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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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nhecer as condições materiais de produção do<br />

grafismo infantil e entender o psiquismo <strong>da</strong> reação<br />

estética (fruição e apreciação dos resultados<br />

perceptíveis <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de criadora <strong>da</strong> criança).<br />

Muitos pe<strong>da</strong>gogos, psicólogos, professores<br />

e arte-educadores buscaram conhecer melhor<br />

e entender mais, sob variados enfoques, a estética<br />

do grafismo infantil. Entre eles podemos<br />

relacionar, por exemplo, Ana Angélica Albano<br />

Moreira, Analice Dutra Pillar, Arno Stern, Celestin<br />

Freinet, Esteban Levin, Florence de Méredieu,<br />

Georg Kerschensteiner, Jean Piaget, K.<br />

Bühler, Herbert Read, Liliane Lurçat, Luquet,<br />

Luria, Rolando Valdés Marin, Rho<strong>da</strong> Kellogg,<br />

Rudolf Arnheim, Schaefer-Simmern, Sueli Ferreira,<br />

Victor Lowenfeld, W. Lambert Brittain e<br />

Lev Vygotsky.<br />

Esses estudiosos do grafismo infantil, sem<br />

exceção, reconhecem haver determina<strong>da</strong>s fases,<br />

etapas ou períodos que são comuns aos<br />

sujeitos em processo de apropriação do desenho<br />

enquanto sistema de representação. E, de<br />

fato, desde o rabisco sem intencionali<strong>da</strong>de de<br />

representação até a representação gráfico-plástica<br />

propriamente dita de objetos, qualquer um<br />

pode, claramente, identificar aspectos visuais<br />

invariantes no processo de apropriação do desenho<br />

como sistema semiótico de representação<br />

por parte do sujeito.<br />

Evidentemente a criança precisa, para aprender<br />

a desenhar, encontrar-se imersa em um ambiente<br />

no qual o lápis e o papel, por exemplo,<br />

sejam parte do “kit de ferramentas” culturalmente<br />

disponibilizado a ela e em efetivo uso por parte<br />

dos membros mais experientes do seu meio<br />

social. Esses objetos (lápis e papel) e seus significados<br />

culturais convi<strong>da</strong>m explicitamente o sujeito<br />

a usá-los de um modo muito preciso. Os<br />

seus significados culturais só podem ser efetivamente<br />

apropriados pelo sujeito através <strong>da</strong> sua<br />

participação guia<strong>da</strong> em determinado meio social.<br />

A participação guia<strong>da</strong> se dá basicamente<br />

de duas formas: (1) a partir <strong>da</strong> observação periférica<br />

dos modos de agir com esses objetos<br />

por parte dos membros mais experientes do meio<br />

cultural do sujeito e (2) mediante instruções explícitas<br />

ao sujeito de como ele deve fazer uso<br />

desses objetos (ROGOFF et al., 1993).<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 117-132, jan./jun., 2006<br />

Ricardo Ottoni Vaz Japiassu<br />

Adiante serão expostos alguns aspectos visuais<br />

invariantes que caracterizam etapas<br />

percorri<strong>da</strong>s por sujeitos aconchegados nas culturas<br />

letra<strong>da</strong>s ocidentais – e em processo de<br />

participação guia<strong>da</strong> nessas socie<strong>da</strong>des – ao<br />

longo <strong>da</strong> sua “toma<strong>da</strong> de posse” do desenho<br />

enquanto complexo sistema de representação<br />

semiótica.<br />

Não se tem notícia – ao menos até aqui –<br />

de nenhuma tentativa de unificar, nos estudos<br />

nacionais relativos à estética do grafismo infantil,<br />

por exemplo, os diferentes termos utilizados<br />

para caracterizar o desenvolvimento <strong>da</strong><br />

expressão gráfico-plástica <strong>da</strong> criança. Geralmente,<br />

as publicações nacionais que tratam do<br />

grafismo infantil costumam tomar empresta<strong>da</strong><br />

a nomenclatura formula<strong>da</strong> por um determinado<br />

autor – em razão de ele ser o esteio teórico<br />

utilizado para penetrar o vasto continente epistemológico<br />

dos saberes sobre a expressão psicográfica<br />

<strong>da</strong> criança (p. ex: PILLAR, 1996a,<br />

1996b; MOREIRA, 1995). Quando não é assim,<br />

apresentam-se exposições de diferentes<br />

concepções do desenvolvimento gráfico-plástico<br />

infantil acompanha<strong>da</strong>s de suas terminologias<br />

específicas para referir as sucessivas fases<br />

<strong>da</strong> figuração no desenho <strong>da</strong> criança (p. ex: FER-<br />

REIRA, 1998).<br />

A nomenclatura que proponho neste artigo<br />

serve ao propósito de sintetizar – sem reducionismos<br />

– a complexi<strong>da</strong>de dos pontos de vista<br />

enre<strong>da</strong>dos nas diferentes abor<strong>da</strong>gens à estética<br />

do grafismo infantil. Não se trata de ecletismo,<br />

mas de simplificação. Busco concretizar<br />

aqui a necessária transposição didática do conhecimento<br />

já historicamente acumulado na área<br />

– que, a bem <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, e é bom que se diga:<br />

encontra-se “vivo”, em processo contínuo de<br />

(co)laboração. Evidentemente – é claro – a<br />

escolha de uma nomenclatura revela muito do<br />

lugar de onde nos propomos olhar para determinado<br />

objeto de estudo.<br />

Meu pensamento é o de que nenhuma <strong>da</strong>s<br />

terminologias disponíveis no momento me parecem<br />

suficientemente claras para situar o(a)<br />

leitor(a) no âmbito dos saberes já historicamente<br />

constituídos sobre o grafismo e, ao mesmo<br />

tempo, fornecer-lhe acesso à perspectiva<br />

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