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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Arte: estampas híbri<strong>da</strong>s de arco-íris em flor – sinergia, religação e ecofraternização<br />

Nessa perspectiva, a Arte se re-vela como<br />

emanação de formas encanta<strong>da</strong>s de celebração<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, de sua renovação permanente, no<br />

fluxo dos movimentos cíclicos de suas estações.<br />

Com seu tom iniciático, a Arte, mediante os mais<br />

diversos ritos de iniciação (manifestações e<br />

celebrações coletivas), nos inicia nas aprendências<br />

pregnantes de nosso ser-sendo, nos horizontes<br />

do anímico. Assim, co-movidos pelo seu<br />

elã vital, podemos, nas proezas de ca<strong>da</strong> aventura,<br />

renascer para a “eterna novi<strong>da</strong>de do mundo”<br />

nas franjas dos arrebóis de ca<strong>da</strong> alvorecer;<br />

podemos renascer redivivos, alvorecentes!<br />

Como expressão vívi<strong>da</strong> e pregnante de celebração<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, as linguagens de Arte proporcionam<br />

encontros mestiços, encruzilha<strong>da</strong>s híbri<strong>da</strong>s,<br />

em que a diversi<strong>da</strong>de de valores e de cosmovisões,<br />

de crenças e de sentires podem se interpenetrar<br />

com in-tensi<strong>da</strong>de, na composição <strong>da</strong><br />

estampa mestiça que pode fazer flamejar a “compaixão<br />

do coração” e o “humanismo do espírito”.<br />

Despojados e simpatizados nessa teia do ser-sendo-com-os-outros,<br />

do estar a-con-te/cendo, na<br />

fruição do estado poético que nos anima e nos comove,<br />

que nos implica e nos co-implica, podemos<br />

fruir a jorrância dos sentimentos mais preciosos e<br />

altaneiros <strong>da</strong> amorosi<strong>da</strong>de ecofraternizante.<br />

Sabemos que, nas populações que constituem<br />

as diversas tradições culturais, também estão<br />

presentes as posturas etnocêntricas que<br />

tendem a segregar e excluir. Porém, também<br />

sabemos/sentimos que, em muitas <strong>da</strong>s experiências<br />

pregnantes plasma<strong>da</strong>s mundo afora, essa<br />

potenciali<strong>da</strong>de agregadora e entrelaçante <strong>da</strong><br />

Arte tem se afirmado e se expandido.<br />

A abertura e a plastici<strong>da</strong>de do estésico, do<br />

vigor de nosso ser sensível, fomentam e mobilizam<br />

a imaginação criante nos processos de criação<br />

de imagens poéticas que co-movem o<br />

corpo e o espírito, a alma e o coração humanos,<br />

na manifestação de nossos sentimentos mais<br />

intensos e finos. A vibração dos acordes desses<br />

sentimentos ecoa ressonâncias que nos envolve<br />

com intensi<strong>da</strong>de e que fazem irradiar, para<br />

nós e para os outros, a empatia entrelaçante,<br />

através dos fios invisíveis <strong>da</strong>s sinergias que nos<br />

co-implicam, que nos conduzem ao espírito de<br />

compartilhamento e de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, de afir-<br />

160<br />

mação e de reencantação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, do mundo.<br />

Essas ressonâncias, provoca<strong>da</strong>s pela vivência<br />

oceânica com a fruição <strong>da</strong> Arte, suscitam<br />

nossa sensibili<strong>da</strong>de e consciência compreensiva<br />

para a escuta e a percepção de nossa condição<br />

de seres coexistentes, complementares e interdependentes,<br />

na teia viva, in-tensiva e vibrante<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> cultura, do universo/pluriverso. Dessa<br />

forma, as expressões <strong>da</strong> Arte fomentam o<br />

sentimento anímico de nosso co-pertencimento<br />

na teia planetária e viva do ecossistema.<br />

De modo geral, com as devi<strong>da</strong>s exceções, as<br />

instituições religiosas, os partidos políticos, as diversas<br />

instituições sociais etc. tendem a segregar<br />

e excluir, desencadeando posturas intolerantes,<br />

etnocêntricas e reducionistas, cimenta<strong>da</strong>s em<br />

ideologias que se pretendem portadoras de ver<strong>da</strong>des<br />

únicas e imutáveis. Dessa forma, os espíritos<br />

e os corações se armam e se enrijecem na<br />

instauração de relações e de posturas frias e ressenti<strong>da</strong>s,<br />

competitivas e barbarizantes.<br />

Os lampejos <strong>da</strong> expressão do “sentimento<br />

do mundo” proporcionados pela Arte podem nos<br />

dis-por para o estar-sendo-com-os-outros, na<br />

nervura in-tensiva do mundo vivido, para os laços<br />

que nos interligam e nos ecofraternizam.<br />

Lampejos que, assim, nos abrem e nos impelem<br />

para a vivência <strong>da</strong> poética do existir, <strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>nça co-movente do cosmos com seus ritmos<br />

e contornos mestiços e transversais.<br />

Em todo o mundo, ca<strong>da</strong> vez se expande um<br />

pouco mais a emergência de grupos, ONGS,<br />

movimentos diversos que, através <strong>da</strong>s múltiplas<br />

linguagens de Arte, plasmam e envi<strong>da</strong>m projetos,<br />

vivências e celebrações que, com a intensi<strong>da</strong>de<br />

do pathos criador, do elã <strong>da</strong> poetici<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Arte, vão afirmando a vi<strong>da</strong>, os valores humanos,<br />

infundindo o estado anímico e ecofraternizante<br />

nos compassos fecundos de reencantamento do<br />

mundo. Nesse sentido, concebemos Arte, não<br />

como um mero instrumento ou recurso pe<strong>da</strong>gógico,<br />

mas como uma forma de conhecimento<br />

ontologicamente constituí<strong>da</strong> que, com suas características<br />

e sentidos peculiares, pode proporcionar<br />

o sorver degustante desses processos de<br />

re-encantamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, do mundo.<br />

Na proporção em que toca fundo em nossa<br />

sensibili<strong>da</strong>de, em nossa intuição e em nossos<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 157-162, jan./jun., 2006

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