baixa quali<strong>da</strong>de<br />

do ensino e tantas outras mazelas <strong>da</strong> educação<br />

brasileira. Considera que o aspecto mais<br />

grave de tudo isso está no fato de que a maioria<br />

dos projetos desconsidera o aprendiz como principal<br />

centro de referência de to<strong>da</strong> ação educacional.<br />

Desconhece as reais condições sociais<br />

e de pensamento do educando, a natureza de<br />

seus processos cognitivos e emocionais, seu<br />

processo de funcionamento, aspectos fun<strong>da</strong>mentais<br />

para que a aprendizagem ocorra.<br />

Os educandos eram rotulados de agressivo,<br />

brigão, problemático, deficiente cognitivo, possuidor<br />

de dificul<strong>da</strong>de de aprendizagem, etc. Os<br />

pais eram considerados os culpados pelos comportamentos<br />

considerados inadequados pelos<br />

professores e, diziam que: “na<strong>da</strong> podiam fazer,<br />

porque o que podiam, já realizavam na<br />

sala de aula, não eram milagrosos e que a<br />

família deixava a cargo <strong>da</strong> escola a educação<br />

de seus filhos, quando na reali<strong>da</strong>de era<br />

função deles educarem seus filhos”.<br />

Dividido no conhecimento, dissociado em<br />

suas emoções e em seus afetos, com a mente<br />

tecnicista e o coração vazio, sem um trabalho<br />

bem remunerado e satisfatório, compartimentalizado<br />

no viver e profun<strong>da</strong>mente infeliz, o professor<br />

também está em crise e precisando de<br />

aju<strong>da</strong>.<br />

Então, quais as possibili<strong>da</strong>des de uma educação<br />

emocional na escola mediado pela ludici<strong>da</strong>de?<br />

Como falar em valores humanos que<br />

passam pela emoção, afetivi<strong>da</strong>de, sensibili<strong>da</strong>de,<br />

sentimentos, se na escola, a cosmovisão<br />

continua sendo Newtoniano-cartesiano e onde<br />

o estu<strong>da</strong>nte é visto apenas como um ser fragmentado,<br />

reduzido, racional, um intelecto separado<br />

de si mesmo, vestido de uniforme escolar,<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 27-41, jan./jun., 2006<br />

Maria José Etelvina dos Santos<br />

que pensa aquilo que os outros querem que ele<br />

pense? Onde sua vi<strong>da</strong>, seu sorriso, suas lágrimas<br />

e dores não encontram ressonância?<br />

Penso que o professor precisa se apropriar<br />

de um saber que lhe foi negado, para que compreen<strong>da</strong><br />

que tudo está interligado, que o comportamento<br />

de seu educando não é apenas um<br />

comportamento, é a manifestação de vários<br />

fatores que correspondem à condição sócioeconômica<br />

e psico-afetiva em que seus pais<br />

estão inseridos. Precisa compreender o contexto<br />

<strong>da</strong> escola, dos pais e de sua própria escolha<br />

profissional, precisa compreender seus motivos<br />

e suas emoções também, precisa se encontrar,<br />

se autoconhecer, se descobrir como ser humano<br />

e como mediador do outro. Para se chegar a<br />

estas compreensões, são necessárias políticas<br />

públicas que proporcionem constante capacitação<br />

ao professor e valorização profissional, assistência<br />

a sua ação pe<strong>da</strong>gógica através de um<br />

projeto pe<strong>da</strong>gógico que integre os vários saberes<br />

e inclua a ludici<strong>da</strong>de como metodologia de<br />

ensino, sabendo que, para tanto, é necessário<br />

auxiliar o professor no seu fazer pe<strong>da</strong>gógico,<br />

porque não se pode cobrar o que não foi oferecido<br />

aos professores.<br />

Então, uma educação integral, lúdica, que contemple<br />

o ser humano total para um mundo global,<br />

deve ser como falou Jacques Delors (2001, p.49)<br />

em relatório para Unesco: “A educação tem, pois,<br />

uma especial responsabili<strong>da</strong>de na edificação de<br />

um mundo mais solidário, e a Comissão pensa que<br />

as políticas de educação devem deixar transparecer,<br />

de modo bem claro, essa responsabili<strong>da</strong>de. É<br />

de algum modo, um novo humanismo que a educação<br />

deve aju<strong>da</strong>r a nascer”.<br />

Isso requer novos métodos de ensino, novos<br />

currículos, uma nova cosmovisão para a era<br />

relacional, novos valores, e novas práticas educacionais,<br />

que contemplem as emoções, a razão,<br />

o corpo, a subjetivi<strong>da</strong>de dos educandos.<br />

Com certeza, uma prática absolutamente diferente<br />

<strong>da</strong> que estamos acostumados a encontrar<br />

em nossas escolas.<br />

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